A herança desaparece[Frank]

141 21 52
                                    

Já era noite e ele não tinha dado nenhum tipo de sinal de vida. Aquilo me preocupava, haja vista que, pelo menos eu, não conseguia sequer ir até a pizzaria mais próxima sem um GPS. E se tratando de Gerard, que não sabia sequer usar o Outlook direito, a situação se tornava ainda mais complicada.

Com pensamentos horríveis me vindo à cabeça, passei o resto da tarde andando para lá e para cá, com aquela bengala ridícula cheia de florezinhas e pintada de pink. Nakayama disse que se eu quisesse ter menos crises de asma, teria de usar aquela bombinha ridícula azul e fumar menos. Juro que estava tentando parar, mas era difícil se tratando dele fumando toda hora perto de mim e fazendo todo aquele drama, sumindo e não dando satisfações de nada.
Estava quase ligando para Alex e Jamia, para eles me ajudarem a procurá-lo, mas com certeza isso estragaria a lua de mel dos dois e nunca me perdoaria por isso.

Pedi para que Bradley procurasse por ele nas redondezas, vendo se ele estava perto de algum lugar conhecido.

Geralmente quando ele estava com raiva, vestia um blazer e se dirigia até uma ópera. Quando seu tempo não permitia, ele pintava um quadro meio bizarro – ultimamente ele anda pintando dentro de uma vertente meio gótica e psicodélica. Mas eu via não só a raiva. Eu via o ódio no seu olhar. A fúria. Só que ele lidava de uma forma diferente com isso, e até então tudo bem. Mas nos últimos tempos notei que ele tem andado meio sensível, principalmente se tratando de nós... E talvez o que aconteceu magoou ele de verdade, sabe? Estava me sentindo meio culpado. Quem sabe se eu tivesse dito à repórter que sim, que estávamos juntos, teria nos poupado desse estresse.

Mas o foco que queria não era sobre um affair entre nós dois. Tinham coisas mais importantes acontecendo ao nosso redor.

E o que mais estava me deixando agoniado, foi ter visto aquele comportamento esquisito dele. Aquele comportamento de... Criminoso impiedoso... Um olhar frio e calculista. E muito, muito amedrontador. Aquela insanidade acumulada ali... Parecendo que iria explodir e respingar sangue e vísceras por todos os lados. Esse que de insanidade dele deixava meus nervos fervendo, pois demonstrava a minha total incapacidade de mudá-lo como tanto queria.

Vê-lo daquela maneira quase que assassina vindo à passos lentos em minha direção, me causou certo peso no peito. Como se as paredes ao meu redor não fosse as da nossa casa alugada na Itália, mas sim as paredes vermelhas do Green Palace. Como se... Eu não pudesse confiar nele novamente pois era alguém de feitio perigoso.

Mas o fato de eu gostar dele vencia. Entretanto se ele fosse mau e cometesse algum tipo de delito, até mesmo algum de caráter moral... Não sei como iria lidar com isso. Talvez eu repudiaria.

Aflito, esperei alguns instantes, até que a porta fora aberta de supetão por Bradley, que carregava... Bem, tentava carregar Gerard e seu enorme corpo hall à dentro.

Avancei alguns passos, erguendo a mão no ar na intenção de tocá-lo. Mas óbvio, eu estava muito longe. É... Que ele me deixa meio desnorteado de vez em quando.

-...Gerard... – Falei seu nome num tom ridiculamente preocupado. Sim, ridiculamente. Pois ele simplesmente fez chacota e começou a gargalhar. – Gerard Way. – Disse sério, apertando a bengala.

-Oi amor, você... Exxta lindo... – Cambaleou quase levando Brad ao chão. – Opa! Hoje!
-Você bebeu?! Está bêbado?! – Arqueei uma sobrancelha.

Bradley o mantinha em pé com muito esforço e paciência.

-Sim, amor. A gente... Deveria batêe, uou... – Cambaleou outra vez. – Uma self e registar o momento! Eu estou bonito, Bradely?

Quis corrigir o nome do nosso motorista. Mas ele estava bêbado demais para aprender alguma coisa.

-Eu...! Eu não acredito que você bebeu! – Bati a bengala com força no chão.

Drowning Lessons (Em Revisão) || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora