Beijinho ácido [ Frank Iero]

109 21 40
                                    

Não posso negar: aquele homem parado no outro lado da rua, me fez ter um pensamento instintivo absoluto de ir até lá  bater de frente com ele.

Mas eu estava pelado.

E eu estava me reeducando no sentido de conter meus impulsos e respirar antes de falar. Não era nada fácil ser alguém calmo e centrado, mas não gosto quando ficam vigiando ou à mim ou a minha casa.

Se alguém estiver fazendo isso com você, no mínimo tem que fazer alguma coisa.

E “a coisa” que eu pude fazer foi chamar Gerard e acordá-lo.

-O que está fazendo? – Ele perguntou, enquanto eu puxava seu braço para que ele saísse daquela cama.

-Levanta! Nossa como você está pesado, anda! – Falei. Ele se sentou, tentando conter a tontura que lhe veio à cabeça pelo movimento brusco que fiz para ele levantar.

Ouvi dizer em algum lugar que isso pode causar um AVC.

-Você não pode me acordar desse jeito, Frank. Eu estou velho... Não se assusta velhinhos... – Reclamou rouco e esfregando os olhos.

-Eu não estou nem aí se você é um velho. Quero que olhe a janela. Tem um cara vigiando a nossa casa, eu vi! – Puxei seu braço de novo e ele se levantou. Bem, pelo menos eu havia o deixado intrigado.

Gerard caminhou até a janela. Seria uma cena engraçada se houvessem terceiros naquele quarto, já que nós dois estávamos nus.

Ele analisou a rua.

-Frank. – Me chamou com um gesto de mãos. Eu fui, ciente e confiante. – Não tem ninguém aqui... – Olhou mais um pouco para a janela, até que fiquei ao seu lado e ele me encarou.

-...Mas... – Sibilei. – Eu vi, Gerard. – O encarei nos olhos, gesticulando nervosamente. – Ele estava com capuz... Eu não pude ver mais pois estava contra luz...

-Há quanto tempo está acordado? – Me interrompeu.

-Sei lá.

-Tenho que perguntar ao Dr. Nakayama se seus analgésicos são tão fortes à  ponto de causar alucinações... – Murmurou para si mesmo.

-Está dizendo que estou enlouquecendo por causa de... Analgésicos?! – O questionei, já sentindo o meu sangue ferver.

- Não. – Desconversou.

-Sim você estava. Isso é ridículo. Eu não estou enlouquecendo! – Falei enquanto ele me arrastava para cama novamente.

-Meu amor, acho que você precisa dormir. – A palma de sua mão tocou minha bochecha. Depois, desceu-a para um de meus ombros. – Olhe só... Você está tenso... Precisa relaxar...

-Estou calmo. – Falei tentando controlar meu tom esganiçado.

-Venha, vou fazer você relaxar... – Sorriu de um jeito esquisito e lascivo.

-Ah é? E como vai fazer isso? – Perguntei instigante.

-É só você se inclinar, eu lhe mostrarei.

-Céus, você fala como um padre.

***

Na sala de reuniões, estavam eu, Gerard, Adriano e Gabriele. Este último estava com uma cara terrível e cansada e estava se entupindo de café misturado com o que eu julguei ser canela.

-Você pode colocar seu casaco ali... – O inspetor apontou para o cabideiro gasto no canto da sala, ao lado de um armário de alumínio ou aço inox, ou sei lá.

E claro que era um péssimo dia para ele me dizer isso. Adriano me olhou com aqueles olhos esquisitos que tinha, enquanto Gerard sorriu sem mostrar os dentes, espremendo as bochechas e enaltecendo as maçãs do seu rosto.

Babaca

Frank. – Ele completou, sabendo que iria fazer meu sangue ferver. – Por que não coloca seu casaco no cabide? – Ergueu as sobrancelhas sarcástico.

Respirei fundo. Cogitei por alguns instantes que Gerard iria me pagar caro quando chegássemos em casa. Caminhei até o cabideiro, com todos os olhares sobre mim. Passei-o pelos meus braços e o pendurei onde eles me sugeriram. Tornei a mesa.

-Oh, dio mio! – Adriano exclamou, explodindo em uma gargalhada alta, que contagiou Gabriele. – Agora entendi a função da gola do seu casaco... – Apontou para meu pescoço, seu rosto se retorcendo em uma careta divertida.

-Algum vampiro tarado te atacou enquanto você caminhava inocentemente pela rua? – Gerard me perguntou.

Ah. Não.

-Oh sim. Agora vampiros existem, a Itália virou a Transilvânia, e eu fui chupado por um, só que de um linhagem um pouco diferente, não é Gerard?  - Respondi com outra pergunta.

Todos continuaram rindo de mim.

Bem, pelo menos Way tinha se alimentado da minha desgraça nesse dia.

-Bem... – Gabriele falou, com sua risada morrendo aos poucos e seu café balançando no copo. – Transferimos Giuseppe para um presídio hoje. Ele provavelmente já está lá. Mandei a secretária checar.

-Como vamos prosseguir agora? – Gerard perguntou.

Eu já fazia uma ideia de como as coisas continuariam. Nesse caso em especifico, não teríamos que caçar um Alguém. Teríamos que caçar Algo ou um Fato que nos levaria até um Alguém.

-Lembro de Frank ter mencionado o fato do furgão ser veloz, e que provavelmente o mecânico desses caras era muito bom. – Colocou o copo na mesa e remexeu os papéis. – Vamos entrar naquele processo de achar quantos furgões foram fabricados no país e etecetera, mas ficaria mais fácil se tivéssemos a placa, tanto da moto, quanto do carro em questão. 

-E então? – Perguntei.

- A Inteligência da polícia verificou as câmeras de uma casa na mesma rua e no mesmo horário do roubo do Toccare. Depois verificamos as filmagens da hora em que as câmeras do museu congelaram em diante, dessa mesma casa.

-Falamos à pouco com o departamento de trânsito, para que eles nos repassarem a origem das placas tanto da moto, quanto do furgão. – Adriano falou.

-Bem, agora é só esperar e ver a quem as placas vão nos levar. – Eu falei, pensando em algumas coisas.

- E sobre o cômodo secreto? Alguma novidade? – Gerard perguntou.

Estávamos ao redor da mesa, olhando uns aos outros.

- Ele tinha uma passagem para rua. Como o museu fica na esquina, o quadro saiu pela rua paralela, entregaram aos caras do furgão e o levaram.

-Nossa, eles tiveram muito... – Eu ia falando quando a secretária adentrou rapidamente na sala. 

- Giuseppe Diogo è stato picchiato in prigione. Sta quasi morendo. -  Ela disse tranquilamente.

-O que ela disse?! – Eu perguntei.

-Que Giuseppe foi espancado na cadeia.

Notei Gerard encher o peito. Meus ombros ficaram tensos e então virei meu rosto para o lado e o encarei.

Ele me olhou, sorriu e lançou um beijinho para mim.

Drowning Lessons (Em Revisão) || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora