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As labaredas de fogo queimavam, Mara estava em pé frente a aquele fogo, sentindo-se um pouco livre, em uma mão estava a arma a cada segundo olhava em volta, não queria que ninguém a visse queimando sua caixa de lembranças.

- Você nunca existiu.- Disse para o fogo

Ela havia jogado às coisas que não queimariam pela cidade, agora com tudo perdido e queimado não poderia ser acusada, mesmo que o Unicórnio tivesse tudo aquilo em mãos, eram cópias, e sem os originais deveria ser mais fácil para o advogado destruir qualquer acusação que viesse a acontecer. Já havia pensado em tudo. Ia se mudar, o pai tinha um apartamento em São Paulo, nunca mais pisaria os pés ali, assim que percebeu o fogo começar a baixar pegou um graveto e futucou os papéis queimados, era impossível dizer o que um dia algo esteve escrito ali, juntou tudo em uma sacola e amarrou bem, voltando para dentro de casa. O único que saberia disso era a grama bem aparada do quintal e nunca contaria nada a ninguém.

- Adeus!- Disse jogando a sacola no lixo da cozinha

Colocou a arma em cima da mesa e abriu a geladeira, não havia nada de interessante, seu estômago embrulhava, bateu a porta da geladeira de qualquer jeito e segurou o grito quando se virou para a mesa.

- Eu não quero te fazer mal!- Disse encarando Mara- A empregada me deixou entrar...

- O que você quer aqui Joana?

- Falar sobre o meu irmão.- Ela encarou a arma na mesa

- O que exatamente? O Pablo está muito presente no meu dia a dia ainda, eu amava aquele desgraçado.

- Eu sei que não foram vocês.- disparou- Como poderiam ter feito isso!? São o que estão mais sofrendo...

- Fala com se soubesse de mais coisas.- Mara a analisou pegando a arma lentamente

- Vai parecer loucura mas eu... eu tava trabalhando pro Unicórnio... deixa eu terminar de explicar, ok?- Mara se segurou e Joana começou a chorar- Eu recebi uma carta e os DVDs da festa em cima da cama e depois não parou mais! Mandando fazer coisas, buscar coisas, vigiar pessoas... Até o que eu deveria falar para as pessoas!

- Por que está me contando isso? Você é a porra do Unicórnio! Matou seu irmão?

- Olha, eu vesti aquela fantasia algumas vezes mas eu não sou o Unicórnio principal! Era sobre ele que eu tava tentando descobrir, descobrir quem matou meu irmão, quem matou o Pablo, Mara. Eu fiz tudo que podia fazer, entrei no jogo dele, eu vigiei você e seus amigos, eu dirigi para ele algumas vezes...

- Era de se esperar.- Mara riu apontando a arma para ela- Você e o Augusto sempre foram amigos, você sabe que o Augusto também era um unicórnio? Claro que sabe.

- O Augusto!? Eu não sabia!- Ela se levantou- A última vez que eu o vi, foi quando entreguei uma encomenda do Unicórnio para ele!

- Se eu te matar agora isso acaba... Eu sou o centro... a carta disse... só eu posso resolver isso!

- Não Mara! Eu estou do seu lado! Eu posso te ajudar a resolver...

- Como?

- Ele vai matar alguém hoje e me passou as coordenadas, eu tenho que estar com a van o esperando, finalmente vou ir até o covil dele.- Joana limpou as lágrimas- Eu quero destrui-lo o tanto quanto você.

Laços da Morte [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora