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Samantha narrando:

O Dodô só podia estar ficando louco, nunca que eu iria ficar com ele, muito menos deixa-lo ser pai do meu filho. Tudo que eu sentia por ele, era apenas ódio, ódio. Ele saiu do quarto e me deixou ali trancada, deitei na cama, nem forças para chorar eu tinha mais. Ouvi a porta ser destrancada, mas nem fiz questão de saber quem era.

Juliana: Samantha, sou eu - abriu a porta e, entrou.
Samantha: O que você quer? - perguntei, sem mesmo olhar para ela.
Juliana: Vim te trazer roupas limpas, e sabonete, shampoo... E saber como tu tá - murmurou.
Samantha: O QUE VOCÊ ACHA, HEIN?! - gritei, me virando para ela - VOCÊ, O TIAGO E O MEU PRÓPRIO IRMÃO, ACABARAM COM A MINHA VIDA!
Juliana: Calma, Samantha! - se sentou na cama - Eu... Eu paguei um preço alto por isso, eu me arrependo profundamente. To grávida de um filho que o Dodô rejeita, e sou obrigada a fazer o que ele quer! - ela começou a chorar - Minha mãe me expulsou de casa!
Samantha: Grávida?! - arregalei os olhos.
Juliana: É! - assentiu.

Cadu narrando:

Porra, a Tainá tava muito doidona quando achou que eu iria acreditar que a Samantha tá esperando um filho meu, se deu pro Orelha, deve ter dado pra comunidade inteira. To pouco me fudendo, também. Fiquei na boca até mais tarde, resolvendo umas kaozada.

Vapor: Chefe, posso entrar? - bateu na porta.
Cadu: Fala tu, entra - murmurei.
Vapor: Pô, é... - abriu a porta, e foi entrando.
Tainá: CADU! FAZ ALGUMA COISA, POR FAVOR! - entrou, empurrando o vapor.
Cadu: Ah meu caralho! Tu de novo, Tainá? - rolei os olhos.
Orelha: É bangui doido, chapa! - entrou junto.
Cadu: O QUE TU TÁ FAZENDO AQUI?! TALARICO DO CARALHO! - me levantei, indo na direção do Orelha.
Tainá: Não é hora de brigar! - me empurrou, seus olhos estavam vermelhos.
Cadu: O que cês querem aqui? - os encarei.
Tainá: A Samantha sumiu! Parece que tiraram ela do ônibus, um cara armado! - falou, entre soluços.
Cadu: Qual foi? - engoli em seco, sentindo até um baque.
Orelha: Isso mermo, eu vim na paz. Só quero achar a Samantha, ela tá gravida, e...
Cadu: O FILHO NÃO É MEU! - gritei.
Orelha: Foda-se! Tu não ama a mina? Vai deixar ela correr perigo? - me encarou.
Cadu: Só pode ser o Dodô, desgraçado! - dei um soco no ar - OW LF! - chamei.
LF: Fala tu - entrou dentro da sala.
Cadu: Pô, a Samantha desapareceu. Acho que foi o comédia do Dodô, vê se tu descobre alguma coisa! - mandei.
LF: Jaé! - ele assentiu, dando uma encarada no Orelha e na Tainá, depois saiu.
Cadu: Se eu ficar sabendo de alguma fita, ligo vocês! Agora acho que já da pra ralar, né?! - bufei impaciente.
Tainá: Cadu, a Samantha ta gravida! Esse doido, vai machucar minha amiga! - murmurou soluçando.
Cadu: Porra, eu não posso fazer nada! - dei de ombros.
Orelha: Vem Tainá, eu vou ver esse bangui! - falou me olhando, e puxou a Tainá pelo pulso.
Cadu: Vou deixar contigo, tu é o novo pente dela! - murmurei.
Ele não respondeu, e saíram. Me sentei, olhando pela janela, podia ver o morro inteiro. Meu coração estava apertado, o mesmo comédia que tava me ameaçando, pode ter sequestrado a Sam, e novamente a vida dela estava nas minhas mãos.

Samantha narrando:

Conversei bem pouco com a Juliana, mas o bastante pra saber que o Tiago estava sendo escravizado pelo Dodô, a Bia havia se tornado a primeira dama. Já o meu irmão, quer dizer, o Bernardo, voltou a morar com a minha mãe, e não da as caras por aqui.

Ela me deixou algumas trocas de roupas, eu tomei um banho, vesti um vestido solto, que ela havia trazido e me deitei. Seja qual for o plano do Dodô, eu não vou aceitar, ele não vai destruir duas vidas. Fiquei chorando, até pegar no sono.

