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Samantha narrando:

Acordei cedo no domingo, pois fui dormir super cedo no sábado. Depois de organizar a casa, tomei um banho rápido, escovei os dentes, passei hidratante corporal, desodorante, vesti um shorts jeans surrado, de lavagem clara, um cropped branco de crochê, passei uma chapinha no cabelo, e fiz um rabo de cavalo alto no mesmo, finalizei com uma base no rosto, delineado de gatinho e um batom nude.
Me sentei no sofá e peguei meu celular, iria chamar a Tainá para almoçar em casa, mas o mesmo começou a vibrar, era o número da minha mãe no visor, eu sabia de cor. Meu coração foi na boca e voltou, atendi quase no último toque.

IDL:
Samantha: Oi... mãe!
Lavínia: Samantha! Ainda lembra que tu tem mãe?
Samantha: Mãe, olha, eu...
Lavínia: Tanto faz. Acho que você ficou sabendo sobre... - deu uma pausa - Sobre a morte do Bernardo, sim? Deu em todos os jornais!
Samantha: Eu vi sim. Como a senhora está?
Lavínia: Como você imagina? Ótima! - deu uma risada fraca.
Samantha: Mãe, escuta. Eu não liguei antes porque eu sabia que a senhora não queria falar comigo, eu sinto muito por tudo que aconteceu, o Ber não merecia!
Lavínia: Ah, Samantha! Eu sei muito bem que você está por trás disso. E não me chame de mãe, entendeu? Você levou seu irmão pra essa vida horrorosa! Tão novo, meu bebê... Nem no enterro você teve a decência de vir, pelo menos para fingir arrependimento!
Samantha: Arrependimento?! NÃO! - falei alterada - Você é doida! Eu não tenho nada a ver com isso. Quem escolheu esse caminho foi o Bernardo mesmo!
Lavínia: Chega, não quero te ouvir. Eu peguei seu novo número com o seu pai, ele achou que tu gostaria de saber que estou indo embora. Nós nos divorciamos, e estou voltando para o interior!
Samantha: Interior?
Lavínia: Sim, vendi minha parte na nossa casa, estou indo morar com a sua tia!
Samantha: Eu... Eu queria te ver, e...
Lavínia: Não - me interrompeu - É só isso, ligue pro seu pai, ele está preocupado com ti. Até!
Samantha: Tchau, mãe! - murmurei.
Ela desligou.
FDL.

Joguei o celular de lado, e soltei o choro preso na garganta, era extremamente dolorido ver o que eu havia me tornado para a minha mãe, o modo como tanto faz para ela, eu estar viva ou morta. Agarrei minhas almofadas e me deitei no sofá, chorando de soluçar profundamente.
Minha cabeça já latejava, sabe aquele choro que parece que não vai parar até não restar mais lágrimas? Então. Eu não tinha parado pra pensar no rumo que as coisas haviam tomado, não me arrependo de nada do que eu fiz, porque agora ganhei o melhor presente do mundo, meu filho. Mas era chocante como tudo virou de cabeça pra baixo, em menos de 6 meses.
Levei um susto com a campainha que começou a tocar, resolvi ignorar, mas a pessoa continuou insistindo.

Cadu: Sam? - bateu na porta, me chamando.
Permaneci em silêncio.
Cadu: Amor, eu sei que tu tá ai - insistiu.
Suspirei pesadamente e levantei, nem me preocupei em esconder que estava chorando, apenas abri a porta.
Samantha: Pronto - falei com cara de tédio, ao abrir a porta.
Cadu me olhou assustado, e já foi entrando.
Cadu: Qual foi, pô? Por que tu tá chorando? - me encarou - Alguém tentou te fazer mal? Me fala, mano, que eu...
Samantha: Não, Cadu! Não viaja - rolei os olhos - Foi a minha mãe, ela me culpou pela morte do Bernardo, disse que nem me considera como filha mais! - conforme eu falava, as lágrimas voltavam a cair.
Cadu: Tu?! Meu, o que tu tem a ver com isso? Certeza que foi coisa do Dodô! - falou indignado - Eu nem sabia que o mano tinha morrido!
Samantha: Pelo jeito não foi - balancei a cabeça - Parece que foi o Tiago e a Bia, mas não interessa, quem escolheu a porra dessa vida de merda, foi ele! Eu não tenho culpa de nada, ao contrário, quase morri com a ajuda dele! - falei, soluçando.
Cadu: Eu sei, meu amor - me abraçou pela cintura, dando um beijo na lateral da minha cabeça - Eu sei como é foda essa porra de rejeição!
Samantha: Eu to sozinha, Cadu - funguei - Meu pai diz que se importa, mas na verdade só pensa nele... O que aconteceu com a minha vida?
Cadu: Nunca mais diz uma porra dessa! - me encarou - Eu to aqui, nosso filho tá aqui. Tu é uma mina guerreira, pô com 16 anos, tu banca uma casa sozinha, trabalha, se sustenta... Tu é a melhor, tu me da um orgulho do caralho!
Samantha: Isso não é o bastante - murmurei.
Cadu: Pra mim é! - me abraçou - Eu to aqui, amor... Tu sabe que pode contar comigo, apesar dos vacilos, eu te amo demais! Eu nunca vou te abandonar, tu é a minha vida, Samantha! - falou no meu ouvido, apertando meu corpo contra o seu.
Samantha: Promete? - falei com a voz embargada, dessa vez me comovendo com as palavras dele.
Cadu: Prometo. Juro pela minha vida! - assentiu, alisando meus cabelos.
Samantha: Te amo, Carlos Eduardo - alisei sua nuca.
Cadu: Eu, também - sorriu, me segurando pelos ombros - Agora para de manha, mina - riu, limpando meu rosto.
Samantha: Tá certo! - assenti, sorrindo fraco.
Cadu: É, eu trouxe lanche pra ti - balançou uma sacola - Imaginei que tivesse na larica!
Samantha: Tem o que ai? - perguntei, dando uma olhada na sacola.
Cadu: McMelt, e Coca-Cola! - me entregou a mesma.
Samantha: Tu me conhece tão bem! - lhe dei um selinho rápido.

AO SUBIR O MORRO (F!)Onde histórias criam vida. Descubra agora