AO SUBIR O MORRO (F!)

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Fiquei em silêncio, tive que controlar a vontade imensa de pular em seus braços e pedir que nunca mais me deixasse ir embora.

Samantha: Já acabou? - perguntei rudemente, quebrando o silêncio por fim.
Cadu: É - deu de ombros - Já!
Samantha: Então, Carlos Eduardo - suspirei e dei uma pausa - Eu te amo, te amo mesmo, e as vezes não entendo como posso... Como posso lidar com esse amor, com essa vida, com o que minha vida se transformou! Eu não me arrependo de nada, tudo que fiz, valeu a pena e talvez futuramente, ainda ira continuar valendo a pena. Eu não posso piscar os olhos e esquecer o que rolou ontem, como tu agiu... E não quero voltar contigo, pra casa, com esse sentimento infeliz! - logo que terminei de falar, percebi as lagrimas rolando no meu rosto.
Cadu: Então - balançou a cabeça - Isso é um não? Já era? - sua voz estava falhada.
Samantha: Eu quero um tempo. Não seria justo com nós dois, jogar tudo fora dessa forma, sem uma segunda chance! - murmurei, enxugando as lagrimas.
Cadu: Não chora, namoral - se aproximou, tomando meu rosto em suas mãos, e depositou um beijo em minha testa.
Samantha: Não, por favor - me afastei.
Cadu: Amor, eu te amo! Me perdoa! - tentou me abraçar pela cintura.
Samantha: PARA! - me alterei - Eu também te amo, amo muito. Mas é melhor, vamos dar esse tempo! - falei.
Cadu: Firmeza, eu vou te esperar, gata! Te juro! - assentiu.
Samantha: Isso se a Paloma não for atrás de tu, né! - resmunguei irônica.
Cadu: Eu já falei, porra! Não te trai com aquela puta, nunca! - coçou a cabeça, nervoso.
Samantha: Tá! Vou entrar, até logo. Se cuida, viu! - abri o portão.
Cadu: Quando? - segurou meu braço - Quando eu posso falar com tu?
Samantha: Eu te procuro, pode ser? - franzi o cenho.
Cadu: Jaé! - sorriu de canto - Um abraço? - fez bico.
Samantha: Cadu! - rolei os olhos.
Cadu: Só um? - me olhou.

Foi inevitável resistir a aquele pedido, acompanhado de um bico fofo. Fui até o mesmo, e nos abraçamos por longos segundos, me soltei do Cadu com relutância, minha vontade era fazer morada em seu abraço como antes.

Samantha: Pronto! - sorri forçado.
Cadu: É! - suspirou - Até depois!
Samantha: Até! - murmurei, e entrei para dentro em seguida.
Ele ficou me observando entrar dentro do barraco, mas nem dei confiança.

(...)

Tainá: Voltaram, né?! - perguntou empolgada, assim que pisei dentro de casa.
Samantha: Não! - revirei os olhos.
Tainá: Porra, Samantha! - balançou a cabeça.
Samantha: Amiga, não to afim de falar sobre isso - suspirei - Por favor.
Tainá: Jáe, pô! - fechou a cara, e voltou a mexer no fogão.

Fui arrumar a cama, e dei uma ajeitada nas minhas coisas, para não ficarem espalhadas no chão. Me deitei na cama, e fechei os olhos, eu sabia que havia tomado a decisão certa, só não sei que consequências isso me traria, ou talvez não traria quaisquer consequências.

1 semana depois...

Terminei de organizar o estoque da loja, minha animação era visível, afinal é sexta-feira. Me despedi das meninas, jogando um beijo no ar e, segui até o terminal. Peguei um ônibus, e depois fui para o metro, até chegar na entrada da Rocinha. Estou morando na casa da Tainá, ainda. A dona Marta insistiu para que eu ficasse lá o tempo que precisar, estou me dando muito bem com todos, sem contar que nem paro em casa, o colégio e o trabalho, sugam todo o meu tempo. Hoje não haveria aula, está tendo conselho de classe, e isso deixou minha animação completa, pretendia passar a noite comendo pizza e assistindo qualquer coisa na tv.

Samantha: Oh de casa! - entrei batendo na porta, jogando minha bolsa sobre a cama.
Tainá: Oi, gostosa! - sorriu, a mesma estava sentada assistindo novela, enquanto amamentava a Eloá.
Samantha: Tudo certo por aqui? - perguntei, dando um beijo na testa da bebê.
Tainá: Tudo sussa! Animada pra sair hoje? - sorriu empolgada.
Samantha: Sair? - indaguei - Não!
Tainá: Porra, tu só fica dentro de casa. Bora pro baile, bora curtir! Duvido que o Cadu, fica em casa, nessa choradeira! - balançou a cabeça.
Samantha: Tainá! To pouco me lixando pro Cadu, eu hein. Ele tá solteiro, faz o que bem entender! - resmunguei, entrando no banheiro.
Ela não desiste, colocou a Eloá no berço e me seguiu, adentrando no banheiro.
Tainá: Amiga, por favor! - cruzou as mãos.
Samantha: Vai tu, eu fico cuidado da Eloá! - sorri.
Tainá: Não, o Leonardo faz isso - balançou a cabeça.
Samantha: Ele é só uma criança, Tainá! - revirei os olhos.
Tainá: Ele faz isso faz tempo! - riu - Vamo? Vamo?
Samantha: E sua mãe? Ela pode achar ruim de você sair! - continuei arranjando desculpas.
Tainá: Ela vai pro pagode, mona! Tu vai e pronto! - sorriu convencida.
Samantha: Olha, se tu ficar bêbada, ou eu achar um porre: Juro que volto embora! - falei séria.
Tainá: Jaé - sorriu - Te amo - beijou meu rosto e saiu do banheiro.
Revirei os olhos e ri, talvez eu precisasse mesmo me divertir.

Terminei de fazer minhas necessidades, e voltei para a sala, fiquei assistindo televisão com a Tainá e comendo pipoca, depois a dona Marta chegou, junto com o Léo, e a ajudei guardar as compras. Ficamos jogando conversa fora, quando foi mais ou menos 21:30hr, começamos a se arrumar.
Tomei um banho rápido, porém caprichado, aproveitei e lavei o cabelo, passei hidratante corporal, desodorante, escovei os dentes, entrei no quarto, vesti um par de lingerie pink, escovei e pranchei o cabelo, caprichosamente.

Tainá: Menina, que corpo é esse! - falou, entrando no quarto, enrolada na toalha.
Samantha: Para, sou magrinha! - ri, sentindo o rosto corar.
Tainá: Magrinha sou eu. Tu é gostosa. Eu sempre fui magrela, mas emagreci mais depois que ganhei a neném - falou desanimada.
Ela tirou a toalha e começou a se trocar na minha frente, sem vergonha alguma.
Tainá: Ai, tu pracha meu cabelo? - perguntou.
Samantha: Poxa, ele é tão lindo assim - fiz bico - Mas senta aqui, eu escovo e prancho, rapidinho!
Tainá: Jaé - sorriu - Ah, to cansada de usar ele sempre assim.
Assenti, e comecei a separar o cabelo da mesma. Demorou quase uma hora, mas ficou lindo, totalmente liso.
Tainá: Caraca, amei! - sorriu, jogando o cabelo de lado.
Samantha: Eu também!- sorri - Agora deixa eu me arrumar.

Ela foi se trocar, eu demorei um pouco escolhendo a roupa, mas logo me decidi. Me vesti, fiz uma make bem glamourosa, com direito a pela perfeita, delineado marcante e batom vermelho, bem mate. Borrifei bastante perfume, se tem uma coisa que eu gosto, é tomar banho de perfume, calcei meu salto, e prendi minha franja em um topete alto, deixando o restante do cabelo totalmente liso. Optei por uma bolsa de lado preta, para dar um contraste no look.

Samantha: Como estou? - perguntei, entrando na sala.
Léo: Puta que pariu! Gostosa! - falou, me olhando.
Marta: Moleque, vou quebrar sua boca! - o repreendeu - Tá chique, mona!
Tainá: Tá gostosa, piranha! - deu um tapinha na minha bunda.
Samantha: Obrigada, gente! - ri - Bora?
Tainá: Calma, o LF não chegou!
Samantha: Ah, ele vai? - perguntei desanimada.
Tainá: Relaxa, o Cadu não vai.
Samantha: Menos mal - murmurei.
Tainá: Hoje o baile vai ser no Faz Quem Quer! - mordeu os lábios empolgada.
Samantha: É favela isso? - franzi o cenho.
Tainá: Isso! É o frevo, porra!