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Continuação.

Samantha: Meu Deus! - bati a mão na testa - Já vi que vou me arrepender.
Tainá: Relaxa a xota, vai ser dahora! - me olhou brava.
Marta: Monas, to indo tá? E tu moleque - olhou pro Léo - Cuida do barraco e da tua sobrinha, não fica vendo buceta nessa porcaria de televisão, não sai pra rua, e vai dormir cedo!
Léo: Jaé! Não é a primeira vez que fico sozinho nessa porra, né?! - respondeu emburrado, sem tirar os olhos da programação que estava assistindo.
Tainá: Se divirta mãe, pega vários vovôs! - brincou.
Marta: Vovô é teu cu! Quero só novinho! - mordeu os lábios.

Eu só ria, ninguém merece essas duas. Dei uma ultima conferida no visual, voltei para o quarto, havia esquecido de colocar meus acessórios, revirando meu porta-jóias, encontrei uma correntinha que o Cadu havia me dado de presente, era de ouro, com um pingente grande de coração, na cor vinho. Eu sentia tanto a sua falta, mas não estava preparada para voltar, eu precisava acreditar nele novamente. Coloquei a corrente de lado, e peguei meu par de maxi brincos, em formato meia lua, todo preto com strass, coloquei também, um maxi colar dourado, finalizei com meus anéis falanges dourados, também.

Tainá: SAMANTHA, VEM! - gritou, provavelmente o LF havia chegado.
Peguei minha bolsa, dei a última conferida no espelho e corri para a sala.
Samantha: Calma, to aqui! - falei rindo.
Tainá: LF ta ai, ele odeia esperar! - rolou os olhos - Bora! Tchau meu amorzinho - deu um beijo na Eloá.
Samantha: Tchau princesinha da tia - brinquei com os dedinhos dela - Tchau Léo! - acenei e sorri para ele.
Léo: Tchau, Sam! - sorriu.
Tainá: Cuida dela, hein idiota! - deu um se liga na cabeça do mesmo.
Léo: Toma no cu, otária! - deu o dedo para ela.

Caminhamos até o carro, cumprimentei o LF e entrei, ele e Tainá se cumprimentaram com um beijo de língua rápido.

LF: Partiu morro do Faz Quem Quer? - falou empolgado, dando partida no carro.
Tainá: Agoooooooora! - gritou, aumentando o volume do som. Estava tocando Joga o Botico - MC Livinho.
Samantha: Já vi que vou sobrar! - murmurei.
LF: Vai nada, patroa - riu.
Samantha: Não sou sua patroa! - falei séria.
LF: Foi mal, gata. Ai, meu parça tá esperando, vai entrar no baile com nóis!
Tainá: Jaé! - assentiu - JOGA O BOTICO EM MIM! - cantarolou.

O caminho inteiro foi assim, a Tainá toda escandalosa, eu só estava tendo uma noção de quão "agradável" seria minha baladinha. Esse morro era um pouco longe, demoramos para chegar. Logo na entrada do Faz Quem Quer, o LF parou para pegar o tal do parça, que iria subir com nos para o baile. Ele se sentou do meu lado.

LF: E ae, Orelha! - sorriu para ele, pelo retrovisor.
Orelha: E ai, Fernandão! Suave mermo?
LF: Nois, truta - Essas são minhas protegida ta ligado, a Tainá...
Tainá: E ai! - virou o rosto para trás, cumprimentando o cara com beijo no rosto.
Orelha: Suavão, morena? - retribuiu o beijo.
LF: E essa do lado de tu, é a marrenta da Samantha! - riu.
Ele me olhou da cabeça aos pés, e deu uma mordida nos lábios, meu Deus! QUE HOMEM!
Orelha: Satisfação, que espetáculo! - segurou minha mão, e depositou um beijo na mesma.
Samantha: Satisfação! - sorri, toda tímida.

O caminho inteiro ele me encarava de canto, eu só ganhando a cena. Quando chegamos na quadra, levei um susto, o baile daqui conseguia ser mais bagunçado que na Rocinha, só música putaria, sem contar que dava pra ver as meninas sem calcinha.

