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2 anos depois...

''Ela tentou fazer de tudo. Declarou guerra ao mundo pra viver esse amor. Ela chorou sem ninguém ver, em cada amanhecer engoliu sua dor. Na fila da visita era mais uma, tão humilhante ter que ficar nua. Mas todo esforço era recompensado, quando chorando abraçava teu amado...''


Dois anos se passaram, e aqui estou eu, mais uma vez nesse pátio imenso.

Gabriel: Mamã - me chamou, esticando as mãozinhas.
Samantha: Ah folgado, tu quer colo, né? - dei risada, o pegando - Cadê o papai, hein? Onde será que ele tá?
Ele dobrou os bracinhos, e fez beiço, querendo dizer ''não sei'', era sempre assim, quando alguém perguntava alguma coisa. Avistei o Cadu sentado em um dos bancos, fumando só pra variar.

O advogado recorreu, e até hoje meu pai paga para ele conseguir um avanço, só que nada faz a sentença ser mudada. Esses dois anos foram os mais doloridos da minha vida, e só de imaginar que ainda tem oito anos pela frente... Mas eu tenho fé, que Deus ainda vai agir.

Samantha: E ai, bonito - falei, me aproximando.
Cadu: Amor! - se levantou, jogando a bituca de cigarro no chão e, pisando em cima.
Gabriel: Papai! - sorriu, pedindo colo.
Cadu: Ahh, lindão do pai! - o pegou no colo, e se aproximou me dando um selinho.
Samantha: Trouxe as coisas pra tu - falei, colocando as sacolas sobre o banco.
Cadu: Valeu, amor - assentiu.

Nos sentamos e, ficamos conversando. O Cadu havia mudado muito nesse tempo, estava mais magro, porém seu corpo era definido, tinha feito mais algumas tatuagens, inclusive a data de nascimento do Gabriel nas costas, ele dizia que a próxima seria meu nome.
O Gabriel está cada dia mais parecido com ele, e é todo cheio de marra nessa idade, acredita?

Cadu: Ai, Biel... Tu mãe tá longe, nem tá ligada em nois - brincou, apertando meu queixo.
Samantha: Oi? - dei risada, me despertando - Foi mal, amor - lhe dei um selinho.
Cadu: E ai, como tá as coisas no morro? - me olhou de canto.
Samantha: Normal, o LF tá mandando bem - dei de ombros, não dando importância ao assunto.
O Biel fez beicinho e começou a chorar, puxando minha regata.
Samantha: Ih, tu quer mamar, amor? - o peguei do colo do Cadu.
Cadu: Pô, moleque desse tamanhão tu dando peito ainda, para... - balançou a cabeça.
Samantha: Meu amor, ele só vai parar quando o meu leite acabar! - pisquei, colocando o seio em sua boca.
Cadu: Mãe coruja da porra - deu risada, alisando meu rosto - To com tanta saudade de tu - murmurou, mordendo minha orelha.
Samantha: Eu também, amor - o encarei, tocando minha testa na sua.
Logo senti meu celular vibrar.
Samantha: Espera ai, amor - falei, abrindo minha bolsa.
Peguei meu celular, era o advogado do Cadu que estava ligando, meu coração acelerou.
Samantha: Calma, Gabriel - o tirei do peito - Pega ele, Cadu!
Cadu: Quem é? - perguntou, pegando o Gabriel do meu colo.
Samantha: Seu advogado - murmurei e, atendi.

IDL:
Samantha: Alô?
Advogado: Bom dia, Samantha! É o Doutor Luis Neto!
Samantha: Ah, bom dia. Tudo bem?
Advogado: Tudo ótimo, obrigado. É, você pode conversar agora?
Samantha: Claro, posso sim!
Advogado: Então, tenho uma ótima noticia. O juiz que está cuidando do caso do seu esposo, voltou atrás da sentença. Por conta do bom comportamento do Carlos Eduardo.
Samantha: Sério?! - falei empolgada, e direcionei o olhar para o Cadu.
Advogado: Sim, ele vai continuar com a pena de 10 anos. Porém, ele vai cumprir alguns anos agora em regime semi-aberto!
Samantha: Mas como funciona isso? Ele vai poder ir pra casa?
Advogado: Não, ele vai trabalhar, e anoite volta para o presidio. Mas, de 15 em 15 dias, ele pode passar o final de semana em casa, e feriados também.
Samantha: Graças a Deus! E quando vai ser?
Advogado: Bom, ainda não sei. Mas entrarei em contato com o Carlos Eduardo!
Samantha: Ok, Doutor. Muito obrigada!
Advogado: Até logo! - desligou.
FDL.

AO SUBIR O MORRO (F!)Onde histórias criam vida. Descubra agora