Green Palace

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Eu havia acordado bem cedo naquela manhã de quarta feira. Combinei com Jamia que a buscaria em seu loft, e depois iríamos escolher um apartamento no edifício Green Palace.

Havia passado quase um mês e meio desde o último assassinato. Embora a morte da cantora tenha chamado muita atenção da mídia no furor do momento, quase não se falava mais sobre o caso. A atenção fora redirecionada.

Quando os três dias de luto passam, ninguém mais derrama lágrimas por um cadáver.

E não foi diferente comigo. Não foi diferente com ela.

Mas ela, havia sido um capítulo que passou. Um capítulo que eu guardava dentro de mim.
[Rev 2023: um cap q passou tanto q te tornou um babaca. Enfim. A inconsistência de se escrever quando tem 14 anos]

Estacionei e enviei uma mensagem para Jamia. Seu prédio era azul e branco, estilo Art Deco. Não era tão luxuoso quanto o que iríamos viver; um dos motivos da empolgação dela ao bater a porta do carro.

— Pronto para exercer seu papel de Thomas? — Jamia falou, passando um batom vermelho, sem sequer olhar para um espelho.

Estranhamente habilidosa.

— É. Digamos que sim. — Dei partida no carro.

Estacionei o carro na esquina e dei a Jamia a aliança dourada que Watson havia me dado. Antes de sair, eu havia avaliado a jóia e lá tinha escrito "Thomas" e na outra "Jamia". Eu juro que eu sorri. Dei uma gargalhada tão tremenda, que superou o barulho do pêndulo do meu velho relógio. Era realmente irônico. Melhor: uma piada de mau gosto.

Primeiro pela razão de que eu nunca me imaginei "casado", segundamente pela razão de que era com Jamia. A doce e curiosa Jamia com um cara defeituoso e quebrado.

Havíamos feito contato com a proprietária do edifício uma semana antes e ela prontamente aceitou nos receber para verificarmos os apartamentos.

Ao chegarmos à frente, não pude deixar de olhar para a última janela do terceiro andar, em busca daquele ser curioso e assustador, com o receio mórbido subindo pela minha garganta como um prurido obstinado a me perturbar.

Mas como em algumas vezes passadas, não havia nada. Apenas as únicas janelas negras e sua ausência etérea flutuando naquele vazio.

Era curioso como o apartamento de Gerard era o único com cortinas pretas, enquanto as outras se misturavam dentre o bege e o branco. Soava quase como rebeldia. As cortinas dele combinavam mais com aquele prédio.

Jamia estava completamente diferente. Usava um vestido preto, com uma bolsa Chanel e sapatos de salto. Clareou os cabelos, que brilhavam achocolatados e ondulados. Estava... Aceitável para aquele mundo.

Eu havia feito algumas tatuagens, não só pelo personagem, mas por querer dar novos ares ao que eu era. Mas claro que não eram visíveis, afinal, quando estamos fardados em condecorações, ou até mesmo em campo, as tatuagens não podem ficar expostas.

Thomas teria um cordão, pelo qual ele sempre usava. Era uma espécie de medalhão, onde dentro havia uma foto sua e de sua esposa. Mas claro, que este medalhão era uma escuta.
[Rev2023: eu queria tirar essa parte. Mds. Kkkkkk]

Tanto vigiávamos, quanto estávamos sendo vigiados por nossa base formada no outro lado da rua, afinal, estávamos lidando com um possível assassino, ou assassina.

Havia uma senhorinha, na entrada do Green Palace. Estava num vestido de manga longa verde, de corte reto. Seus olhos eram igualmente verdes, mas diferente dos meus, não eram amendoados. Eles eram vivos e notáveis à longa distância. Ela parecia uma boneca de luxo. Unhas em estileto, pintadas de vermelho, cabelos loiros platinados, quase brancos; firmes como nuvens e um semblante acolhedor.
[Rev2023: aqui, colegas, temos um exemplo do que não fazer com uma narração em primeira pessoa. Eu odeio qdo leio algo nesse tipo de narração e o personagem menciona as própriaa características. ]

Drowning Lessons (Em Revisão) || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora