No meio da tarde, o exército de Patire se espalhou pelo norte como um formigueiro.
— Não seria excelente — perguntou Leonard — se Fulbert atacasse Henrique?
Estavam Pierre, Neville e o Acidentado dentro da sala redonda com as janelas pontiagudas. Luc também estava lá, mas o caolho andava apagado desde a morte do irmão. Além deles estavam Thaila e Bojet, o queimado poético.
— Ele venceria — disse Neville.
— Sim, mas acabaria enfraquecido e nós poderíamos derrotá-lo. — O Acidentado se inclinou para Pierre. — Não tem como o mago Fregósbor instigar uma batalha?
— Aqueles soldados não são nossos inimigos, eles são nosso povo — disse Pierre. Não queremos que se matem, queremos salvá-los. Quem deve morrer é a Guerra.
Dava para ouvir o barulho de marteladas, vozes e ordens de Patire erguendo acampamento no norte de Chambert.
— Alguém vai ter de morrer — disse Neville.
— Chambert aguenta um cerco longo — disse Luc. Foi a primeira e última coisa que ele disse no dia.
— Mas podemos nos dar ao luxo de ficar parados? — perguntou Neville.
— Lune há de nos socorrer — disse Bojet.
Sentado ao lado de Gregoire na sombra, Coalim levantou delicadamente a mão (sim, os dois também estavam lá: um na sombra do meio-irmão, o outro com índole de mesa):
— E se Lune estiver em perigo? Não sabemos o que Vivianne e Menior vão encontrar em Deran. Conheço Marcus de Lune e ele não passaria tanto tempo sem se comunicar com a irmã a não ser que algo o impedisse. E não é qualquer coisa que impede um Mestre de Lune de fazer o que quer.
— Nossa única saída é forçar Henrique e Fulbert a lutarem entre si — disse Thaila.
Pierre balançava a cabeça. Batalhas entre reis da Franária; mais do mesmo veneno não salvaria ninguém. No entanto, Coalim e Thaila tinham razão: eles não podiam só esperar para ver se Lune aparecia, apesar das certezas de Bojet. Todos esperavam que Pierre dissesse algo, mas Germon apareceu à porta, arquejante, seguido de muita gente.
— Pierre, — disse o queimado — temuma coisa. Eu nunca vi nada igual. Acho que Sátiron está de volta.
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A Boca da Guerra
FantasyUma guerra de rotina. O rei da Franária morreu sem deixar herdeiros. Aconteceu o de sempre: três primos que se achavam no direito começaram a brigar pela coroa. Depois de quatrocentos anos (e, sim, todos eles tiveram descendentes), a guerra continua...