Angelina carmesim e seus tons de veneno

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Um botão;

Dois botões.

E assim a ordem seguia, conforme eu observava Jamia abotoar minha camisa social. Eu encarava o traço habilidoso na pálpebra que ela tinha feito naquele dia, delicado, perfeito e notável.

O batom vermelho também lhe caía bem nos dias de inverno, mas naquele dia, e naquele verão, uma tempestade inesperada se formava no céu. Nuvens pesadas e carrancudas se aproximavam depois de todo o vapor quente e do sol impiedoso.

Eu não conseguia imaginar nada além de um sorriso satisfeito no rosto de Gerard, ao que as primeiras gotículas pesadas de chuva, começaram a se chocar contra a minha janela lavando a poeira e embaçando os prédios vizinhos.

No dia do lançamento de seu livro, acontecia a coisa que ele mais parecia apreciar: a chuva.

Confesso que os últimos dois minutos que passei no térreo naquele dia, foram de profundo pânico. Me senti confrontado em relação a minha investigação e aquela frase rebobinava na minha mente toda vez que eu ousava me distrair.

E ah, você pode enganar a eles Frank, mas a mim, você não engana.

Eu primeiramente pensei, em meio ao pavor: como ele sabe que meu nome é Frank? Por que tanto sarcasmo e ameaça em sua voz?

Depois, mais calmo, dei-me conta de que mesmo sendo investigador, eu indiretamente havia me tornado uma pessoa pública. Meu nome sempre aparecia na televisão quando os repórteres como ratos invadiam as cenas dos crime ou em artigos. Mas até então ninguém supostamente me reconhecera, pois não estavam preocupados em ler a folha policial, até mesmo Jack Warren...

Então me surgiu uma duvida: Gerard se interessa por programas policiais?
Ele passava quase o dia todo no seu apartamento; não trabalhava fora; nem mesmo saía para fazer compras. O que ele tanto fazia ali dentro?!

Mas, será que Gerard não estava me manipulando?

Eu tinha que ser profissional, convenhamos... Eu estava convicto de que, eu era a única pessoa pelo qual ele não manuseava com as mãos, mas ali estava eu, obcecado em saber de sua vida, cada passo que ele dava. O ar que ele respirava. O seu dia a dia...

Ele me acorrentara no seu mistério. Grilhões vermelhos circundando toda minha essência.

Enquanto eu deveria observar todos, Gerard parecia tomar toda a minha atenção; provocando meu comichão com o desconhecido; mexendo com o fato de eu viver para desvendar e satisfazer minha sede por soluções.

Gostaria de tirá-lo da minha mente. Apenas por alguns segundos. Gostaria de achar algo que pudesse calar o fascínio inerente que ele provocava.

Jamia agia como se estar no Green Palace, fosse estar num resort. Tomava banho de sol no jardim transcrito com Genna, comia frutas silvestres e bebia espumante como se fosse um deles; como se sua conta bancária fosse semelhante a deles...

Dizem que o Green Palace tem uma maldição. Quem entra lá, nunca mais sai, a não ser morto.

"As paredes vermelhas, os carpetes, tudo gruda em você, como um vício sem cura. O luxo, o comodismo... Tudo é por causa da mansão maldita... O palácio verde é obscuro, cheio de almas acorrentadas..."

Drowning Lessons (Em Revisão) || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora