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Cadu: Caralho! - me olhou espantado - ESPERA AI, LF! NÃO DEIXA ENCOSTAR UM DEDO NO COROA! - gritou.
Me vesti rapidamente, me levantando e calçando meus sapatos, Cadu fez o mesmo e destrancou a porta.
LF: Tava fudendo, né viado! - deu tapinha nas costas do Cadu, e riu.
Cadu: Vai fuder a porra! - olhou bravo para ele.
Samantha: Cadê o meu pai? - o encarei.
LF: Lá na entrada, bora! - me olhou de cima a baixo.
O Cadu pegou as chaves da moto, descemos o morro sem capacete mesmo, aqui não tem disso. O tal do LF, fez o mesmo, indo na frente. Já avistei meu pai de longe, um vapor segurava ele, enquanto o outro apontava uma arma.
Desci da moto aos pulos, e corri até o meu pai, Cadu me acompanhou.
Samantha: SOLTA ELE, AGORA! - gritei, segurando na camiseta do vapor.
Vapor: Coé, vai se fuder mina! - me empurrou.
Cadu: Encosta um dedo nela, filho da puta! - empurrou o vapor, fazendo o mesmo soltar o meu pai.
Vapor: Foi mal chefe! Oh morena - me encarou sem- jeito - Foi mal ai, porra!
Eu o ignorei, fui até o meu pai, que me olhava amedrontado.
Samantha: Pai, o que senhor ta fazendo aqui? - segurei seu rosto - Eles te machucaram?
Vapor: Ninguém relou no coroa não! - murmurou.
Cadu: CALA A BOCA, CARALHO! - berrou.
Marcos: SUA... SUA VADIA! - segurou meu cabelo com força - O QUE VOCÊ TA FAZENDO AQUI?! NO MEIO DESSES FAVELADOS! - ele gritava.
Samantha: Pai, por favor - as lágrimas já começaram a cair - Eu posso explicar!
Cadu: Calma ai, coroa - segurou o ombro do meu pai.
Marcos: NÃO RELA EM MIM! SEU TRAFICANTE DE MERDA! - berrou, com raiva.
Samantha: Pai, por favor! Eu não fiz nada de errado! - eu falava entre soluços.
Marcos: AH NÃO?! - gargalhou irônico - Minha menininha que eu criei, dei de tudo, nunca deixei faltar nada, dando a buceta pra um traficante! Meu Deus onde eu errei! - ele falava decepcionando, passando as mãos no rosto - Você é pior que o Bernardo! Fez tudo escondido, mentiu para sua família!
Samantha: Não pai, por favor! - tentei abraça-lo - Não é nada disso!
Marcos: Sai! - me deu um tapa no rosto.
A essa altura a comunidade toda olhava, os fofoqueiros de plantão, já comentavam.
Cadu: Caralho! - bufou impaciente - Eu não vou aceitar tu tratar a Samantha desse jeito, caralho! - falou para o meu pai, que logo partiu para cima dele.
O Cadu tentava não bater no meu pai, mas era inevitável, os dois rolavam no chão, meu pai totalmente descontrolado.
Samantha: ALGUÉM AJUDA! - gritei com os vapor, que olhavam sem fazer nada.
Finalmente eles se mexeram, segurando meu pai com brutalidade, que se debatia.
Marcos: ME LARGA! SEUS FAVELADOS! - berrou - EU VOU DENUNCIAR TODOS VOCÊS! - ele cuspia as palavras.

Eu só sabia chorar e chorar, nunca havia passado por uma situação daquelas. Minhas bochechas ardiam, e eu sabia que o pesadelo só estava começando.

Samantha: PAI! JÁ CHEGA! - finalmente, gritei.
Marcos: Já chega mesmo! - falou, arrumando a roupa - Vamos para casa.
Cadu: Ela não vai com tu, não! - me segurou pelo pulso.
Marcos: A filha é MINHA! - me puxou bruscamente.
Samantha: Para! - olhei para o Cadu - Eu vou pai, vamos logo!
Cadu: Samantha! - me encarou, confuso.
Samantha: Depois, Cadu! - suspirei, enxugando as lagrimas.
Marcos: TU NUNCA MAIS VAI VER A MINHA FILHA! - olhou triunfante para o Cadu, me puxando pelo pulso.
Cadu: É o que vamos ver! - retrucou - Não vou vacilar, eu to contigo, meu amor! - murmurou para mim, sendo possível ler seus lábios.
Ele nunca havia falado daquele jeito comigo, meu coração batia aceleradamente, me dando forças para enfrentar o que viesse pela frente. Eu sorri para ele, confirmando o que ele falou.
Marcos: ENTRA! - me empurrou pra dentro do carro.

Me ajeitei no banco, chorando descontroladamente, tudo que eu queria era fugir dali, correr para os braços do Cadu. Mas seria pior. Meu pai entrou no carro, e deu partida, terminando de descer o morro, permaneci em silêncio, meu soluço era somente o que se ouvia.

Marcos: Tá chorando por que? - me olhou de canto.
Não respondi.
Marcos: Tá chorando por que? - repetiu impaciente, segurando meus cabelos.
Samantha: Não vou falar nada! - murmurei - Me diz logo qual é o meu castigo!
Marcos: Não vou te dar castigo algum, Samantha! - balançou a cabeça - Perder a confiança dos pais, já é o bastante!

Suspirei, era exagero demais da parte dos meus pais, eu não fiz nada de errado, ou fiz... Será que estou agindo errado, sera que o Cadu foi um erro na minha vida?
Eu tava com o cu na mão, sabia que a conversa seria longa. Meu pai guardou o carro na garagem, eu desci do mesmo, e entrando diretamente em casa. Minha mãe estava na sala, e o Bernardo deitado em seu colo, assistindo TV, logo que abri a porta, o Bernardo me olhou cinicamente. Não... Eu sabia, sabia que tinha o dedo do meu irmão nessa história!

Samantha: FOI TU, NÉ! - fui para cima dele, o segurando pela camiseta.
Bernardo: Eu o que? - me encarou, sorrindo cinicamente.
Lavínia: SAMANTHA! PARA! - se levantou, me puxando pela cintura.
Samantha: FOI VOCÊ SEU DESGRAÇADO! VOCÊ FALOU PRO PAPAI, ONDE EU ESTAVA! - berrei, tentando me soltar da minha mãe.
Bernardo: Eu falei mesmo, por que?! - seu tom de voz era calmo. Obvio, ele é o protegido da casa.
Samantha: EU TE ODEIO, SEU DESGRAÇADO! - dei um tapa em seu rosto.
Marcos: EI, EI! O QUE TÁ ACONTECENDO AQUI?! - perguntou indignado, ao adentrar na sala.
Lavínia: SEGURA A SAMANTHA, MARCOS! ELA AGREDIU O BERNARDO! - falou - SEU IRMÃO CONTOU SIM. NOS CONTOU QUE VOCÊ TÁ SAINDO COM TRAFICANTES, E ATÉ USANDO DROGAS! MAS FOI PRO SEU BEM, FILHA!
Meu sangue ferveu naquele instante.
Samantha: DROGAS?! - gargalhei irônica - ACHO QUE VOCÊS NÃO DEVEM SABER, NÉ. QUEM APANHA EM FESTA, VAI NO MORRO BUSCAR FARINHA, E PAGA PRA FUDER COM PUTA, É O SEU FILHINHO QUERIDO! ELE FAZ O QUE FAZ, E PRA VOCÊS O QUE BASTA, É ELE NÃO FICAR O DIA INTEIRO BATENDO PUNHETA! DE RESTO, ELE PODE FAZER O QUE QUISER! - eu berrava, com o choro engasgado na garganta.
Bernardo: É MENTIRA, MÃE! - me olhou com raiva.
Lavínia: Samantha, para! - ela me olhava, chorosa.
Samantha: AGORA VOCÊS QUEREM QUE EU PARE?! A SENHORA ERA POBRE MÃE, FOI CASADA COM UM DROGADO, QUE VIVIA MAIS NA REABILITAÇÃO DO QUE EM CASA, FOI MÃE CEDO, NÃO SABIA NEM FAZER ARROZ! E AGORA VEM QUERER ME DAR LIÇÃO DE MORAL?! ME POUPE, PELO AMOR! EU TO COM O CADU SIM, E É COM ELE QUE EU VOU FICAR! VOCÊS QUERENDO OU NÃO! - gritei descontroladamente.

AO SUBIR O MORRO (F!)Onde histórias criam vida. Descubra agora