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Índia estava ao lado do túmulo de Leo quando recebeu a primeira mensagem sobre a festa. Mara ia fazer isso de novo? Ia e não adiantaria ninguém ir até ela. Respirou profundamente e engoliu todas as lágrimas, a tia não havia a deixado participar do velório, agora uma semana depois podia prometer que resolveria tudo, haviam descoberto o endereço, um terreno abandonado um pouco perto da escola, Índia, Daniel e Wagner iam com cautela, não haviam contado a ninguém ainda, o Unicórnio não tinha como descobrir.

Índia pediu por sabedoria antes de se levantar, o pai a esperava no carro, não tinha coragem de ir ali, se levantou enxugando as lágrimas, em algum lugar ali, Suzana, Paloma, Laura e Pablo estariam enterrados, não queria ver o túmulo de nenhum deles e não queria que o seu fosse o próximo. Entrou no carro e o pai sorriu para ela, o carro era de Luciana, bonito e confortável, a mulher começava a se recuperar do choque e se tornará melancólica, agora odiava Índia mais ainda.

- Você quer ir para casa?- perguntou o pai- Se importa fizermos algo antes?

- Não.- Ela limpou o rosto- Na verdade... depende...

- Bem... Eu marquei com a Luana...- Ele fez uma pausa e respirou fundo- Nós vamos conversar sobre... sobre...

- Sobre o Dani...- o carro partiu pela rua- Foi horrível.

- O que?

- Como ela me contou e como eu encarei tudo... O meu namorado passou a ser meu irmão em dois segundos! A pior parte é que eu me recusei a aceitar, nós nos beijamos algumas vezes depois, mesmo eu sabendo... não dava para acreditar.

- Índia, você não tem nenhuma culpa nisso, ok? A Luana foi irresponsável.

Eles permaneceram em silêncio durante o resto do percurso, o carro parou na porta da casa de Daniel, eles respiraram fundo e desceram do carro,
Luana abriu a porta da casa e pela primeira vez não olhou Índia com desprezo, Índia e o pai se sentaram em um sofá frente a frente com Luana, Fernando e Daniel. Ninguém tinha mais nada a esconder, cada um deles foi simples e direto.

Fernando confirmou que na época em que Daniel foi gerado, ele e Luana não tinham nada além de uma amizade mas como tinham começado a namorar logo após o fim do relacionamento dela com Antônio, nunca havia desconfiando da paternidade até o dia em que achou em meio a antigos papéis o teste de DNA e amava Daniel, era o pai dele, nada mudaria esse sentimento. 

Luana também se abriu, para Índia era a primeira vez que a via assim, frágil e insegura, falou sobre o medo que sentiu, sobre como se sentiu impotente, não fazia a mínima ideia de como contaria aos pais e como seria difícil se aproximar de Antônio, não conhecia Cecília, sabia que ela era um ano mais nova e que Antônio a traía com ela, era o bastante para que odiasse Cecília eternamente. Só descobriu a gravidez no quarto mês e isso a fez ficar mais insegura ainda, ela já estava com Fernando mas o tempo não batia, esperou mais um mês para contar a Antônio e quando se sentiu pronta descobriu sobre a gravidez de Cecília e então contou a Fernando, mexendo um pouco nas datas e voltou a observar Antônio e Cecília, os dois pareciam tão felizes e apaixonados, amaldiçoou os dois, se sentiu feliz quando romperam o relacionamento, ela havia montado a família perfeita, eles não e agora se arrependida disso.

Antônio contou como se sentia machucado, havia corrido atrás de saber a verdade e recebeu em troca uma mentira, seu relacionamento com Cecília não atrapalharia que ele cuidasse do filho e que ajudasse Luana em tudo que fosse possível, teria se desdobrado o dobro para cuidar de Daniel e Índia, lembrou-se de como se achava suficiente na sua época jovem, não precisava usar camisinha já que conseguia tirar a tempo... Respirou profundamente, ainda não entendia por que ela havia mentido todo esse tempo, depois de anos, disse que queria ter convivido, cuidado, participado de tudo possível, mas não podia voltar no tempo, Daniel já era um rapaz.

Laços da Morte [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora