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Samantha narrando:

Acordei no dia seguinte com um falatório, era o Dodô, meu estomago embrulhava violentamente, só de ouvir a voz daquele ser.

Dodô: Bom dia, dorminhoca! - me olhou, sorrindo.
Samantha: De bom não tem nada! - respondi secamente.
Dodô: Ihh, cheia de marra, hein mina - riu com sarcasmo.

Nem respondi, me levantei e segui até o banheiro. Lavei o rosto, escovei os dentes, e prendi o cabelo em um coque frouxo. Fiquei me observando no espelho, meu rosto estava pálido, e as olheiras havia formado uma enorme camada.

Daleste: Tá com fome? - perguntou, adentrando no banheiro.
Samantha: Não - balancei a cabeça negativamente - Estou me sentindo mal!
Daleste: Pô, tu tem que se alimentar, princesona! - segurou meu rosto.
Samantha: Eu quero sair daqui - choraminguei, me aconchegando nos braços dele.
Daleste: Logo tu vai tá livre, tu vai ver! - sorriu, beijando o topo da minha cabeça.
Dodô: SAMANTHA! COLA AQUI, PORRA! - me gritou.
Samantha: Eu odeio ele! - murmurei, rolando os olhos.
Daleste: Eu sei - assentiu.
O Daleste foi usar o banheiro, eu segui até a cozinha, pra ver o que o Dodô queria.
Samantha: Fala!
Dodô: Pô, dá uma olhada nesse caralho - me encarou, passando o seu celular.
Franzi o cenho, meio confusa, e comecei a ler a noticia que estava na página.

''Estudante Bernardo Azevedo Junior, 20, filho do casal de empresários Frazzato, foi assassinado em sua residência no Leblon, na noite passada:
A namorada do estudante, Paola Bergantine, 19, presenciou o assassinato. No relato da jovem, que se encontrava em estado de choque, consta que o melhor amigo de Bernardo, Tiago Paes, 21, acompanhado de uma adolescente, de identidade desconhecida, foram até a Residência Frazzato a procura do jovem. Depois de uma discussão, acompanhada de agressão física, a adolescente golpeou o estudante com dois golpes de faca. Os dois suspeitos se encontram desaparecidos.''

Meu coração acelerou rapidamente, o celular caiu da minha mão, me fazendo despertar com o barulho do mesmo ao desmontar no chão.

Samantha: Foi a Bia! - balbuciei, sentindo minha garganta arranhar.
Dodô: Certeza que foi aquela pilantra! Desgraçada, se ela me caguetar, eu furo aquela vadia na bala! - falou com raiva, pegando o aparelho no chão.
Samantha: Meu irmão! - senti as lagrimas descerem pelo meu rosto - Eu... Eu preciso ver meus pais, Dodô, por favor! - supliquei.
Dodô: Ahhh, tá! - riu irônico - Sossega esse rabo.
Samantha: VOCÊ TEM NOÇÃO QUE EU ACABEI DE PERDER MEU IRMÃO?! E A CULPA DISSO É TUA, SEU DESGRAÇADO! - berrei - VOCÊ COLOCOU ELES NESSA VIDA INFERNAL! TU MERECE MORRER, EU TE ODEIO! VOCÊ DESTRUIU A MINHA VIDA! - eu gritava descontroladamente, cuspindo as palavras, quando dei por mim, já estava com as mãos fechadas em punhos, dando fortes socos em seu peitoral.
Dodô: CALA A MERDA DESSA BOCA, SUA PIRANHA! - se levantou, segurando meus pulsos com força - Teu irmão nem liga pra ti, ele participou do seu sequestro, sem pensar duas vezes. E tu tá ai, dando uma de porra louca, por causa dele! - falou em um tom sarcástico.
As lagrimas quentes desciam pelo meu rosto, eu o encarava com um ódio profundo, enquanto respirava descompassadamente.
Samantha: VAI A MERDA, SEU OTÁRIO! - gritei, lhe acertando um cuspe na bochecha.
Dodô: PUTA DE MERDA! - me acertou um soco no nariz, que me fez cair para trás.
Daleste: MAS QUE CARALHO TÁ ACONTECENDO AQUI? - perguntou assustado, ao adentrar na cozinha.
Dodô: TU FICA NA TUA, PORRA! - falou alterado, limpando o rosto - MEU NEGÓCIO É COM ESSA VADIA!
Eu o encarava assustada, sentindo o gosto do sangue que passava pela boca, e descia até meu queixo. Dodô arrastou as cadeiras que nos separavam, e veio na minha direção, como um bicho doido.
Dodô: TU NUNCA MAIS VEM CRIAR PRA CIMA DE MIM! - segurou meu pescoço, me dando um tapa no rosto.
Samantha: PARA, DODÔ! - pedi, tentando empurra-lo.
Daleste: Cara, solta a mina - falou, puxando a barra da camiseta do Dodô.
Dodô: TU NÃO SE METE, DALESTE! - virou para ele - TÁ QUERENDO LEVAR, TAMBÉM?
Daleste: Não - murmurou - Mas, pô... A mina tá grávida, da outro castigo pior, mano! - ele falava olhando em meus olhos.
Dodô: Qual foi? - franziu o cenho.
Daleste: Deixa sem comer, sem beber... Tu pode botar um f que vai ser pior! - sorriu forçado.
Dodô: É - assentiu e me soltou - Tu é o cara lelek, melhor que teu irmão! - riu, dando um tapinha nas costas dele.
Continuei encarando o Daleste, não sabia se agradecia ou xingava.
Dodô: SEM COMER NADA, E SEM BEBER NADA, ATÉ DEPOIS DE AMANHÃ! - me encarou - VÊ SE TU APRENDE FICAR NO TEU LUGAR.
Fiquei muda, ele chamou o Digão e os dois saíram.
Daleste: Porra, tu é doida mermo - estendeu a mão para mim, me levantando.
Samantha: Meu irmão - murmurei - Morreu!
Daleste: Caralho, Samantha! - me abraçou pela cintura - Eu sei que é difícil, mas tu tem que pensar no teu filho, mano!
Samantha: E essa história de me deixar sem comida? - perguntei.
Daleste: Caô, né. Eu vou cuidar disso pra ti - sorriu, limpando meu nariz com os dedos.

Cada dia que passava, minha admiração por ele crescia. Eu fiquei admirando seu olhar, seu jeito como cuidava de mim, era surreal.

Daleste: Que foi? - riu.
Não respondi, apenas colei nossos lábios, iniciando um beijo.
Daleste retribuiu o beijo, entrelaçando minha língua na sua, suas mãos apertavam minha cintura, colando nossos corpos. Segurei sua nuca, mordendo e puxando seu lábio inferior, assim finalizando o beijo com selinhos demorados.
Daleste: Sério que tu fez isso? - riu, me soltando devagar.
Samantha: É, acho que fiz - sorri sem-graça, sentindo meu rosto corar.
Daleste: Porra, mas ai, foi como beijar minha irmã - fez careta.
Samantha: É, foi bem ruim mermo! - assenti.
Daleste: Palhaça! - me empurrou de leve - Vou buscar algo pra tu comer, antes do Dodô voltar! - falou, me dando um tapa na coxa.

Assenti. Dei uma organizada nas coisas, e me deitei no meu colchão, esperando o Daleste. Realmente não senti nada naquele beijo, eu considerava o Daleste como um irmão, e foi uma atitude impensada. Talvez por conta da enorme carência, que estava habitando em mim.

AO SUBIR O MORRO (F!)Onde histórias criam vida. Descubra agora