Cadu: Jaé!
O Cadu me seguiu até o quarto, encostei a porta, e nos sentamos na cama. Abri a latinha de Pepsi e comecei a tomar, deixei o lanche para depois.
Cadu: Pô - começou a falar - Eu acho muito perigoso tu ficar aqui na favela, ainda mais depois do que rolou!
Samantha: Eu duvido que o Tiago volte, e além disso, eu sei me cuidar - falei, pressionando os lábios.
Cadu: Porra, larga de ser teimosa, que caralho! - alterou a voz - Não da pra tu ficar, eu não posso te proteger o tempo todo!
Samantha: Você pode, volta pra mim, Cadu! - falei por impulso, aproximando minha mão do seu rosto.
Cadu: Tira a mão de mim! - se afastou - Eu não posso porra, não é hora ainda da gente voltar!
Samantha: Por que? O que impede? - murmurei, com a voz falhada.
Cadu: Toma teu rumo, porra. Vive tua vida, não precisa me esperar não. Esse relacionamento já deu o que tinha que dar! - balançou a cabeça e se levantou.
Samantha: O que?! - engoli em seco - Eu te amo! - me levantei também, e segurei seu braço.
Cadu: Mas não gera mais não! - murmurou, tirando minha mão de seu braço.
Samantha: Mas por que? Eu não to te entendendo!
Cadu: Eu não quero mais, porra! - falou agressivo.
Eu realmente estava confusa, não entendia o porque. Até um tempo atrás ele me amava, e agora me pede pra seguir meu rumo.
Léo: Sam? - bateu na porta, me chamando.
Samantha: Já vou, espera um pouquinho - falei, contendo o choro.
Léo: Um tal de Orelha tá no portão! Posso deixar entrar? - perguntou.
Samantha: Orelha?! - indaguei - É... Pede pra ele entrar, eu já vou! - respirei impaciente.
Léo: Firmão! - ouvi seus passos correndo pro quintal.
Cadu: Vai lá com teu amor, vai! - riu irônico, abrindo a porta.
Samantha: Coé, para Cadu - segurei sua mão.
Cadu: Não rela em mim, porra! - me encarou com raiva - Toma teu rumo! - me empurrou com força, me fazendo cair na cama.
O mesmo abriu a porta e saiu do quarto, me levantei rapidamente indo atrás.
Orelha: Cadu? - olhou surpreso.
Cadu: Agora não! Mais além nois conversa! - respondeu seco, indo pro portão.
Samantha: Cadu! Volta aqui! - fui correndo atrás dele.
Cadu: ME ESQUECE CARALHO! EU NÃO TE AMO MAIS, ACEITA PORRA! - berrou, batendo o portão com força.
Uma pancada na cara iria doer menos, permaneci imóvel, vendo ele entrar no carro e desaparecer da minha vida.
Fiquei paralisada, olhando para o nada, deixando as lágrimas escorrem no meu rosto.
Orelha: Samantha? Tu ta legal? - senti sua mão no meu ombro, me fazendo despertar.
Samantha: Eu... Eu não to legal! - falei entre soluços, sendo abraçada por ele.
Orelha: Pô, tu é fiel do Cadu? - perguntou.
Samantha: Era! - falei com rancor.Dodô narrando - Morro do Antares:
Juliana: Dodô! - me chamou.
Terminei a última carreira, e fui adentrando no banheiro, Juliana estava em pé, ao lado da pia, segurando o teste de farmácia.
Dodô: E ai? Negativo? - perguntei.
Ela apenas balançou a cabeça, em sinal negativo.
Dodô: Como é que é, porra?! - me exaltei.
Juliana: Eu... Eu estou gravida! - murmurou, já começando a chorar.
Dodô: Não pode ser! Da essa merda aqui! - puxei o teste de sua mão, e vi as duas listras vermelhas destacadas - MERDA! TU VAI TIRAR ESSA COISA! - berrei.
Juliana: Não, eu não vou! - me olhou desesperada.
Dodô: TU VAI, EU NÃO QUERO ESSA PORRA! - me aproximei, segurando seus cabelos com força.
Juliana: É um inocente Douglas, ele não merece... - continuou chorando, e isso me irritava pra caralho.
Dodô: Coé, ta bancando a sentimental agora?! - ri irônico - Tu é uma assassina como eu!
Juliana: Não! - balançou a cabeça - Eu te odeio, eu tenho nojo de você, de quando tu me toca! Tenho nojo de te beijar, te dar pra você! - falou com repulsa.
Dodô: VAGABUNDA! - desci a mão em seu rosto.
Juliana: Pode bater, Douglas! Afinal é só isso que tu sabe fazer, não é?! - colocou a mão onde o tapa acertou e, riu na minha cara - Mas eu ainda vou sair desse inferno! Vou me livrar de tu pra sempre!
Dodô: VAI É?! - gargalhei - TU SÓ SAI DAQUI MORTA, VADIA! - a segurei pelo pescoço, e empurrei seu corpo em direção a privada, fazendo sua cabeça bater.O desmaio foi automático, me aproximei para checar seus batimentos, ela ainda estava viva, só com um profundo corte na testa. A deixei ali mermo, acendi um cigarro de maconha e subi pra boca, eu nunca iria ter um filho daquela puta, prometi pra mim mermo, que o único herdeiro do meu morro, nasceria da mina que eu amasse.
Logo que entrei na boca, os vapor já vieram fofocar, ai meu saco.Dodô: Qual foi dessa vez, porra? - perguntei irritado.
Vapor: O playboy foi caçar treta na Rocinha, voltou desmaiado! - riu.
Dodô: Rocinha? - franzi o cenho.
Vapor: Foi atrás da mulher do chefe!
Dodô: DESGRAÇADO! - esbravejei, jogando a TV que tinha na boca, no chão.
Vapor: Oloco, chefe! - resmungou.
Dodô: CADÊ AQUELE COMÉDIA?! VOU ACABAR COM A VIDA DELE! - perguntei, destravando minha pistola.
Vapor: Ta lá dentro com a Bia.
Dodô: VAI OS DOIS PRA VALA! LIGA O MICRO-ONDAS! - mandei, indo em direção a minha sala.Cadu narrando:
Consegui segurar o choro até pisar em casa, foi o máximo que eu consegui. Eu to ligado que agi feito um otário, e tenho certeza que a Samantha nunca vai me perdoar, eu perdi a mulher da minha vida.
Me deitei na cama, e pude sentir o perfume dela exalando no meu travesseiro. Caraca, nem to me reconhecendo, pareço um viadinho sentimental, os meus soluços ecoavam pela casa, chorei o choro mais profundo de toda minha vida! Eu prefiro ver minha mina com outro cara, sendo feliz, do que ver sua vida correndo perigo. To sendo ameaçado faz uma cota já, tenho certeza que é o Dodô, mas o LF garante que é CV (Comando Vermelho) tentando invadir o morro. E logo iriam saber da Sam, e usariam ela pra me atingir.
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AO SUBIR O MORRO (F!)
أدب المراهقينWEB REPOSTADA, CRÉDITOS À ESCRITORA ANALU. Eu deixei tudo para trás, abandonei pessoas que me apoiaram a vida inteira, desisti dos meus sonhos, por ele. Fiz tudo isso por ele. E não me arrependo, eu sei que vai valer a pena! ''Até o mais desandado d...