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- O que você estava fazendo lá?- A mãe de Daniel bateu a mão na mesa

- Eu ia me encontrar com a Suzana! Eu e o Wagner.- os quatro haviam combinado uma mentira- A Suzana disse que queria se encontrar e me disse pra levar um amigo que ela ia levar uma amiga também, achei que não tinha problema.

- Uma menina morreu pendurada em uma árvore e você sai de casa com Wagner sei lá quem, pra ir até a casa da Suzana como se fosse normal!- Gritou- O que você tem na cabeça?

- Eu não achei que nada ia acontecer... nos só escutamos a mulher gritar!

- Aquele garoto está traumatizado, daqui a pouco os pais dele ligam botando a culpa em você e Daniel, aquela garota de novo! Achei que tivesse parado com essas ideias ridículas de...

- Pare com isso Luana.- O pai segurou os ombros da mulher- Ele é jovem e nada aconteceu com ele, não adianta brigar desse jeito.

- Vá para o seu quarto!- A mulher fardada apontou

Daniel se levantou e andou até o quarto batendo a porta. Ele tinha deixado Wagner em casa e descoberto que o mercado realmente existia, ele tinha encontrado um novo amigo que o deixava estranhamente desconfortável e ao mesmo tempo pleno. Pegou o celular e mandou mensagem para Wagner. "Como está aí?" Perguntou "Tudo normal" respondeu Wagner.

Normal não estava. Índia estava em seu quarto, ela se recusava ir para casa, com a cara fechada e poucas palavras, se mantinha sentada na cadeira perto do computador.

- Eu acho que você deveria ir para casa.- Wagner se sentou na cama- seus pais vão ficar preocupados.

- Eu não posso ir.- Ela se endireitou- A estratégia do unicórnio...

- Não! Não vamos falar nisso! Não quero saber....

- Ele queria que a Suzana visse aquilo... Trancou a dentro da cozinha com a porta de vidro...- Ela puxou os próprios cabelos- Foi diferente... o jogo vem mudando a cada morto... Me de uma caderno!

- Não vai dormir não é?- Ele pegou um caderno antigo e entregou a ela

Wagner nunca tinha visto a vida tão movimentada, mesmo que de um jeito triste, desde que saiu da capital. A garota olhava frenética para o caderno, anotou o nome de todos e não conseguia ver uma ligação um ponto em comum, algo gritante que ligasse cada um deles as vítimas. A foto que tinha tirado era a única coisa que ligava nada a lugar nenhum, pois assim como Raphael conhecia Laura e Paloma, todos se conheciam mesmo não sendo próximos.

- Qual é a do Daniel?- Wagner perguntou deitado na cama

- Com o que?- Ela olhou para trás

- Ele tem uma namorada?- Questionou enquanto se virava na cama- Eu mal conheço ele e eu dormi na casa dele como se fosse normal, passamos mais tempo juntos do que eu passei com a minha família, não tivemos tempo de nos conhecer direito...

- Ele é legal... mas está cercado por uma família de idiotas!- Ela voltou ao caderno- E principalmente... não deixe que ele se aproxime de mais de você e não, ele não tem uma namorada.

- Por que?

- Daniel... ele merece amigos... A algo destrutivo nele... não ele...

Índia se calou e se concentrou no caderno e nos rabiscos quase aleatórios, Luana achava que Daniel era ou um boneco ou então um pedaço dela, que deveria agir igualmente a ela. Luana podia ser uma mãe presente mas não era uma boa mãe, nem se quer tinha percebido quando Daniel surtou e precisou de acompanhamento psiquiátrico.

Laços da Morte [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora