A última lição de afogamento: critérios e consequências

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Notas: bem, o título do cap fala por si. Peguem um copo de água e só por precaução um colete à prova de balas.





Depois de quase ter uma síncope naquele corredor, Gerard me mandou um sms avisando que a Morrison não havia "avançado nele":

G.W[11:23p.m]:Ela tentou. Mas eu só queria o chá mesmo.

Eu[11:23p.m]: Hm. Não me importo. Vocês deveriam casar e ter filhos. Eu seria o padrinho do casamento e Jamia pegaria o buquê. Todos viveriam felizes para sempre.

Ele demorou alguns instantes para responder.

G.W[11:31p.m]: A ideia não parece ruim se você for a noiva. Enfim. Vamos dar uma volta amanhã a noite?

Eu[11:31p.m]:Volta? Por onde?

A ideia de sair com ele me fazia dar dois passos para trás. Afinal, todas as vezes que saíamos eu terminava de alguma maneira me afogando. E algo me dizia que se eu concordasse em ir com ele para o tal passeio, as coisas não seriam diferentes.

G.W[11:32 p.m]:Por Jersey. Quero ficar um pouco à sós com você. Espero por você na rua 11. Boa noite.

Eu não respondi. Sabia que ele era irredutível e não responderia nada se eu mandasse algo de volta.

No final da tarde do dia seguinte, eu saía do GP fumando um cigarro horrível que Alex havia comprado de propósito para mim. Ele dizia que era para eu parar de fumar, mas sério, não dava.

Não com aquele nervosismo me roendo por dentro.

Ainda não havia escurecido, e a única presença humana além de mim, era a de um casal do outro lado da rua, abraçados e que sorriam constantemente. Não pude deixar de lamuriar aquela cena que para muitos era bonitinha, mas para mim era torturante e melosa.

Parei de repente de andar. Dei uma tragada profunda no cigarro e assimilei o que eu estava fazendo. Bem, eu estava indo em direção à Rua 11, com uma jaqueta jeans um tanto maior para o meu manequim, um cigarro ruim e um frio na barriga. Mas ao mesmo tempo, eu estava ali, disposto a viver qualquer experiência louca perto de Gerard apenas para alimentar a minha compulsão por adrenalina com certo teor de erotismo.

É, eu estava viciado nele. De uma maneira estranha, é claro.

Não era como se eu estivesse com aquela baboseira de paixão, certo? Certo.

Voltei a caminhar tentando manter a minha resiliência e minha calma. Mas quando vi seu carro no final da rua, eu estranhamente comecei a tremer. Como quando você está com muito frio depois de um banho às seis da manhã.

Ele piscou os faróis avisando que tinha me visto e num impulso quase corri em direção ao seu carro.

Ridículo, não é? Pois sim.

Abri a porta do carona e ao contrário do que eu esperava, ele não sorriu sarcástico ou de qualquer outra maneira. Apenas me olhou, assentiu e deu partida, me deixando intrigado. Joguei o cigarro pela janela e pigarreei:

-Hm... Aconteceu alguma coisa? -Perguntei como quem não queria nada.

Ele encolheu os ombros numa nítida tensão. Mas suavizou em seguida.

-Angelina me ligou implorando por um advogado. Eu me recusei.-Ele falou friamente.

Observei suas mãos apertarem o volante. Era como se ele estivesse angustiado. E era difícil se convencer que ele era capaz de sentir algo como angustia ou não sei, medo...

-Por que você se recusou? Pelo que eu já vi vocês são como mãe e filho...-Fiquei um pouco de lado no banco para olhá-lo.

-Éramos. -Corrigiu.-Antes de ela fazer essa merda com o próprio marido.

Drowning Lessons (Em Revisão) || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora