Capítulo 4: Sáeril Quepentorne - Tempestade

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Sáeril Quepentorne chegou a Lune dobrado em dois contra a tempestade. Os joelhos falharam mais de uma vez, seu manto era mais água do que lã. Sáeril bateu em todas as portas de Lune, mas as pessoas olhavam pela janela e viam um manto negro, liso de tanta água, luvas de couro preto, um capuz sem rosto. Ninguém abriu a porta e Sáeril foi subindo a cidade até chegar ao castelo. A chuva havia transformado as ruas em correntezas. Com água até a cintura, Sáeril lutou para chegar aos portões do castelo de Lune. Agarrou-se aos portões e pediu ao vigia permissão para entrar e um soldado foi até a torre central falar com o mestre do castelo. Sáeril Quepentorne, ciente de que dificilmente os portões de Lune se abririam para uma aparição como ele, recostou-se contra o portão, tentando encontrar um pedaço de chão onde o vento não cuspisse água gelada. O portão se abriu e o vigia disse:

— Entre.

Sáeril atravessou o primeiro pátio interno de Lune sob os olhares chuvosos dos soldados sobre a muralha. Quase perdeu o equilíbrio quando entrou no saguão e deixou para trás o peso da tempestade. Endireitou o corpo com dificuldade. Mestre Séramon de Lune, um homem amplo de mãos carnudas amparou-o pelo ombro.

— Deixe-me ajudá-lo — Séramon estendeu a mão para o manto negro.

— Não — Sáeril bloqueou gentilmente o gesto.

— Mas você está encharcado.

— Não. — Ele segurou o manto com mãos enluvadas e aguardou na escuridão de seu capuz.

Percebeu o Mestre de Lune prescrutando manto, capuz, luvas de couro preto. Percebeu também dois rostinhos loiros espreitando de uma porta em fresta. Crianças. Poucos adultos permitiriam que um estranho sem rosto se abrigasse sob o mesmo teto que seus filhos pequenos. Sáeril seria devolvido à tempestade.

Ao invés disso, Séramon ofereceu-lhe um quarto seco e sopa quente. Assim que se viu sozinho, Sáeril esticou-se no tapete em frente à lareira e adormeceu.

 Assim que se viu sozinho, Sáeril esticou-se no tapete em frente à lareira e adormeceu

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