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Samantha narrando:

Logo depois de me jogar no carro, o Dodô acelerou, desrespeitando todos os sinais. Ele tirou o capuz, e uma bandana que estava escondendo sua boca, lhe servindo de disfarce.

Samantha: ME DEIXA, DODÔ! - berrei, batendo nos vidros.
Dodô: CALA A BOCA, DESGRAÇADA! - me olhou pelo retrovisor - SE FAZER QUALQUER PORRA, EU TE MATO!
Samantha: Eu não te fiz nada - choraminguei.
Dodô: Se eu ouvir mais um A, tu já sabe!
Ele dirigiu feito um louco, entramos em outra favela, mas não era o Antares, nem fazia ideia de onde estávamos.
Dodô: Sou eu memo.... Me espera na porta da casa, pra me dar uma moral... Não quero saber, Juliana!... Vai se fuder, vadia. Não discute comigo, porra! - ele falou alterado ao telefone.
Samantha: O que tu quer comigo? - murmurei.
Dodô: Quero tu! - falou malicioso.
Me encolhi no banco, chorando baixo, alisei minha barriga, não sei se seria pior contar da gravidez, eu estava muito assustada.
O Dodô parou em frente a uma casa, a rua era totalmente deserta, ele desceu do carro primeiro, em seguida com a arma apontada para mim, me mandou sair.
Dodô: Anda, vem logo, porra! - suspirou impaciente.

Desci rapidamente, ele me segurou pelos cabelos e me arrastou para dentro do quintal, a Juliana estava parada na porta de entrada, me assustei quando a vi, estava muito magra, com uma aparência pálida, os cabelos caídos em seu rosto, sem qualquer expressão.

Dodô: Vai, Juliana! Ajuda ai, porra! - deu um empurrão na mesma.
Juliana: Vem, Sam! - me puxou pelo pulso.
Samantha: Primeiro: me solta, desgraçada! - puxei bruscamente - E segundo: Não fala comigo, e muito menos me chame de "Sam"! - falei com rancor.
Fui adentrando na casa, que era super espaçosa e bem decorada.
Dodô: Samantha, deixa eu te mostrar teu quarto e, quero dar uma palavra contigo! - falou.
Fui seguindo-o, ele abriu uma porta, cheia de fechaduras, então entramos.
Dodô: Senta ai - apontou para a cama.
Samantha: Não quero - murmurei.
Dodô: Tu que sabe - deu de ombros e, se sentou - Tu ta grávida? Fala a verdade! - me encarou.
Samantha: Eu... Eu não! - gaguejei, balançando a cabeça.
Dodô: Não, é? - riu, se levantando, e me agarrando pela a cintura.
Samantha: Me solta, Dodô! - pedi.
Dodô: Eu te segui, otaria! - pegou o exame do meu bolso.
Meu coração acelerou, coloquei a mão na barriga.
Samantha: Não faz nenhum mal para o meu bebê! - implorei.
Dodô: Esse filho vai ser MEU!

Tainá narrando:

Puta que pariu, que raiva do Cadu! Eu preferia mil vezes que o pai do filho da minha amiga fosse o Orelha, do que o desacreditado do Cadu. Ele mete o louco e depois fica de fogo.

LF: Tu é doida, de se meter com assunto que nem é teu?! - me encarou, quando chegamos na rua.
Tainá: Te mete no teu, Luiz Fernando! - o ignorei, virando as costas.
LF: Tu não vira quando eu to falando! - me segurou pelos cabelos, a Eloá já começou a chorar.
Tainá: ME SOLTA! TU TÁ PENSANDO QUE É QUEM?! - berrei, o empurrando - TU NUNCA MAIS ME ENCOSTA, DESGRAÇADO! - fui andando.
LF: VOLTA AQUI, TAINÁ! - me gritou.

Não dei moral, continuei subindo até em casa, era sempre assim, o LF se achava meu dono, mas nunca deixei me bater. Liguei um montão de vezes para a Sam a tarde inteira, mas ela não atendia, devia estar trabalhando.
Quando anoiteceu, dei um banho na Eloá, em seguida tomei o meu. Vesti um top preto, um micro shorts jeans, de lavagem clara, deixei o cabelo solto, e calcei meus chinelos.

Léo: Oh Tainá, o Orelha ta ai! - avisou, entrando dentro de casa.
Tainá: Já vou! - estendi minha toalha no varal, e fui até o portão.
Orelha: E ai, morena - sorriu.
Tainá: Fala tu - acenei.
Orelha: Pô, tu sabe da Samantha? To ligando pra ela faz mo cota, já até colei na pista. A patroa da loja, disse que ela só deu um trampo de manhã!
Tainá: Ah, não! Sam, não pode ter feito isso! - murmurei assustada.
Orelha: O que?! - franziu o cenho.
Tainá: Bora pra casa dela, no caminho te conto! - abri o portão - LÉO DA UMA OLHADA NA ELOÁ!
Entrei no carro do Orelha, e descemos a favela.
Orelha: Dá o papo, Tainá - falou, me olhando de canto.
Tainá: Foi assim, a Samantha descobriu que está gravida, e...
Orelha: Grávida?! - deu uma freada com o carro, que me fez quase rachar a cara no vidro.
Tainá: Porra, Orelha! - dei um se liga no mesmo - Mas cuidado, otário!
Orelha: Foi mal - ligou o carro novamente - É que a gente não se cuidou, as duas vezes que transamos e...
Tainá: Desencana, o baby nem é teu - balancei a cabeça - Continuando, ela está de 6 semanas, então o filho é do Cadu. Ela me ligou doida, disse que ia tirar a criança, e eu falei que iria contar pro Cadu. E te falar, preferia mil vezes que você fosse o pai, o cretino do Cadu, esculachou minha amiga, teve coragem de chamar a criança de merda! Falou que não era dele, e um pouco mais. Tu acredita? - falei indignada.
Orelha: Pô, ele deve saber o que tá pegando entre a gente, to boladão hein! Mas te falar, eu curto a Samantha demais, não me recusaria a criar a criança! - murmurou.
Tainá: To ligada que tu é responsa! - sorri.

Chegamos em frente o sobrado, Orelha estacionou o carro e descemos. O tio dele estava parado em frente ao salão que havia embaixo, conversando com um cara.

Orelha: Oh tiozão - cumprimentou o tio.
Tio: E ai, meu pia - sorriu - Namorada nova, é?
Tainá: Tá doido, amigos! - dei risada.
Orelha: Viaja não, viaja não - balançou a cabeça - Pô, tu sabe se a Samantha ta por ai?
Tio: Ela não tá!
Orelha: Pô, ela sumiu, cara... A gente tá bolado!
Tio: Então, esse é o Carlos que trabalha na rede de transportes lá da pista - apontou para o cara com quem ele conversava - Ele disse que uma moça foi abordada no ônibus hoje, foi obrigada a descer, uma cara armado a ameaçou, ele não levou nada, só a moça!
Tainá: Nossinhora!- engoli em seco - Como era essa moça, tio? - perguntei para o tal Carlos.
Carlos: Ah, morena, um corpinho formoso, o cabelo tava preso, mas parece ser comprido. Eu peguei ela no ponto próximo ao laboratório Central - falou.
Tainá: É ELA... É A SAMANTHA, ORELHA! - berrei desesperada.
Orelha: Calma, calma - segurou meus ombros - Não é nada certo, Tainá!
Tainá: Ela... Ela falou que tinha medo de sair do morro, porque um cara já pegou ela uma vez! - comecei a chorar.

AO SUBIR O MORRO (F!)Onde histórias criam vida. Descubra agora