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Desespero era o que resumia as horas que se seguiram. Madrugada a dentro foi uma loucura, o hospital, a delegacia, as pessoas, todos estavam cansados, estressados, ninguém havia dormido, a manhã era um caos e os pais presentes naquela sala de espera estavam irritados, não diziam nada mais aos filhos, já haviam gritado e chorado o suficiente, agora Fernando Antunes e Tereza Albuquerque discutiam algo com um advogado.

- Ele queria matar o Wagner.- Mara sussurrou para Daniel

- Eles Mara, eles... Eu vi o Unicórnio sair de perto do corpo do Leo.

- O Augusto deve ser um deles...

- Ainda falta um. Quando nós perdemos a Suzana haviam três, um que me ameaçou, um que o próprio Unicórnio atirou contra e o que pegou o seu pendrive.

- O Augusto pode ter pego o pendrive...

Mara ficou em silêncio ao ver o policial que a encarava. Eles eram suspeitos, mais que nunca todos os olhavam julgando e condenando.

A porta da sala do investigador se abriu, Índia saiu de lá lentamente com uma faixa amarrada na cabeça, havia passado por uma bateria de exames e terminou começando seu dia ali, na delegacia, depondo. Índia estava acompanhada do pai, mas o homem não se levantou ao vê-la sair, continuo sentado, olhando para o nada, ainda não acreditava que o sobrinho havia morrido. Índia se sentou ao lado de Mara, os três ficaram em silêncio incialmente, todos já haviam dado seu depoimento e contado tudo.

- Minha mãe está cuidando da mãe do Leo...- comentou Índia

- Eu sinto muito.- Daniel reconfortou Índia a abraçando- A gente estava lá e não pode fazer nada...

- A gente tentou, mas agora perdemos a Joana, o Leo e quase perdemos o Wagner!- Mara disse

- O Wagner vai ficar bem!- Daniel encarou Mara- Ele não vai morrer. Você foi incrível Mara, você o salvou.

Mara sorrio cheia de si. Índia continuava em silêncio encarando um pequeno pedaço de papel, os números ali escritos não lhe faziam muito sentido, igualmente as palavras de Leo, porque ele estaria cooperando com o Unicórnio?

- Índia o que acha de irmos visitar o Wagner?

- Claro...- Ela voltou sua atenção para a conversa- Nós podemos?

- Com certeza!- Mara se levantou pensativa- Meu advogado vai garantir que podemos.

Ela andou em direção a onde a mãe estava, sorrindo começou a conversar com os mais velhos e ia conseguir o que queria. Daniel e Índia continuaram em silêncio sentados um ao lado do outro, nenhum dos dois sabia o que fazer e não souberam mais ainda quando Antônio se levantou e andou até eles.

- Pai...- Índia sussurrou

O homem continuou parado, encarando os dois, não era a hora certa, ele sabia disso, mas estava vendo seus filhos juntos... Ainda pedia para acordar daquele sonho maldito.

- Sua mãe ligou... Luciana está melhor, tiveram que seda-la... Cecília está vindo para cá...

- Vai pra casa pai.- Índia encarou o homem triste

Laços da Morte [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora