AO SUBIR O MORRO (F!)

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Depois de almoçar com o Cadu, voltei para a loja. Fui embora as 18:00hr, de ônibus.
Cheguei exausta em casa, meu corpo pedia um descanso profundo, logo que adentrei na sala, joguei as sapatilhas em um canto, lavei as mãos e fui fuçar na geladeira, peguei tudo que encontrei e, montei um sanduiche gigante. Liguei a televisão, e fiquei me distraindo. Levei um susto quando vi alguém destrancando a porta, era o Orelha.

Orelha: Oi - murmurou, me olhando.
Samantha: Orelha?! Ta louco, entrar assim?! - o encarei, brava.
Orelha: Desculpa, eu tenho as chaves ainda, lembra? - balançou as chaves.
Samantha: Pode me devolver! - estendi a mão.
Orelha: Relaxa, vim fazer isso mermo! - assentiu, colocando as chaves na minha mão.
Samantha: Obrigada! E... Eu vou te devolver o IPhone, não é justo - falei, pegando o celular sobre a mesa de centro.
Orelha: Para com isso! - balançou a cabeça negativamente.
Samantha: Vou ir te pagando, e não se fala mais nisso. Jaé? - arqueei as sobrancelhas.
Orelha: Tu que sabe - dei de ombros - Pô, mas eu queria bater um lero com tu... - suspirou.
Samantha: Pode falar - assenti.
Orelha: Quero me desculpar por ter falado daquele jeito contigo na praia. Eu já tava ligado, que tu ama o Cadu, tu não me garantiu porra nenhuma... Eu que viajei, e coloquei merda na cabeça! - murmurou, de cabeça baixa.
Samantha: Te desculpo sim - sorri de canto - Me perdoa se te dei alguma esperança, que não pude corresponder!
Orelha: É nois, princesinha - sorriu, se aproximando.
Ele me deu um abraço apertado, retribui sem maldade. Fomos interrompidos com alguém batendo na porta, provavelmente era o Cadu.
Samantha: Acho que é o Cadu! - murmurei.
Orelha: Ih, vai dar ruim - coçou a cabeça.
Suspirei pesadamente e, abri a porta. Era ele mesmo.
Samantha: Oi amor, o... - comecei a falar.
Cadu: Oi, gata - me deu um selinho e, foi entrando.
Eu já achei que iria rolar barraco, mas o Cadu me surpreendeu, ao ver o Orelha, ali.
Cadu: E ai, Orelha - cumprimentou o mesmo.
Orelha: Fala tu, eu vim me desculpar com a Samantha, tudo numa boa! - falou.
Cadu: Relaxa - riu, me abraçando de lado - Confio na minha mina, e sei que tu não ia dar essa comigo!
Orelha: Isso mermo! - sorriu sem-graça.
Cadu: Pô, é... Perai, meu rádio ta chamando! - falou, pegando o mesmo no bolso.
Sua expressão ficou seria quando atendeu.
Cadu: Pô LF, tu segura esse pilantra ai! Eu to chegando!
Samantha: Quem é, Cadu? - o encarei.
Cadu: Ninguém não... É um playboy da pista, que tá devendo! - falou rapidamente - Tu desce comigo, Orelha?
Orelha: Jaé! - assentiu - Tchau, Sam!
Samantha: Tchau! - acenei - Tchau, amor - dei um selinho no Cadu.
Cadu: Tchau, princesinha - segurou meu queixo, retribuindo o selinho - Se pá não volto hoje!
Samantha: Tudo bem - sorri de canto.

Cadu narrando:

Quando o LF mandou o papo que o Tiago tava na favela, meu sangue ferveu, aquele desgraçado só podia tá armando. Quando chegamos na rua, dei a letra pro Orelha.

Orelha: Esse desgraçado entrou como? - franziu o cenho.
Cadu: Não faço ideia mano! Eu vou meter a boca nos vapor, já mandei ficar de olho em quem entra no morro! - suspirei irritado.
Orelha: Porra, agora que o Dodô tá morto, vem outro pela saco infernizar! - bufou.
Cadu: Pode crê - assenti. Achei melhor não contar que o Dodô tá vivo, pelo o que eu conheço o Orelha, ele poderia falar pra Samantha, e eu não quero que ela saiba.
Subimos pra boca na minha R1, já cheguei boladão.
Cadu: Cadê o Tiago? - perguntei ao Torvic.
Torvic: Lá dentro, com o LF - apontou para a minha sala.
Cadu: OLHA AQUI, PORRA - berrei, chamando a atenção dos cara - EU JÁ NÃO MANDEI FICAR DE OLHO, EM QUEM ENTRA E QUEM SAI?!
Vapor: Pode crê, chefe - assentiu.
Cadu: ENTÃO, PORRA! EU NÃO QUERO MAIS ESSE TIPO DE VACILO TÁ LIGADO! - adverti.
Vapor2: Não vai mais acontecer, Cadu! - assentiu.
Cadu: EU ESPERO! - diminui o tom - Bora, Orelha!
Entramos na minha sala, o Tiago tava amarrado em uma cadeira, e o LF de frente pra ele, mexendo no celular.
Cadu: Cheguei - bati a porta com força.
LF: E ai, molecada - nos encarou.
Cadu: Como esse porra entrou aqui? - perguntei, se aproximado do Tiago.
Tiago: A... Bia, cara. A gente saiu fudido da casa da Samantha, depois que ela matou o Bernardo. E o único lugar pra gente ficar, era aqui! - falou rapidamente, com a voz trêmula.
Cadu: NÃO ME INTERESSA O QUE TU ARRANJA NA PISTA, PORRA! - berrei, lhe dando um soco na boca - EU JÁ FALEI QUE NÃO QUERIA TU AQUI!
LF: Ele veio pedir pó na boca, cara - riu - Achou que ninguém ia dar moral!
Cadu: O Dodô te viciou mermo, hein! - balancei a cabeça - E por que vocês não foram pro Antares?
Tiago: O Dodô... - me olhou de canto - Expulsou a gente de lá!
Cadu: Mas agora ele tá morto!
Tiago: MORTO?! - arregalou os olhos.

Dodô narrando:

Até que enfim ia sair daquela merda hoje, não já aguentava mais, tava doido pra voltar pra atividade.

Wallace: Ow, tem visita aqui pra tu - falou, entrando no quarto.
Dodô: Quem é? - o encarei - Manda descer pra boca, porque eu já vou ralar daqui!
Wallace: Ih, vai nada - riu - O Doutô não chegou ainda, mano. Só mais além!
Dodô: Porra! - bufei de raiva - Manda entrar, então!
Wallace: Pode crê! - saiu, encostando a porta.

Tava morrendo de raiva, crente que ia sair daquele inferno. Precisava começar a agir logo, quanto mais rápido eu me adiantar, mais rápido eu pego o poder da Rocinha. A porta se abriu, uma mina loira, de cabelos compridos, entrou. Puxei na memória, mas tinha certeza que nunca tinha visto aquela peça.

Paloma: Oi, Dodô! - me encarou.
Dodô: E ai... Tu é quem? - franzi o cenho.
Paloma: Prazer, me chamo Paloma - sorriu.
Dodô: Satisfação, prazer é só na cama! - pisquei malicioso.
Paloma: Posso te dar prazer, também - se aproximou, deslizando a mão pelo meu pau, por cima do lençol.
Dodô: Que isso! - ri assustado.
Paloma: Só tó te mostrando - deu de ombros - Será que a gente pode bater um lero?
Dodô: Diz ai, pô! - assenti.
Paloma: Bom, a gente não se conhece, mas eu já ouvi falar muito de tu. Eu sou moradora da Rocinha, ex peguete do Cadu - começou - Depois que a puta da Samantha chegou no morro, fiquei pra escanteio. Fui humilhada ao máximo, e...
Dodô: Aonde tu quer chegar? - a interrompi.
Paloma: Então - continuou - Tive que ralar da comunidade, e vim morar no Engenho. Conversando com algumas pessoas fiquei sabendo de tu, e do seu ódio mortal pelo Cadu! E temos algo em comum, eu quero acabar com ele!
Dei um sorriso de canto, aquilo tava começando a me interessar.
Dodô: Tu quer parceria comigo? - franzi o cenho.
Paloma: Isso - sorriu - Eu posso te ajudar muito!
Dodô: Ta ai - ri - A gente pode conversar melhor!
Paloma: Claro que podemos! - piscou, aproximando seu corpo do meu.

Tiago narrando:

Depois de ser enxotado a socos e pontapés da boca, caminhei apressadamente até a casa das tias da Beatriz. Abri a porta, e fui entrando no quarto, onde a Bia estava, com uma carreira de cocaína.

Tiago: Onde tu conseguiu essa porra? - perguntei, a encarando.
Bia: Minha tia - falou, concentrada em cheirar.
Tiago: Bora ralar daqui! - falei nervoso.
Bia: Tá doido? - me encarou - O que foi isso no teu rosto?
Tiago: O Cadu... Eu fui na boca, e... - murmurei.
Bia: TU É UM CUZÃO MERMO! OTÁRIO! - se levantou alterada, me dando vários socos no peito.
Tiago: PARA, BIA! - a segurei pelos pulsos.
Bia: QUEM MANDOU TU IR LÁ? - gritou - EU AVISEI! BEM QUE O DODÔ DIZ QUE TU É UM IDIOTA! - balançou a cabeça, rindo irônica.
Tiago: CALA A MERDA DESSA BOCA, SUA PUTA! - lhe dei um tapa ardido no rosto.
Ela me olhou incrédula, e colocou a mão onde o tapa havia acertado.
Bia: Qual foi? Perdeu o juízo? - me encarou.
Tiago: Tu que pediu - suspirei impaciente - Agora pega suas coisas, a gente vai pro Antares!
Bia: Eu to falando que tu é burro, cara... - riu nervosa.
Tiago: O Dodô tá morto! - falei por fim.
Bia: Para de brincar, e...
Tiago: Bia - a interrompi - O desgraçado morreu!
Bia: O que? Quem te disse isso? - sua voz falhou.
Tiago: O Cadu!
Bia: Não, mas que porra! - por incrível que pareça, ela começou a chorar profundamente.
Tiago: Tu tá chorando por causa daquele desgraçado? - ri incrédulo.
Bia: Tu não entende, porra - balançou a cabeça - O Douglas sempre me fortaleceu!
Tiago: Quer saber de uma coisa? Eu to ralando, tu merece apanhar até a morte, não tem um pingo de vergonha nessa cara!
Bia: Tu vai pra onde? - perguntou.
Tiago: Longe de tu! Tu só me atrasa, vou fazer as coisas do meu jeito! - falei decidido.
Bia: Você sabe que não é tão fácil assim... - fungou.
Tiago: Tu não me conhece mermo! Aguarde! - dei um sorrio forçado.
Bia: Eu vou contigo, Tiago!
Tiago: Não vai! Cansei de tu!