AO SUBIR O MORRO (F!)

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Cadu narrando:

Cheguei na boca estressado pra caralho, eu tinha agido como um otário, mas a Samantha mereceu. Fiz de tudo pela mina e ela ainda não botou um F, assim nem rola.

Cadu: Atividade nessa porra, hein! Quero ninguém de patifaria não! - agitei, despertando os moleques que estavam sentados.
Vapor: Chefe, tem gente querendo falar com tu! - falou debochado.
Cadu: Quem é? - frazi o cenho.
Vapor: Paloma! - falou entre risos, olhando para os outros.
Cadu: Ai meu caralho! - revirei os olhos - O que essa mina quer?
Vapor: Sei não! - deu de ombros.
Cadu: Vou ver. Atividade hein, tudo nossa porra! - falei alterado, seguindo para a minha sala.
Logo que entrei levei um susto, a Paloma tava praticamente careca, a olhei por um tempo, tentando conter o riso, mas nem deu.
Paloma: PARA DE RIR, CADU! - falou brava, me olhando séria.
Cadu: O que... - tentei controlar o riso - O que rolou? Por que tu tá assim?!
Paloma: A puta da sua namoradinha, olha o que ela fez! - resmungou, com a voz estridente.
Cadu: A Samantha?! - olhei confuso - Porra pra ela ter feito essa fita, tu mereceu! - dei de ombros, ainda rindo.
Paloma: Ela e o LF fizeram isso!
Cadu: O que meu parça tem a ver com o bagulho?! - balancei a cabeça.
Paloma: Eu peguei os dois juntos!
Cadu: Como que é?! - me aproximei da mesma, segurando em seu pulso com força.
Paloma: Me solta, Cadu! - se afastou, tentando se soltar, mas não deixei - É isso mesmo que tu ouviu!
Cadu: EU MANDEI REPETIR, PORRA! - gritei.
Paloma: Eu... Eu vi a Samantha e o LF juntos, eles estavam se agarrando, ai eu vi e falei que ia contar pra tu. Eles me seguraram, a Samantha me bateu, e o LF ajudou a cortar meu cabelo! - sua voz estava trêmula - Foi horrível, Cadu! - começou a chorar.
Cadu: Tu tá mentindo, vagabunda! - segurei seu rosto, e a encarei.
Paloma: Eu juro que não! Cara, tu tem que acreditar... - suplicou.
Cadu: VADIA! - lhe dei um tapa ardido no rosto - O LF JÁ TINHA ME FALADO! SÓ NÃO CONTOU QUE O BAGULHO TINHA SIDO FEIO DESSA FORMA! - balancei a cabeça, e ri.
Paloma: ELE MENTIU! - insistiu na mentira, segurando a gola da minha camiseta.
Cadu: SAI, PORRA! - a empurrei - SE TU NÃO SUMIR DESSE MORRO, EU SUMO CONTIGO! - falei sério - Chega dessa putaria! Tu é mo isquerinha, minha favela não aceita crocodilagem não! Rala! - puxei seu braço novamente, jogando a mesma para fora da sala.
Paloma: Não, por favor! Eu não tenho pra onde ir! - voltou a chorar, tentando me segurar.
Bati a porta com força, deixando a mesma para fora. Nunca que eu iria acreditar naquela vadia, o LF nunca faria um lance desse, já a Sam tenho minhas duvidas.
Meu rádio apitou, suspirei impaciente e já atendi.

IDL:
Cadu: Fala mermo!
LF: É o LF, jaé. Ai churrasco da hora amanhã!
Cadu: Churras? Opa! Onde vai rolar? - perguntei, já me empolgando.
LF: No Faz Quem Quer, o Orelha que deu um salve. Ai to te chamando.
Cadu: Ih, vou não hein - broxei na hora - Com certeza ele deve ter chamado a Samantha, to afim de trombar os dois não!
LF: Coé pô, certeza parceiro? Eu vou, dar uma moralzinha lá, garantir nossa parceria então!
Cadu: Firmão, bom churrasco. Vê se consegue uns quilos de maconha lá, precisamo correr atrás disso mais além.
LF: Jáe. Falou, parça!
Cadu: Falou! - desliguei.
FDL.

O Orelha é sub dono do Faz, desde quando eu assumi a Rocinha, firmei uma parceria com ele, o cara tá sempre fortalecendo. Então se ele tivesse com a Samantha lá, preferia não ver, não quero misturar o profissa com o pessoal. Continuei na boca, ocupando a mente, assim não sobrava tempo pra pensar na Samantha. No final da tarde fui pra casa da minha mãe, fiquei lá com ela, matando a saudade.

Samantha narrando:

Acordei cedo no domingo, a Eloá estava chorando demais, e aquilo me incomodava. Levantei da cama, e fui para o berço, pegando a mesma. Comecei a embalar no meu colo, brincando com ela, rapidinho ela se acalmou.

