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Fiquei no meu quarto o resto da tarde, teve um momento em que me peguei pensando no Cadu, algo nele me chamava atenção, mas ele nunca vai fazer meu tipo, não existe minimas possibilidades disso acontecer.
No começo da noite, minha mae veio me chamar para jantar, mas eu recusei, ainda estava me curando da ressaca. Terminei um trabalho do colégio, e fiquei assistindo um filme.

(...)

Acordei atrasada na manhã seguinte, não tomei banho, para ganhar tempo. Vesti uma calça jeans preta, a camiseta do colégio, escovei os dentes, calcei meu Vans vermelho, prendi o cabelo em um rabo de cavalo frouxo, peguei minha mochila e desci.

Marcos: EU JÁ FALEI: NÃO VOU SUSTENTAR VAGABUNDO, LAVÍNIA! - meus pais estavam brigando, obviamente por causa do Bernardo.
Lavínia: Calma, meu querido... Ele é só um mocinho ainda, não tem cabeça de gente grande! - como sempre, minha mãe defendendo.
Marcos: MOCINHO?! FAÇA MEU FAVOR! PRA GASTAR MEU DINHEIRO, E ANDAR COM O MEU CARRO, ELE É MUITO GRANDE NÉ! - gargalhou irônico.
Lavínia: Não admito você falar assim! - seu tom de voz alterou.
Meu pai foi pra cima da minha mãe, que colocou as mãos no rosto pra se proteger.
Marcos: EU FALO - acertou seu rosto, com um tapa - COMO EU QUISER! - deu outro tapa.

Eles provalmente não me viram, era inevitável não chorar, peguei minha mochila e sai de casa correndo, minha garganta ardia com o choro engasgado. Eu não queria ir pro colégio, fiz um percurso sem destino. Era sempre assim, tudo por culpa do Bernardo, que se acha melhor que todo mundo.

Eu não conseguia raciocinar direito, meu soluço já estava ficando alto, de tanto que eu chorava. Me doía demais, ver minha mãe, ou melhor, minha família naquela situação. Continuei caminhando em passos rápidos, ouvi um barulho de carro familiar, o maldito Corola parou do meu lado.

Cadu: Só pode ser destino! - ele abaixou um pouco o vidro.
Não respondi, não queria que ele me visse chorando, continuei andando.
Cadu: Samantha, to falando contigo, pô! - jogou o carro na minha frente.
Samantha: Me deixa em paz! - o encarei, entre soluços.
Cadu: Porra, tu tá chorando?! Qual foi o lance? - abriu a porta do carro.
Samantha: Nada, não to chorando, me deixa passar! - pedi.
O mesmo desceu do carro, vindo até mim.
Cadu: Uma porra que tu não tá chorando! - segurou meu ombro - Me fala pô, namoral mermo!
Eu não consegui responder, voltei a chorar novamente. Pela sua expressão, ele ficou sem reação.
Cadu: Entra no carro, vamo vazar daqui! - segurou minha mão.
Eu estava frágil demais para recusar, assenti com a cabeça.

AO SUBIR O MORRO (F!)Onde histórias criam vida. Descubra agora