A rainha Adelaide encontrou o filho e o capitão da Pedra na sala de armas. Clément vestia cota de malha e manoplas. Da cintura pendia a espada real, adormecida desde a morte do pai de Clément. O rei terminou de falar com o capitão, que bateu os calcanhares e se retirarou sem olhar a rainha. Preferia um rei fraco a uma rainha escondida.
Adelaide aproximou-se do filho.
— Pela morte de Nakamura, Clément, o que você está fazendo?
— Agindo.
— Esta é a sua chance de reinar sobre toda a Franária — disse Adelaide. — Mas você tem de estar vivo se quer ser rei.
— Você acredita que Henrique e Fulbert se matarão um ao outro, ou ambos serão mortos por Farheim e Inlang, de forma que serei o único rei disponível. Pois eu tive um sonho, não muito tempo atrás. Nesse sonho havia um heroi e eu não era rei. Vivianne estava no sonho. — Ele fez uma pausa. — Ela estava no sonho, junto com o herói.
Adelaide teve o mesmo sonho. Para ela, foi pesadelo.
— Mãe. Eu quero saber o que aconteceu com meu pai.
— Ele morreu.
O rei se aproximou de Adelaide. Ela nunca tinha notado como ele havia crescido. Seu filho, seu Clément: um homem.
Um homem meio derretido carregando uma espada que devia estar enferrujada dentro da bainha. A espada real de Deran.
— Seu pai foi assassinado — ela disse.
— Eu sei.
— Você sabe? Eu expressamente proibi que...
— A verdade se acumula pelos cantos que nem pó — disse Clément. — Você varre e ela volta. Se esconde debaixo dos móveis. Mas você varre muito bem, mãe. Tem mantido os cantos da Pedra impecáveis. As tapeçarias se esqueceram do que viram, mas elas viram. Eu sei que viram. Meu pai morreu aqui. Neste castelo. Nesta Pedra onde você quer me prender.
— Filho.
— Quem o matou.
— Foi um homem.
— Foi você?
— Ele queria ser rei.
— Foi você? — Clément deu mais um passo à frente.
— Ele queria ser rei — disse Adelaide. — Mas eu não deixei.
— Onde ele está enterrado?
— Eu não sei. Talvez ainda esteja vivo.
— Você não o executou? Você não matou o assassino de meu pai?
— Nã matei, mas enterrei — disse Adelaide. — Nas minas de Anuré.
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A Boca da Guerra
FantasyUma guerra de rotina. O rei da Franária morreu sem deixar herdeiros. Aconteceu o de sempre: três primos que se achavam no direito começaram a brigar pela coroa. Depois de quatrocentos anos (e, sim, todos eles tiveram descendentes), a guerra continua...