Tainá: Amiga? - falou sonolenta - Já acordou?
Samantha: Shi!- fiz sinal para ela falar baixo, coloquei a bebê no berço e voltei pra cama.
Tainá: Ela acordou? - franziu o cenho.
Samantha: Sim, acordou chorando, acho que são os dentinhos nascendo - dei de ombros.
Tainá: Ah, pode crê, é isso mermo - assentiu - Que horas são?
Samantha: Vou ver, espera - falei, pegando o celular no criado - São exatamente: 9:00hr!
Tainá: Vou levantar, antes da 13:00hr, o LF vai vir me buscar - se espreguiçou.
Samantha: Hum, vocês vão? - perguntei.
Tainá: Claro, gata! O Cadu não quis, ai ele me chamou, adoro o frevo daquele lugar!- disse sorrindo.
Samantha: Hum! - murmurei.

Enquanto ela fazia suas necessidades no banheiro, eu fui pra cozinha, com muito cuidado pra não acordar o Léo e nem a Marta, fiz o café e montei a mesa, com o que encontrei no armário.

Tainá: Não vai mermo, amiga? - perguntou, entrando na cozinha.
Samantha: Não, nem to com pique - dei de ombros, enquanto prendia meu cabelo em um coque frouxo.
Tainá: Tu que sabes! - sorriu forçado.

Fui para o banheiro, lavei o rosto, escovei os dentes, fiz minhas necessidades pessoais, e entrei no quarto. Comecei a arrumar a cama, mas parei quando meu celular vibrou, havia chegado um SMS.
''Orelha, ás 9:35:02hr: Bom dia, bela rosa! Pô, quero ver tu hoje, não esquece do meu convite!''
Rolei os olhos, tudo que eu menos queria era um homem no meu pé. Deixei o celular de lado, e voltei a arrumar o quarto, logo que acabei, fui para a cozinha.

Samantha: Bom dia, gente! - falei sorrindo, para o Léo e a Dona Marta.
Marta: Ótimo dia! Hoje é dia de almoçar fora, e pagodear! - falou animada.
Samantha: Ah! - ri - Tu vai no Faz? - me sentei a mesa.
Marta: Claro, minha filha! - assentiu.
Léo: Eu também, né não? - perguntou ingênuo.
Marta: Vai uma porra! Tu tem idade pra isso não! - balançou a cabeça.
Léo: Vou comer o que então, mãe? - fechou a cara.
Samantha: Calma, eu vou ficar, Leozinho! - sorri, alisando seu rosto.
Marta: Vai não, doida? - franziu o cenho.
Tainá: Vai nada, mãe! Quer ficar no barraco, chorando por macho! - falou.
Samantha: Nada a ver! - suspirei - Só não to afim! - dei de ombros.
Marta: Ih, tu é burra! Homem me pega mais não, já tive mais de dez, tudo vagabundo! Cadê o pai dessas peste? Nenhum dos três tem pensão, nunca teve! - balançou a cabeça.
Samantha: Três? - franzi o cenho.
Tainá: É, meu irmão caiu preso. Foi passar droga pro Cadu na pista, os verme pegou! - sua voz era triste.
Léo: Quando o Dener volta, mãe?
Marta: Só Deus sabe, o pior é a humilhação que tu enfrenta, o sistema carcerário ta cada dia pior, minha filha! A comida deles parece merda, gasto mais de R$ 800,00 com cesta básica, em menos de dois meses, eu hein! - suspirou.
Tainá: Certeza que a Lili logo canta! - sorriu.
Samantha: É foda! - foi a única coisa que consegui dizer. Eu me surpreendia, como um povo tão sofrido, conseguia sorrir assim.
Tainá: A Eloá vai, vou dar banho nela! - falou, indo pro quarto.
Marta: Além de vó sou mãe, porque quem sustenta sou eu, né! Oh costa larga! - riu.
Eu ri.

Ficamos conversando até a Tainá se arrumar, enquanto a Dona Marta tomava banho, eu pranchei o cabelo da mesma, e a maquiei. A Eloá estava toda fofa, com um vestidinho frufru, pique princesinha.

Tainá: Mãe, o LF chegou! - gritou.
Marta: To indo. Tchau moleque, tu fica no talento, hein! - falou brava pro Léo, que nem respondeu, vidrado na televisão.
Tainá: Tchau amiga! - beijou meu rosto.
Samantha: Tchau, se divirtam! - sorri.
Marta: Tchau, linda! - acenou pra mim.
Fechei a porta, após elas saírem.
Samantha: Leonardo, vou tomar banho, e já faço nosso almoço! - avisei.
Léo: Jaé! - assentiu.

Peguei minha toalha e entrei no banheiro. Me despi, e liguei o chuveiro, fiquei um bom tempo ali, a água estava uma delicia, mas não lavei o cabelo. Me enrolei na toalha e abri a porta, pra me trocar no quarto.

Léo: Tu mora lá? Tu conhece o Wilian? Estuda comigo! - ouvi ele conversar.
XxXxX: Conheço não, pô! - meu coração parou, ao ouvir aquela voz, senti meu corpo tremer.
Samantha: O QUE TU TA FAZENDO AQUI?! - gritei em choque - LEONARDO VAI PRO QUARTO!