64

10.1K 690 40
                                    

Bernardo narrando:

Cheguei em casa depois das 21:00hr, havia passado a tarde inteira no Antares, já tava chapadão de tabela. Hoje o baile ia ser o fluxo, como dizem, queria pegar altas novinhas. Abri a porta com as minhas chaves, e já fui entrando, dei de cara com os meus pais sentados no sofá.

Bernardo: E ai, família! - sorri, seguindo direto para as escadas.
Marcos: FAMÍLIA?! SEU FILHO DE UMA MÃE! - ele gritou, me segurando pela camiseta.
Lavínia: MARCOS! POR FAVOR! - minha mãe chorava.
Marcos: CALA A PORRA DESSA BOCA LAVÍNIA! SE ESSE MOLEQUE TORNOU-SE UM MARGINAL, FOI PORQUE TODAS AS VEZES QUE TENTEI EDUCA-LO VOCÊ ABRIU ESSA PORRA DE BOCA CHORANDO! - ele cuspia as palavras, totalmente exaltado.
Bernardo: Pai, o que tá rolando? Eu... - perguntei confuso.
Marcos: PAI O CARAMBA! TEU PAI É AQUELE BANDIDO, EU ME ESFORCEI PRA SER TEU PAI, MAS VOCÊ PREFERIU SEGUIR OS PASSOS DO OUTRO!
Bernardo: O que tá pegando aqui?! Dá pra falar, porra?! - me soltei do mesmo, e fui me sentar.
Marcos: O que tá pegando?! - o mesmo levou as mãos ao rosto - Cadê meu relógio da Suiça?
Bernardo: Relógio? Que relógio? - engoli em seco, porra, meu pai descobriu.
Lavínia: Tá vendo, Marcos? Ele não sabe, não foi ele quem pegou! - murmurou entre soluços.
Marcos: Cadê, Bernardo? - perguntou novamente, impaciente.
Bernardo: Vou lá saber, caralho?! - balancei a cabeça.
Marcos: Ah, mas você sabe, sim! - riu sarcástico - VOCÊ SABE! - foi tudo muito rápido, senti sua mão em cheio acertar meu rosto, me fazendo deitar no sofá.
Lavínia: BERNARDO! - correu até mim, me levantando.
Marcos: SAÍ, LAVÍNIA! - empurrou minha mãe, fazendo a mesma cair no chão.
Bernardo: QUEM CONTOU ISSO PRA TU?! - perguntei, me levantando, passando a mão na boca para limpar o sangue.
Marcos: Sua irmã! - respondeu - Já to sabendo de tudo! Sai dessa cara agora! - apontou para as minhas malas, que estavam feitas.
Bernardo: QUER SABER? ROUBEI MERMO! E ROUBARIA DE NOVO! TO USANDO COCAÍNA E VOCÊ NÃO TEM NADA A VER COM ISSO! TU É UM PELA SACO, QUE ACHA QUE MANDA EM MIM! VAI TOMA NO SEU CU, MARCOS! MINHA MÃE FOI UMA OTÁRIA DE CASAR COM UM BABACA FEITO TU! - berrei, com um sorriso nos lábios. Eu odiava aquele desgraçado.
Marcos: SOME DAQUI, AGORA! - berrou, segurando na gola da minha camisa.
Dei um empurrão nele, e fui pegar as minhas malas.
Lavínia: Filho, por favor! - suplicou.
Bernardo: Não fode, mãe! - bufei, indo em direção a porta.
Lavínia: Marcos...
Marcos: SE QUISER VAI COM ELE! - gritou.
Ela ficou em silêncio, apenas chorando. Coloquei as malas para a fora e sai, batendo a porta.

Samantha narrando:

Dei uma última conferida no espelho, peguei minha carteira de mão, e saí do quarto. O Cadu estava se vestindo no banheiro, cheguei por trás do mesmo.

