79

8.7K 536 3
                                    

LF: Patroa, tu é, mas pô - olhou apreensivo.
Samantha: Não vou mandar de novo! - minha paciência estava no fim.
LF: PORRA, não tenho nada a ver com a fita! - deu de ombros, indo na boca buscar.
Samantha: Tu vai ter o que merece, biscate de quinta! - falei para ela, sorrindo irônica.
Paloma: ME SOLTA, DESGRAÇADA! - tentou me empurrar.
Samantha: Fica quietinha aqui! - enrolei a mão em seus cabelos, puxando para mais perto.
Demorou uns dois minutos até o LF voltar, ele me entregou a tesoura com relutância.
Samantha: Da logo essa merda! - puxei da sua mão - Agora essa vagabunda vai ver o que é bom!
Paloma: LF, ME AJUDA! NÃO DEIXA ESSA DOIDA ME MACHUCAR! - implorou.
Samantha: Ninguém vai te ajudar! - comecei a cortar seu cabelo.

Ninguém entrou na frente para impedir, afinal para eles eu ainda sou a fiel do dono do morro. A Paloma gritou, empurrou, debateu, mas meu ódio era tanto, que minha força a impediu de fazer qualquer coisa.
Continuei cortando seu cabelo, deixando o mesmo todo desproporcional.

Paloma: CHEGA! - falou entre lágrimas.
Samantha: Ta chorando vagabunda?! - dei um riso irônico, e continuei cortando - To fazendo um favor, sua loira oxigenada! Esse bombril estava ridículo!
Paloma: Tu vai me pagar caro, vadia! - me empurrou, se soltando.
Samantha: VEM AQUI QUE EU AINDA NÃO ACABEI! - fui para cima dela novamente, mas o LF me segurou.
LF: CHEGA, SAMANTHA! OLHA O QUE TU JA FEZ, CHEGA! - me abraçou de canto, me impedindo de fazer qualquer coisa.
Tive uma crise de riso, realmente ela estava mais ridícula, com o cabelo na altura da orelha, cheio de falhas.
Paloma: EU VOLTO, DESGRAÇADA! - berrou, e foi subindo o morro.
O pessoal da rua gritava, vaiava, todos rindo da mesma, seu cabelo estava todo espalhado no chão.
Samantha: TO TE ESPERANDO! - gritei.
LF: Vamo embora, eu te levo! - me puxou pela mão.
Samantha: Não - me soltei - Eu vou sozinha!
LF: Para de graça, porra! Vem! - cerrou os dentes, irritado.
Samantha: Só vou aceitar porque estou cansada! - revirei os olhos, e peguei meu sapato.
Segui o LF até o carro, entrei em silêncio, e assim seguimos até a casa da Tainá.
Samantha: Obrigada! - falei seca, assim que chegamos, pronta para descer do carro.
LF: Calma ai, pô! - segurou meu ombro.
Samantha: O que foi? - suspirei, com cara de tédio.
LF: Tu tá boladona! O que ta pegando? Tu e o Cadu brigaram? - perguntou.
Samantha: Não, nós terminamos!
LF: Porra, cês se amam... Saíram do Faz Quem Quer no maior love! - olhou confuso.
Samantha: É, eu também achei que estava tudo bem, mas ele preferiu assim! Talvez seja melhor! - sorri forçado.
LF: Eu vou falar com ele, e tu...
Samantha: Não! - o interrompi - Não diz nada, deixa como está!
LF: Jaé então - deu de ombros - E sobre o barraco com a periguete da Paloma, nem preciso perguntar o motivo, né não?! - riu baixo.
Samantha: Não! - ri - Vou nessa, to cansadona. Valeu, se cuida! - abri a porta.
LF: Valeu, gata. Fica bem - beijou o topo da minha cabeça.
Desci do carro, e esperei o mesmo dar partida e virar a esquina, então entrei pra dentro. Abri a porta da cozinha, e fui entrando, a Tainá estava deitada na cama, assistindo Caldeirão do Hulck, toda interdida.
Samantha: Bu! - murmurei, me sentando ao seu lado.
Tainá: SAMANTHA?! - olhou espantada - Onde tu tava, mona?
Samantha: Posso explicar depois? - fiz bico - Vou pro banho. Tem alguém no banheiro? - perguntei, pegando minha toalha.
Tainá: Não! Vai logo, to curiosa!

Segui pro banheiro, logo que a água bateu no meu corpo, senti tudo arder, fiquei um bom tempo debaixo do chuveiro, aproveitei e lavei o cabelo. Passei hidratante corporal, desodorante, vesti um vestido solto, bem fresquinho, calcei minhas Havaianas, passei um tônico no rosto, penteei os cabelos e os deixei secar naturalmente, escovei os dentes e voltei a me juntar com a Tainá.

Samantha: Pronto! - me deitei na cama.
Tainá: Começa a contar, vai! - desligou a TV, e ficou de frente pra mim.
Contei tudo a ela, desde a nossa transa no baile, até a conversa no carro com o LF.
Tainá: Mona! - falou boquiaberta - Amei, aquela vadia teve o que merecia faz tempo! To doida pra ver ela sem cabelo! - bateu palminhas empolgada.
Samantha: É, mas to muito mal! - suspirei.
Tainá: Pretinha, logo o Cadu e tu voltam, duas pessoas que se amam pra caralho, não ficam longe por muito tempo. Ainda mais por frescura no cu! - me abraçou de lado.
Samantha: Pode ser - dei de ombros.
Senti meu celular vibrar, era o meu pai. Atendi sem nenhuma vontade.