LF: Já vou dando o papo: As duas desbocadas ai, se liga hein. Território novo, nada de abusar! - advertiu.
Samantha: Tudo bem, papai! - ri irônica, descendo do carro.
Tainá: Ih eu hein, relaxa Luiz Fernando! - rolou os olhos, ajeitando o cabelo.
LF: Tu principalmente! Sossega esse cu! - olhou feio pra ela.
Dei uma arrumada no shorts e peguei o batom da bolsa, para retocar.
Orelha: Pra que tu vai passar? Jaja vai ficar borrado! - sussurrou no meu ouvido. Senti meu corpo arrepiar com aquela voz rouca.
Samantha: Engraçadinho! - fiz careta, e sai de perto.

Entramos na quadra, eu não sai da cola da Tainá. As meninas já olharam feio, e os caras esticaram os pescoços, fazendo piadinhas de mau gosto.

Tainá: Pega bebida pra mim? - pediu para o LF.
LF: Toma no cu. Vai tu! - balançou a cabeça, se afastando.
Tainá: Grosso! - cerrou os dentes.
Samantha: Eu vou, migs! - sorri forçado.
Tainá: Tu nem sabe onde é, doida! - riu.
Samantha: Eu acho, já volto! - pisquei.

Fui andando pela quadra, hora ou outra, esbarrava em alguém. A barraca de bebida ficava do lado do banheiro, segui até lá. Ah, não acreditei no que estava vendo! O Cadu se achando o gostosão, com uma garrafa de Label na mão, rodeado de puta, no maior esfrega esfrega.
Senti meu sangue ferver, fiz questão de encara-lo por um breve instante, até ele me notar. Quando isso aconteceu, continuei rebolando até a barraca.

Pedi uma garrafa de Absolut e fiquei ali esperando, ele me observava de longe, tive a impressão que queria me dizer algo, mas eu não quero saber. Peguei a bebida, fiquei procurando o dinheiro dentro da bolsa.

Samantha: Só um minuto! - pedi para a dona da barraca, enquanto procurava.
Orelha: Eu pago, tudo por minha conta pô! - ele se aproximou, entregando uma nota de R$100,00 para a mulher.
Samantha: Não precisa, Orelha! - neguei com a cabeça.
Orelha: Pedro pra tu - sorriu - Já ta pago, porra!
Samantha: Então vou devolver! - peguei a garrafa, e devolvi para a mulher.
Orelha: Para de marra, mina! - balançou a cabeça.
Samantha: Tá achando que vai me comprar assim?! Eu hein! - resmunguei - Cadê essa mer... Ah, achei! - sorri, encontrando o meu dinheiro na bolsa.
Peguei o Absolut novamente e paguei, aproveitei e comprei uma dose de tequila, também. O Orelha só me observando.
Samantha: Quer uma dose? - perguntei.
Orelha: Tá achando que vai me comprar assim?! Eu hein! - me imitou, rindo debochado.
Samantha: Otário! - ri.
Orelha: Valeu, gata! Vou dar uma volta, mais além nois se tromba! - falou, apertando minha cintura.
Dei um sorrisinho de malicia, e virei minha dose. O Cadu olhava tudo de longe, to pouco me lixando. Voltei pra pista, junto da Tainá, que já estava descendo até o chão.
Samantha: Ow, sua bebida, assanhada! - dei um cutucão nele.
Tainá: Demorou, hein! - franziu o cenho.
Samantha: Não estava achando o bar. Tu não imagina quem tá aqui! - rolei os olhos.
Tainá: Nem consigo, fala tu! - olhou impaciente.
Samantha: Cadu, rodeado de piranha!
Tainá: Sério?! - gargalhou alto.
Samantha: Tá rindo de que? - bufei.
Tainá: Hum - deu uma pausa, virando a garrafa goela abaixo - Te avisei né, não da assistência... - deu de ombros.
Samantha: Teu cu, ow! Tu sabe muito bem, porque não estamos mais juntos!
Tainá: Ta amiga, desculpa! Vem dançar, vem! - me puxou pro meio da pista.
Samantha: Ah não, tenho vergonha... - relutei.
Tainá: Bebe um pouco e tu vai rebolar esse rabo! - me entregou a garrafa.

Virei tudo de uma vez e fomos para a pista, me soltei completamente, ao som do Livinho - Na ponta do pé. Nem danço tão bem assim, já a Tainá arrebenta, os caras até pararam pra ver.

AO SUBIR O MORRO (F!)Onde histórias criam vida. Descubra agora