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Cadu narrando:

Depois de apagar o fogo, o que foi totalmente inútil, afinal a mina já tava toda torrada, entrei na van.

Orelha: To boladão, porra! - falou, passando a baga pra mim.
LF: Qual vai ser agora? - perguntou.
Cadu: Eu vou me entregar - murmurei, com a expressão séria.
Orelha: Qual foi?! - me encarou.
Cadu: Isso mermo, vou trocar de lugar com ela - assenti.
LF: Cadu, tu é tão inteligente mano. Cê não tá ligado, que depois de te matar, ele ainda vai continuar com a Samantha? O bagulho é matar esse desgraçado!
Orelha: Namoral, o LF tem razão, chapa! - falou.
Cadu: Tu viu o desespero da Samantha? - virei o rosto, tentando controlar as lagrimas que transbordavam nos meus olhos.
Orelha: Eu vi, o pior de tudo é que nem um tiro no desgraçado a gente deu - falou bravo.
LF: Agiram com a cabeça certa, não com a cabeça do pau. Namoral, se a gente tivesse dado um passo a mais, a Samantha tava morta, truta!
Cadu: Pode crê. TOCA PRA ROCINHA, CARALHO! - ordenei para o vapor no volante.
Eu precisava me orientar, não ia demorar muito pra conseguir finalmente recuperar a Samantha, nem que pra isso eu precisasse morrer.
Orelha: O Menó foi na bota? - me olhou de canto.
Assenti. Peguei o rádio e dei um salve.

IDL:
Cadu: Menó na escuta?
Menó: Eu mermo, chefe.
Cadu: Pra onde o carro tá indo?
Menó: Alemão!
Cadu: Pode crê. Noiz, disciplina hein! - desliguei.
FDL.


Samantha narrando:

Assim que chegamos no Alemão, Dodô desceu do carro rapidamente, e só com a sua ordem, nós três descemos, também. O estilo do cativeiro não era tão diferente do outro, a pequena diferença era que o lugar era ainda mais isolado.
Samantha: Até quando essa palhaçada vai durar?! - bufei impaciente.
Daleste: Falou alguma coisa, morena? - me olhou.
Samantha: Vai se lascar! - revirei os olhos.
O Dodô abriu a porta e entramos, como havíamos saído do Careca as pressas, ele voltou com o Digão pra lá, pra buscar as coisas. Me sentei em um canto, colocando as pernas bem juntas ao meu corpo, e recomeçando a chorar.
Daleste: Pô, não fica assim! - se aproximou, agachando o corpo ao meu lado.
Samantha: CALA A BOCA! NÃO TOCA EM MIM!- gritei soluçando.
Daleste: O que foi mina? Tá maluca? - me encarou.
Samantha: TU É UM IDIOTA! PAU MANDADO DO DODÔ, DÁ O CU PRA ELE TAMBÉM?! - falei com tom irônico, me levantando.
Daleste: CALA ESSA BOCA, TU NÃO SABE O QUE DIZ! - balançou a cabeça, me olhando irritado.
Samantha: Ah não? - arqueei as sobrancelhas - Então me deixa fugir!
Daleste: Não posso fazer isso, tu sabes - balançou a cabeça.
Samantha: FROUXO! - berrei.
Daleste: JÁ MANDEI TU FICAR QUIETA! - segurou meu rosto.
Samantha: Me bate, vai! - desafiei - Covarde!
Ele armou a mão pra me dar um soco, e eu fiquei só no aguardo, mas depois me soltou, acertando o soco na parede atrás de mim.
Daleste: TU NÃO SABE NADA DA MINHA VIDA, CARALHO! - berrou - ENTÃO NÃO VEM COM PAPINHO ESCROTO, MINA, SE LIGA! - ele ficou todo irritado, confesso que me assustei.
Samantha: NÃO FODE, IDIOTA! - foi minha última palavra, em seguida voltei para o meu canto.
O mesmo acendeu um cigarro de maconha, e ficou distante, não falou mais nada. Depois de uma hora mais ou menos, o Dodô voltou, junto do Digão.
Dodô: E ai, gostosinha, se comportou? - riu, segurando meu queixo.
Samantha: Me deixa, Dodô! - empurrei sua mão.
Dodô: Ihh - revirou os olhos - Levanta esse rabo e vai arrumar essa porra, quero dormir logo!

Me levantei sem vontade, e organizei os colchões no chão como no antigo barraco, apesar da Juliana ter sido uma cachorra comigo, eu iria sentir falta, seria difícil enfrentar esse inferno sozinha. Me deitei em um colchão, e me cobri com uma manta.

Dodô: DALESTE TU FICA LIGADO, HEIN. VOU TIRAR UM SONO, ATIVIDADE! - berrou.
Daleste: Pode crê, chefe - assentiu.
Fechei meus olhos, e de tão cansada que eu estava, adormeci rapidamente. Acordei sonolenta no dia seguinte, e já dei de cara com o Daleste me olhando.
Samantha: Ta doido?! - pressionei os olhos, assustada.
Daleste: Toma, vim me desculpar por ontem, não devia ter falado contigo daquele jeito! - falou, me entregando uma vasilha.
Samantha: O que é isso? - franzi o cenho.
Daleste: Salada de frutas, pô - riu - Não cozinho bem não, mas tu deve tá morrendo de fome - deu de ombros.
Samantha: Ta né - ri - Obrigada! - peguei a vasilha e já comecei a comer.
Ele me olhava de canto, tava até me sentindo incomodada.
Samantha: Cadê os outros? - perguntei.
Daleste: Foram dar um jeito no corpo da magrela - murmurou.
Samantha: Ah, Ju... - suspirei.

Tiago narrando:

Desde que cai na bobeira de ir na Rocinha atrás da Samantha, o Dodô tá com o pé atrás comigo. Agora to fazendo os corre na pista pra ele, cobrando playboy, dando sacode nas mina.

Tiago: Pô, tu viu a Juliana ai? - perguntei pra um vapor. Fazia dias que não via minha irmã, e hoje era dia de leva-la no médico pra ver como andava meu sobrinho.
Vapor: Sei não, o Dodô deve saber! - deu de ombros.
Tiago: Cadê aquele pau no cu? - perguntei.
Vapor: Ih, por acaso tenho tempo pra ficar atrás dos outros? Vai procurar, mano! - rolou os olhos, e se afastou.

Deve ter broxado na noite passada, eu hein. Desci o morro e segui até a casa do Dodô, provavelmente a Ju estaria lá. Pro meu azar encontrei a Bia na calçada, conversando com umas gurias.

Tiago: Ow! - chamei.
Bia: Marca ai - falou para as meninas, em seguida ajeitou o shorts e veio falar comigo.
Tiago: Cadê a minha irmã? - perguntei seco.
Bia: Por acaso eu sei? Quem boto chip na xota dela foi o Dodô! - riu debochada.
Tiago: To falando serio, porra! - suspirei impaciente.
Bia: Sei não, cara - deu de ombros.
Tiago: Cadê o Dodô? - já abri o portão, pronto pra entrar.
Bia: Ta ai dentro, mas não...
Antes que ela terminasse de falar, eu fui entrando. Tinha algo de errado com a minha irmã e eu iria descobrir.
Tiago: OH DODÔ! - berrei.
Bia: Ele não quer te ver, Tiago! Bora! - me puxou pela camiseta.
Dodô: Qual foi, playboy? - veio da cozinha.
Bia: Ele que foi entrando, amor, eu...
Dodô: Cala a boca! - olhou impaciente, a interrompendo - O que foi?
Tiago: Cadê minha irmã?
Dodô: Matei! - deu de ombros.
Tiago: To falando sério, cara - ri nervoso.
Dodô: Eu também, pô. Veio cantar pra cima de mim, meti bala! - ele falava com naturalidade.
Tiago: Você... Não! - senti um nó na garganta, meus olhos marejaram automaticamente.
Bia: Dodô, tu fez isso mermo? - olhou indignada.
Dodô: Pra que tanta choradeira, mano?! - riu.
Tiago: ELA TAVA GRÁVIDA, IMBECIL! - esbravejei, soltando o choro preso na garganta.
Dodô: Não vem criar pra cima de mim, não! - me encarou, ficando sério - Tu mermo sabe que ela tava no erro!
Tiago: Eu sei?! - engoli em seco, confuso.
Dodô: Uê pô, foi tu que me avisou da mensagem!
Tiago: Mensagem?! - eu não estava entendendo nada.
Dodô: Mas que porra! - suspirou impaciente - É o seguinte, tua irmã tava no cativeiro fazendo companhia pra Samantha, resolvi prender as duas, porque a Juliana tava me dando problema abeça! Ela pegou o celular de um cria meu, e passou o laudo pra ti. E tu me mandou um zap avisando. Tava drogado porra? Refrescou a memória?!
Tiago: EU NÃO SABIA DE PORRA NENHUMA! - gritei - Mas... - dei uma pausa - SUA VADIA! FOI TU! - meu sangue ferveu de ódio, me aproximei da Bia, segurando seus cabelos.
Bia: Tiago, me solta! - tentou me empurrar.
Dodô: Ihhhhh, qual foi da treta? Ta doido moleque solto? - me puxou pela gola da camiseta.
Tiago: SÓ PODE TER SIDO ESSA PUTA! TU PEGOU MEU CELULAR, NÃO PEGOU?! - berrei, a encarando.
Dodô: O que a MINHA fiel, tava fazendo contigo uma hora daquela?! - olhou para a Bia, que só pelo olhar já se entregava.
Tiago: ELA TAVA DANDO ESSE CU PRA MIM! - falei, rindo nervoso.
Dodô: Tu o que?! - segurou o pescoço dela.
Bia: Eu não... É caozada! - murmurou, começando a chorar.
Tiago: PERGUNTA PROS VAPOR DA BOCA! - falei.
Dodô: DESGRAÇADA! - lhe deu um tapa no rosto - CADELA! - um soco no estômago.
Tiago: Isso não vai ficar assim, Dodô! - avisei.
Dodô: Logico que não vai, teu playboy de merda! - soltou a Bia com brutalidade, e veio na minha direção.
Tiago: ME BATE, COVARDE! FOI HOMEM PRA FAZER UM FILHO, MAS NÃO PRA ASSUMIR! - falei, soltando uma gargalhada irônica.
Dodô: Tu tá mexendo com fogo, camarada! - um sorriso surgiu em seus lábios, em seguida me feriu com um soco.
Meu corpo cambaleou para trás, fui reagir com um chute em seu estômago, mas fui surpreendido com outro soco no rosto, dessa vez bem mais forte, abrindo meu supercílio.
Dodô: TU RALA DO MEU MORRO! DESGRAÇADO! - gritou.
Tiago: EU SÓ SAIO DAQUI COM A MINHA IRMÃ! - prostetei, realmente não acreditando.
Dodô: Que irmã?! - rolou os olhos e, riu - Aquela puta ta morta, queimada! Nem enterro tu vai poder fazer. Tu acha que to de caô, moleque solto?!
Tiago: Filho da puta! - aproximei o punho fechado, pronto para lhe acertar um soco.
Dodô: RALA! - me empurrou.
Tiago: ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM! - avisei.
Bia: Dodô, eu... - me olhou de canto.
Dodô: Cala a porra dessa boca, prostituta! - a interrompeu - O teu tá guardado!

Não disse mais uma palavra, sai da casa do Dodô, em direção a boca, pronto pra me mandar, nunca fui de chorar, mas dessa vez. Perdi minha irmã, minha menininha, em pensar que a culpa disso tudo foi minha.

AO SUBIR O MORRO (F!)Onde histórias criam vida. Descubra agora