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Arregalei os olhos e, encarei o Cadu assustada, ele continuou imóvel, fixando o policial a nossa frente.

Samantha: Não... Não pode ser! - falei com a voz falhada.
Policial: Faz tempo que a gente tá de olho nos seus corre. Perdeu, favelado! - havia um sorriso em seus lábios.
Cadu: Qual foi, pô? - o encarou - O bangui não é assim não, cadê as provas?
Policial: Rapaz, mais prova que o tráfico na Rocinha?! Tu sabia que estava sendo procurado, e desceu pra pista! Depois a gente bate um lero melhor! - disse sério.
Samantha: Ele tá machucado! - falei impaciente.
Policial: Eu vou falar com o médico, e tu nem tenta gracinha, tem policial aqui na escolta! - avisou, e saiu, batendo a porta.
Eu entrei em desespero.
Samantha: E agora, amor?! - falei histérica.
Cadu: Tu te acalma, a casa caiu, amor! - suspirou - Agora é enfrentar o bagulho, não vou correr da responsa! - segurou minha mão.
Samantha: Não... Não vou suportar ficar longe de ti! - falei com a voz embargada e, deitei minha cabeça em seu peito.
Cadu: Tu vai, eu to ligada que vai - alisou meus cabelos.
Eu estranhei o fato dele estar calmo demais, eu não conseguia imaginar o Cadu preso, com certeza vão ser anos e anos.
Samantha: Liga pro LF, arma uma fuga! - falei rapidamente, o encarando.
Cadu: Samantha, não - balançou a cabeça - Eu sou sujeito homem. Não vou viver fugindo, tu não merece isso... Eu vou cumprir o bangui e, quem sabe, sair de lá e não voltar mais pra vida louca!
Samantha: O que eu vou fazer? Hein, Cadu?! - falei alterada, me desmanchando em lágrimas.
Cadu: Calma, porra! - segurou meu queixo - Tu é forte, amor. Tu sabe disso!
A porta se abriu, o policial entrou e, logo em seguida o médico que estava cuidando do Cadu. Realmente, eu estava surpresa com o conformismo do Cadu.
Doutor: Carlos? - chamou o Cadu.
Cadu: Eu - assentiu.
Doutor: Bom, eu vou recomendar que ele fique mais algumas semanas, e...
Policial: Quantas semanas? - o interrompeu.
Doutor: Duas semanas, é o bastante para liberar a alta!
Policial: Perfeito. Depois daqui, direto pra cadeia! - falou - É o seguinte, nesse tempo vai ficar policial na porta, as visitas vão seguir normal, porém todo mundo que entrar sera revistado! Tu tem o direito de procurar um advogado, se quiser fazer isso já!
Cadu: To ligado! - murmurou.
Doutor: Certo. Vou pedir para a enfermeira vir trocar seu curativo, e lhe dar o sedativo.
Samantha: Eu... Eu já to indo, só vou me despedir!
Os dois assentiram, e logo saíram do quarto.
Cadu: Tu fica bem, por mim e pelo nosso moleque! - pediu, me abraçando.
Samantha: Cadu... - choraminguei.
Cadu: Eu to contigo. Meu pensamento vai tá com tu a todo instante, tu é a minha princesa! - sorriu forçado.
Samantha: Eu não vou te deixar, prometo! - murmurei.
Cadu: Eu sei. Tu é tudo que eu tenho! - me apertou.
Samantha: Pra sempre! - selei nossos lábios.

Depois de nos despedirmos, eu sai do Hospital. Minha cabeça girava, era como se eu estivesse perdida no mundo, decidi que não iria trabalhar. Peguei um ônibus direto pra Rocinha, tudo que eu precisava era chorar, chorar e chorar. Apos chegar em casa, peguei o celular, precisava avisar o LF.

IDL:
LF: Fala!
Samantha: Oi, é a Samantha!
LF: Fala patroa. Tudo certo?
Samantha: Não, o Cadu foi preso!
LF: Qual foi?! Tá de saca né?
Samantha: Quem dera - suspirei - O policial chegou lá no Hospital, nem sei explicar direito. Mas o médico ainda recomendou que ele fique mais duas semanas no hospital, então de lá, ele vai pra prisão!
LF: Caralho, mano... Não to acreditando, fiel. Pô, vou bolar um esquema, e...
Samantha: Não, LF... Ele vai enfrentar a pena! Eu to muito abalada agora, mas depois eu te explico tudo certinho.
LF: O Cadu é doido, mermo!
Samantha: Bom, eu avisei porque agora tu fica no comando, né?
LF: Acho que sim. Mas vou dá um tempo nos corre, tá moiado!
Samantha: Se eu conseguir, entrego o celular no Hospital pra ele falar contigo!
LF: Jaé, fica bem, patroa. É longa mais não é perpétua!
Samantha: Eu sei. Tchau!
LF: Falou! - desligou.
FDL.

Deixei o celular de lado, tirei meus sapatos e, me deitei no sofá. Sabe aquele desespero que dá vontade de gritar, sair do próprio corpo? Uma dor que parece ser insuportável? Então, eu estava me sentindo assim. Eu sei que não posso me entregar, eu tenho uma criança que depende de mim, mas é difícil, muito difícil. Apos chorar por horas, acabei pegando no sono.

AO SUBIR O MORRO (F!)Onde histórias criam vida. Descubra agora