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Tomei um banho caprichado, passei hidratante corporal, desodorante, perfume, vesti um shorts jeans destroyed de lavagem escura, curtinho, uma regata rosa, soltinha. Escovei os dentes, fiz uma make super básica, fiz um rabo de cavalo alto, meio desfiado, calcei um par de rasteira cheia de strass.
Terminei de me arrumar em cima da hora, logo chegou a mensagem do Cadu, me avisando que já tinha chegado. Desci as escadas rapidamente.

Lavínia: Filha? Onde você vai? - ela perguntou, quando cheguei a sala.
Samantha: Vou almoçar com um amigo, mãe! - mordi os labios, nervosa.
Lavínia: O traficante, Samantha?! - me encarou.
Samantha: Não mãe, já falei que não existe traficante! - revirei os olhos.
Lavínia: Não acredito! Você não vai! - foi até a porta, trancando a mesma.
Samantha: Eu VOU SIM! - alterei a voz - Para com esse papel ridículo, mãe! - destranquei a porta.
Lavínia: VOCÊ NÃO VAI! - segurou meu braço.
Samantha: EU VOU! - a empurrei.
Ela me encarou com raiva, senti o impacto da sua mão no meu rosto.
Samantha: Por que você fez isso, mãe? - coloquei a mão no local do tapa.
Lavínia: Nunca mais me desobedeça! Agora sobe pro seu quarto! - me encarou, apontando pro andar de cima.
Fingi que ia subir, mas dei meia volta, abri a porta e corri pra rua.
Lavínia: SAMANTHA! - gritou.
Fingi que não escutei, continuei caminhando.
Lavínia: Se for, não precisa voltar mais! - foi sua ultima palavra, de insistência.
Samantha: ÓTIMO! - gritei, sem olhar para trás.
Bati o portão com força, dei uma corridinha até o carro do Cadu, abri a porta e entrei.
Cadu: O que foi? - me olhou, confuso.
Samantha: Nada, minha mãe - revirei os olhos - Vamos?
Cadu: Não vai da kaô? - falou apreensivo.
Samantha: Bora, Cadu! - coloquei o cinto de segurança.
Cadu: Tu que manda! - ligou o carro.
Fomos conversando, no caminho, expliquei o que aconteceu pra ele.
Cadu: Pô, quer ficar em casa não? - me olhou de canto​.
Samantha: Ficar tipo, morar contigo? - franzi o cenho.
Cadu: É, pô - deu de ombros - Mas relaxa, como amigos, sacou?
Samantha: Ah, claro - dei risada - Amigos que se pegam, entendi.
Cadu: Nada ver, gatinha - fez careta.
Samantha: Sem condições, Cadu. Eu não vou sair de casa por isso, tenho certeza que meu pai vai dar um jeito. Agora - segurei no rosto dele, depositando um beijo em sua bochecha - Se concentra na estrada!
Cadu: Tu que manda, minha beleza rara! - alisou e apertou minha coxa.

Rapidamente chegamos na Rocinha, a favela era bonita a luz do dia, deu pra perceber, que aqui os domingos são super animados. Cadu estacionou em frente a uma casa grande, não muito luxosa, mas era uma das mais bonitas por aqui.

Cadu: Oh, minha mãe e minha irmã moram aqui! - falou, antes de sairmos do carro.
Samantha: E tu? - franzi o cenho.
Cadu: Moro sozinho - sorriu - Tu vai gostar delas, minha mãe tá ansiosa pra ver tu!
Samantha: Ai ai, hein! - fiz cara de brava - Não vai me apresentar como nora!
Cadu: AINDA não! - piscou pra mim.
Ele desceu do carro e abriu a porta para mim, estranhei o cavalheirismo. O mesmo segurou minha mão, e entramos na casa.
Cadu: MÃE! - gritou - CHEGUEI!
Eliane: Eita, moleque escandaloso! Entra! - a mesma estava na sala, ela tinha cara de nova, nunca que eu diria que é mãe do Cadu.
Cadu: Cadê o rango? - se jogou no sofá.
Eliane: Cadê sua educação? Enrolou e fumou, caraca? - deu um tapa no braço dele - Oi, meu amor. Tudo bem? - me abraçou.
Samantha: Oi, tudo e você? - a abracei, meio sem jeito.
Eliane: Tudo ótimo! Fica com vergonha não, boba! Tá em casa! - piscou pra mim.
Cadu: É bonita ou não, minha mina, mãe? - deu risada.
Eliane: É linda! Tão namorando? - sorriu pra mim.
Samantha: Obrigada! - me sentei - Não, somos amigos!
Eliane: Eu também era amiga do pai dessa peste! E olha o que aconteceu! - falou rindo, se referindo ao Cadu.

A mãe dele era realmente um amor, bem diferente da minha.
Ficamos conversando na sala, a cada cinco minutos, eu dava risada com eles. Era incrível a conexão de mãe e filho, mesmo o Cadu sendo um fugitivo da polícia.

Eliane: Sua irmã foi rodar bolsinha, e não voltou! - falou, olhando as horas no relógio.
Cadu: Vamo rangar sem ela, mermo! - reclamou.
Eliane: Ai, falando nela... - sorriu, olhando para a porta.
Uma garota entrou na sala, era a mesma que eu vi transando com o Tiago no camarote. Ela não se parecia nada com o Cadu.
Mariana: Oi familia! - sorriu.
Cadu: Tu tá gravida? - deu risada.
Mariana: Vai se foder, idiota! - bateu com o chinelo no braço dele.
Eliane: Ah! Vocês não vão começar, por favor! - se levantou - Mariana, vem me ajudar a arrumar a mesa.
Mariana: Ah mãe, to cansadona! - resmungou.
Eliane: Não perguntei! Mas que caralho, vem logo! - alterou a voz.
Mariana: AF! - resmungou impaciente - Ah, maninho... A Paloma ta te esperando na 28! - sorriu maliciosa, direcionando o olhar pra mim.
Cadu: E o que eu tenho com isso, porra?! - fuzilou ela com o olhar.
A mesma deu de ombros, sorrindo cinicamente e foi pra cozinha.
Cadu: Gata - me encarou, se aproximando.
Samantha: Oi - respondi seca.
Cadu: Minha irmã é uma otaria! Você é a única na minha vida, pô... Essas amiguinhas dela, me deixam boladão! - alisou minha perna.
Samantha: Eu quero acreditar, mas não dá! - falei sinceramente.
Cadu: Porra, meu! - segurou meu rosto - É tu que eu quero!
Samantha: Ta bom, Cadu. Depois conversamos! - selei nossos lábios.
Cadu: Samantha - suspirou - Eu...
Mariana: Cadu - o interrompeu, entrando na sala - Vem almoçar!
Cadu: Já vamo, porra! - olhou feio pra ela.
Me levantei do sofá meio sem-graça, Cadu segurou minha mão e entramos na cozinha. A mesa estava farta de comida, e meu estômago já roncava.
Eliane: Fiz tudo pra vocês! - colocou uma Coca-Cola na mesa - Então, pode comer a vontade lindinha! - sorriu pra mim.
Cadu: Ih caraí - deu risada - Fala isso não, mãe! Ela vai levar a sério!
Samantha: Teu nariz! - besliquei o braço dele.
Mariana: Chega de patifaria, vamos comer, né! - olhou feio pra mim.

Era incrível como as meninas me odiavam, não é atoa que eu só tinha a Juliana como amiga.
Me sentei do lado do Cadu, peguei um prato e me servi, então comecei a comer. Eles conversavam sobre assuntos aleatórios, e eu só respondia o necessário. Senti meu celular vibrar, olhei o visor e era o meu pai, revirei os olhos.
Samantha: Licença! - pedi, para atender o celular.

IDL:
Samantha: Oi pai!
Marcos: Onde você está, garota?
Samantha: Por que?
Marcos: Eu voltei de São Paulo as pressas, porque sua mãe me ligou chorando! - pelo seu tom, ele estava bravo.
Samantha: Tá pai, olha depois a gente conversa!
Marcos: Eu quero você em casa, AGORA!
Samantha: Tchau, pai! - desliguei.
FDL.

AO SUBIR O MORRO (F!)Onde histórias criam vida. Descubra agora