Dodô: Acorda Bela Adormecida! - ouvi ele me chamar,
Abri os olhos com relutância, eu queria acordar e ver que tudo não passou de um pesadelo.
Samantha: Quero ir pra casa! - murmurei.
Dodô: Essa é a tua casa, agora! - sorriu irônico.
Samantha: O que tu quer, hein?! - cerrei os dentes, impaciente.
Dodô: Eu já falei pra tu, tu é areia demais pro pela saco do Cadu, e tenho certeza que ele vai vir te procurar - sorriu, alisando meu rosto - E ai, eu vou estourar aquela cara de sequelado! E ter só pra mim! - suas mãos desceram até meus seios, onde ele os apertou com certa força.
Samantha: NÃO! - berrei - EU NUNCA VOU TER NADA CONTIGO, EU TENHO NOJO DE VOCÊ! - meu rosto corou de raiva.
Dodô: Desgraçada! - me deu um tapa no rosto - Eu devia era te comer agora mermo. Fica regulando essa porra de buceta! - me puxou pelo decote do vestido, rasgando o mesmo.
Samantha: Não, por favor - balancei a cabeça, chorando.
Dodô: Tu não vai me escapar! - soltou o vestido, e piscou - Se arruma e vai comer, arranjei mais roupa pra tu. Tu vai comigo e com a Juliana, fazer o aborto!
Samantha: Aborto?! - arregalei os olhos.
Dodô: Sua amiguinha vai tirar essa criança maldita! - respondeu impaciente - Não demora!

Ele saiu e bateu a porta. Eu não acredito que a Ju iria tirar a vida de uma criança! Tudo bem, eu pensei a mesma coisa, mas foi em um momento de desespero. Nunca que eu iria concretizar esse ato.
Levantei da cama, e arrastei- me até o banheiro, tomei um banho frio, mas não lavei os cabelos. Sai enrolada na toalha, e fuçei nos armários do banheiro: havia hidratante corporal, desodorante, sabonetes, perfumes, shampoo, cremes de cabelo. Passei hidratante corporal, desodorante, vesti uma calça jeans preta, modelando o corpo, uma camiseta cinza sem detalhes, apenas com um bolsinho no seio esquerdo, calcei minhas sapatilhas, escovei os dentes, soltei o cabelo, jogando a franja sobre o rosto. E sai do quarto.

Samantha: Oi - cumprimentei a Ju, quando cheguei a cozinha.
Juliana: Oi - murmurou, seus olhos estavam vermelhos, e seu rosto cheio de hematomas.
Samantha: Tu vai fazer isso mesmo? - perguntei num sussurro.
Juliana: Não tenho escolha! - deu de ombros e se retirou da mesa.
Comi uma fatia de bolo de casadinho, e bebi café com leite, meu estômago roncava. Logo o Dodô apareceu, e nos chamou para ir.
Dodô: Se tentar qualquer gracinha - me encarou, enquanto entravamos no carro - Já sabe!

Assenti. A tal clínica ficava localizada no morro mesmo, parece que um médico fazia serviços sujos ali, a mando do Dodô. Por exemplo: se um traficante é baleado, não pode sair do morro pra ir a um hospital. Então é feito o procedimento ali mesmo. Descemos do carro, e havia vapor espalhado nos quatro cantos, a Ju continuava de cabeça baixa, sem olhar para nada.
O Doutor estava sentado atrás de uma mesa, a clinica era uma casa, e tinha vários traficantes ali dentro, também.

Dodô: Bom dia, Dotô! - riu, batendo nas costas do médico.
Doutor: Bom dia! - sorriu forçadamente - Essa é a jovem que tu me disse? - me mediu de cima a baixo.
Balancei a cabeça negativamente, e me encolhi.
Dodô: Não, é essa! - pegou a Juliana pelos cabelos.
Juliana: Me solta, Douglas! - o empurrou.
Doutor: Hm, venha - se mostrou desconfortável, enquanto se levantava - Vamos conversar lá dentro - chamou a Juliana.
Ela foi seguindo o médico, eu me sentei em uma poltrona, o Dodô ficou de pé, parecia estar apreensivo. Depois de uns 10 minutos de espera, a Juliana veio junto com o médico, sua expressão estava diferente.
Dodô: Mas já, caralho?! - olhou espantado.
Doutor: Douglas, ela é muito nova, a gestação está no começo. Eu sugiro que você aguarde mais um tempo, a vida dela pode correr riscos graves, se realizarmos o aborto. - explicou pausadamente.
Sorri para a Ju, que retribuiu aliviada.
Dodô: EU TE PAGO PRA FAZER O QUE EU MANDO! NÃO PRA DAR PAPILTE! SEU DESGRAÇADO! - berrou alterado - VAMO EMBORA, SUAS PUTA! - me encarou com raiva.
O médico não respondeu nada. Me levantei rapidamente, e fomos em direção ao carro. Assim que a Ju sentou no banco da frente, o Dodô bateu sua cabeça contra o vidro da porta.
Dodô: TU SÓ FODE MINHA VIDA! CADELA DESGRAÇADA! - segurou seus cabelos.
Juliana: Me solta, Douglas! - pediu, colocando a mão para proteger o rosto. Seu nariz espirrava sangue.
Ele não parou, iniciou uma sequência de murros, socos e tapas em seu rosto. Hora ou outra, ele dava murros na barriga, também.
Samantha: PARA DODÔ! - gritei histérica.

AO SUBIR O MORRO (F!)Onde histórias criam vida. Descubra agora