Samantha: Tá pronto, amor? - perguntei, alisando sua barriga.
Cadu: Ai... - se virou para mim - Caralho, Samantha! Tu caprichou hein! - arregalou os olhos.
Samantha: Tu não pediu? - sorri, fazendo graça.
Cadu: Delicia! - beijou meu rosto, dando um cheiro no meu pescoço.
Samantha: Você! - coloquei as mãos em volta de seu pescoço - Vamos?
Cadu: Bora, só vou terminar de me arrumar, gata! - sorriu.

Assenti, indo para a sala, fiquei vendo TV até o Cadu ficar pronto. Pior que mulher, eu hein! Fomos de carro para o baile, a quadra não ficava muito longe da nossa casa, chegamos rapidamente. Cadu estacionou o carro e descemos, o batidão já tava doido, deixando qualquer um surdo.

Cadu: Tudo suave? - olhou, entrelaçando nossos dedos.
Samantha: Uhum! - sorri.
Logo que colocamos o pé no baile, vi os olhares caindo sobre a gente, fiquei super sem-graça, mas fingi nem notar. Um dos vapor, trouxe bebidas para nós, ficamos embrazando na pista, tava bem lotado.
Samantha: Vamos para o camarote? - sugeri, sussurrando em seu ouvido.
Cadu: Depois, amor! - sorriu - Vou fazer um bagulho, já volto!

Ele nem esperou eu responder, e sumiu do meu campo de visão, não entendi nada. Continuei bebendo e dançando de leve, quando a música parou e todas as luzes se apagaram.
Fiquei um pouco assustada, mil coisas já começaram a se passar na minha cabeça, fiquei morrendo de medo que fosse um atentado contra o Cadu. Mas então, uma música de fundo começou a tocar, quebrando o silêncio, e apenas a luz do palco, onde os MC's se apresentavam, acendeu.
Todos os olhares se direcionaram para lá, ninguém estava entendendo nada. Foi então que vi o Cadu todo sorridente, ele olhava diretamente para mim.

Cadu: BOA NOITE, GERAL! - ele falou no microfone.
Geral: BOA NOITE!
Cadu: NÃO VOU INTERROMPER O BAILE NÃO, MAS QUERO UM MINUTO DA ATENÇÃO: PRIMEIRO EU VOU DEIXAR UMA MÚSICA AQUI PRA UMA MINA ESPECIAL, EU NÃO VOU CANTAR, PORQUE NÃO QUERO NINGUÉM INDO EMBORA! - riu - MAS PRIMEIRO, EU QUERO ELA AQUI DO MEU LADO! SAMANTHA, VEM?

Fiquei totalmente boquiaberta, meu rosto queimava de tanta vergonha, caminhei rapidamente até o palco, o Cadu me estendeu a mão para me ajudar a subir.

Samantha: O que você tá fazendo? - sussurrei em seu ouvido.
Cadu: Relaxa! - apertou meu queixo - TORVIC, SOLTA O SOM AÊ! - mandou.
Então começou a tocar: Areia em minhas mãos - Sorriso Maroto. Ele segurou minha cintura, aproximando nossos corpos, enquanto a música tocava, o mesmo cantarolava no meu ouvido.

Cadu: Eu achei que o mundo só girava ao meu redor, eu pensei que tudo o que escolhia era melhor. Eu jogava os dados, dava as cartas, guerra e paz. Quando acordei sozinho percebi que tanto faz... - sussurrou.
Não consegui me conter, eu chorei a música inteira, nunca esperei uma atitude dessa. Logo que a música terminou, o Cadu tomou o microfone novamente, recomeçou a falar olhando para mim.

Cadu: Amor, eu nunca fiz um bagulho desse, então - riu sem-graça - Mas, quero te falar, que antes de tu aparecer na minha vida, eu sempre falava que nunca ia me prender, que amor era coisa pra fraco. E tu me mostrou totalmente o contrário, quem sem amor é que somos fracos, ta ligada. O seu amor me deixa forte, me faz acordar todos os dias na disposição, eu não consigo mais me ver sem ti do meu lado. Pode parecer patifaria, mas Samantha, eu te amo! - segurou meu rosto.
LF: IH, O CHEFE TA DOMINADO! - gritou, rindo.
Cadu: To mesmo, otário! - riu.

AO SUBIR O MORRO (F!)Onde histórias criam vida. Descubra agora