IDL:
Samantha: Oi, pai!
Marcos: Ah, oi filha! Lembrou que tem pai?
Samantha: Para de drama, pai! É que estou trabalhando, estudando...
Marcos: Trabalhando?! Minha princesinha, tendo que trabalhar? Foi pra isso que você saiu de casa?!
Samantha: Para, pai - revirei os olhos - Estou bem, to amando trabalhar! E o senhor?
Marcos: Eu to bem, filha. Eu e sua mãe nos divorciamos!
Samantha: Nossa, sério isso pai? - perguntei surpresa.
Marcos: Sim! Ela está morando com o seu irmão, em casa. Eu vou ir embora para São Paulo semana que vem!
Samantha: Ir... Ir embora? - meu coração doeu, apesar de tudo meu pai era o único que me "entendia".
Marcos: Sim. Filha, não sei como estão as coisas por ai, mas eu queria que você viesse morar comigo, em São Paulo.
Samantha: Não! Quer dizer, eu estou bem aqui, to conseguindo me virar, não quero mudar de estado!
Marcos: Não vou te obrigar, está bem? Mas fica longe do teu irmão, ele está irreconhecível!
Samantha: OK, pode deixar!
Marcos: Vou desligar agora, vou dirigir. Um beijo, e se mudar de ideia só me ligar!
Samantha: Tá, pai. Se cuida, eu te amo!
Marcos: Eu também, minha princesa. Tchau!
Samantha: Tchau. - desliguei.
FDL.

Coloquei o celular de lado, a Tainá me olhava curiosa. Fiquei realmente triste, meu pai era minha única familia agora, afinal minha mãe já deixou bem claro o seu preferido.
Samantha: Meu pai - falei, por fim - Está indo embora pra São Paulo, e quer que eu vá junto!

Tainá: Tu não vai, né?! - franziu o cenho.
Samantha: Não... Eu acho - murmurei desanimada - Seria bom, para eu esquecer o Cadu e tudo que rolou. Agora eu não tenho casa, meu salário mal da pra mim!
Tainá: Tu não diz isso, hein! - falou brava - Essa casa é tua também. Tu dá dando uma moral maneirona aqui, pode ficar o tempo que tu precisar, o tempo que tu quiser. Nois ama ter tu aqui! - sorriu.
Samantha: Own, valeu, neguinha! - a abracei - Mas vou tomar meu rumo, vou me resolver nessa vida!
Tainá: Torço muitão por tu!
Continuamos assistindo televisão, e conversando coisas aleatórias. Logo meu celular vibrou de novo, número privado, até pensei que fosse o Cadu.

IDL:
Samantha: Alô?
XxXxX: Que delicia de voz, minha bela rosa!
Samantha: Han?! - ri - Quem é?
XxXxX: Ta ligado, não?
Samantha: Ou fala logo, ou eu vou desligar, palhaçada!
XxXxX: Calma! É o Orelha, porra. Já se esqueceu?
Samantha: Ah... Oi, não reconheci a voz! Quem te passou meu número? - lancei um olhar fatal pra Tainá.
Orelha: Não importa, não. Tu ta bem, princesa?
Samantha: Sempre e tu?
Orelha: Suavao! Ai preciso voltar pra função, liguei rapidinho pra fazer um convite pra tu e pra outra moreninha, amanhã vai rolar mo churras aqui no morro, vai ter um almoço e pa. Queria saber se tu vem?
Samantha: Ah, churrasco? Valeu, gatinho. Mas não vai rolar, tenho compromisso amanhã! - menti.
Orelha: Pô, namoral? Fica assim então, se quiser constar liga eu!
Samantha: Jaé, jaé!
Orelha: Vou nessa, valeu princesona! Beijão.
Samantha: Outro. Tchau! - desliguei.
FDL.

Tainá: Quem era? - fez cara de ingênua.
Samantha: O Orelha, que não sei como dona Tainá, conseguiu meu número! - falei, com a expressão séria.
Tainá: Iala, sei de nada não! - balançou a cabeça.
Samantha: Vou fingir que acredito. Enfim, vai ter um churrasco no Faz Quem Quer amanhã, almoço... Ai ele chamou nos duas! - falei com desinteresse.
Tainá: Hum, gosto muito! - sorriu empolgada.
Samantha: Eu não vou! - dei de ombros.
Tainá: Poxa, amiga eu... - fez bico.
Samantha: Nem começa! - a interrompi - Da ultima vez que aceitei, tu viu né?!
Tainá: Digo nada! - fez careta, a mesma se levantou e foi até o berço, pegar a Eloá para amamentar.
Samantha: Ah, e também nem to com clima pra festa, sabe! - murmurei, me deitando.
Tainá: Mas ai que tu deveria sair, se divertir, mostrar que ta de boa!
Samantha: Pra que mentir? Eu não to! - balancei a cabeça.

O assunto morreu ai, enquanto ela foi pra cozinha, preparar algo pra comer, eu fiquei deitada, tentando pegar no sono, mas minha cabeça estava um turbilhão.

AO SUBIR O MORRO (F!)Onde histórias criam vida. Descubra agora