POV Natasha
Acordo com os primeiros raios de sol. Meus olhos pesam, ainda cansados, mas me forço a levantar.Tem tanto a ser feito, e de qualquer forma sinto falta de Daryl. Maldito.
Minhas costas estralam quando espreguiço. Glenn está em pé próximo as grades acabando com um zumbi e Beth cochila de forma desconfortável próxima a mim. Acordo-a com uma balançada gentil e ela pisca algumas vezes para se situar. Tão esgota quanto eu e com olheiras embaixo dos límpidos olhos azuis ela se levanta determinada.
Nós três discutimos um poucMas o sobre o que fazer, com as vozes baixas evitando a atenção indesejada dos cadáveres ambulantes. Beth comenta que a ultima vez que viu Daryl ele estava indo para o Norte, o que me dá uma pontinha de esperança. Concordamos em ir para a floresta e a partir dai dar um giro para procurar pista do resto do pessoal.
Ao contrario do dia anterior, hoje está tranquilo. Não que os zumbis tenham indo embora ou algo assim, mas estão espalhados e entretidos. Fácil de lidar. Com as saís é fácil abrir caminho para fora do cubículo que passamos a noite.
Andamos atentos e estamos quase fora do pátio quando ouço algo que me faz parar. Automaticamente me viro em direção ao som, as saís erguidas em defesa. Fico quieta escutando.
—Qual o problema?- Glenn pergunta sussurrando e passando os pequenos olhos por todo o ambiente.
Inclino a cabeça em direção ao som e ouço claramente os passos. Passos de verdade, nada arrastado. Um barulho de tropeço e um gemido irritado feminino denunciam a mulher antes que ela apareça em meu campo de visão.
É uma mulher de estatura mediana, cabelos negros curtos e expressão variando entre assustada e determinada. Não é uma das nossas, mas também não vejo o ódio que esperava do pessoal do governador.
—Parada ai- rosno, o tom de voz não chegando nem na metade do que eu gostaria para expressar uma ameaça, alto o suficiente para que ela ouça, baixo para evitar atenção.
—Sou Tara- diz ela com um tom de voz um pouco mais alto do que eu gostaria. Alguns nojentos se viram para nossa direção. Ela joga a arma no chão como uma espécie de retardada- Sinto muito pelo que aconteceu.
Sinto a tensão de meus parceiros. O pequeno dilema entre deixa-la aqui para morrer, mata-la ou só faze-la sofrer mesmo... E aquela parte muito boa que quer ajudar. Por favor, estamos em pleno apocalipse e a esquesita joga a arma no chão. Ela quer provar um ponto.
Impaciente caminho até ela com passos largos, que continua parada e com as mãos erguidas.
—Posso ajudar vocês- diz com a voz um pouco mais firme quando me vê mais próxima- Eu não sabia que ele faria isso, e quando soube já era tarde demais.
—Isso não importa agora- entre dentes pegando sua arma do chão e enfiando no cós da calça junto com uma outra. Logo depois aponto uma das saís para seu pescoço e faço com que ande.
Glenn me aguarda preparado para qualquer problema e isso faz com que eu suspire mentalmente.
A partir desse momento tudo se resume em Tara tentando nos convencer de que é do bem e está arrependida. Acredito nela, acredito mesmo, mas isso não quer dizer que eu queira ela por perto.
Divido minha atenção entre o que ela diz e o que acontece ao redor. Estou impaciente, querendo a cobertura que só a floresta pode dar.
Peso na balança minhas opções enquanto ela divide a historia de vida conosco, mesmo que ninguém tenha perguntado. Minha intuição nunca falhou antes, mas estamos em um maldito apocalipse zumbi, e aparentemente a cada 10 coisas que acontecem 11 acabam nos prejudicando de alguma forma. Penso em como eu estava certa sobre Mich, e tudo mais... Talvez.
—Se quer tanto ser útil, porque não começa nos dizendo o que viu durante a batalha?- pergunto meio agressiva, interrompendo a explicação de como o Governador chegou e foi assumindo o poder. Nada é realmente novidade.
—O que eu vi?- pergunta parando para pensar- Quer saber do resto de vocês não é?
—Sim. Se viu alguém partir, essas coisas.- Sei que de certa forma estou me aproveitando da culpa que ela sente, mas é o que tenho para hoje.
—Um pequeno grupo partiu para lá- diz apontando a direção oposta a que quero seguir- A batalha já tinha acabado, mas estavam ficando cercados de zumbis.
—Como eles eram?- Glenn pergunta por mim, visivelmente esperando que Maggie esteja entre eles.
Ela faz uma curta descrição que bate com Bob, Sasha e Maggie. Suspiro aliviada ao saber que tem mais gente viva.
Glenn cai de joelhos, tanto de alivio quanto de cansaço, a doença terminando de cobrar seu preço. A garota fica preocupada, mas antes que ela ou Beth possam agir eu já estou abaixada ao seu lado.
—Tudo bem, tudo bem- digo ajudando-o levantar. -Maggie está viva, só temos que encontra-la.
Eu finalmente arrasto os três para a cobertura das arvores e então começamos a discutir sobre como ir atrás de Maggie. Meu coração doi, porque sei que não é a direção que Daryl foi.
(...)
Estamos começando a caminhar quando Glenn para bruscamente e se vira para mim.
—O que diabos?- pergunto atordoada.
—Você não pode vir.- diz sério, os olhinhos puxados estão arregalados como se ele compreendesse uma coisa absurda só agora.
—Do que está falando? Claro que posso.
—Daryl está na direção oposta, Tasha. –ele me encara e sorri-Não posso te levar para ainda mais longe dele, quando eu sei a dor que é estar longe de quem a gente ama.
—Você não está bem o suficiente ainda- digo com o coração apertado, dividido.
—Estou sim.- diz cheio de certeza. – E além do mais, Beth vai estar comigo. Vai dar tudo certo. Já nos separamos antes e não foi nem um pouco agradável, mas dessa vez eu vou saber que está viva e atrás de alguém que você ama. Vou te encontrar depois.
Fecho os olhos emocionada.
—Ah, Glenn- jogo meus braços ao redor e ele me abraça de volta com força. Sinto algumas lagrimas escapando de meus olhos mas não me importa.- Quando encontrar Maggie siga para o norte. Eu vou encontrar Daryl e depois vou encontrar vocês.
—Eu sei que vai.- ele bagunça meus cabelos com carinho- Você é uma ótima caçadora. Vamos tentar nos encontrar por lá daqui a quinze dias, com ou sem nossos parceiros. Ok?
—É idiotice- digo meio que rosnando- Devíamos fazer isso juntos, você tem que me dar três dias para achar o Daryl.
—Em três dias Maggie vai estar muito longe. Você sabe que separar é a melhor chance de ambos encontrarmos quem procuramos. Vai dar certo.
—Vai.- concordo mesmo que eu não tenha certeza.
Me despeço de Beth com um abraço e lhe entrego a arma de Tara. Nunca tinha visto ela com uma arma antes, mas agora ela está com duas e uma faca. Depois me viro para a tal Tara.
—Faça algo estupido contra um dos dois e vai ser a ultima coisa que vai fazer na vida- digo séria encarando-a nos olhos.- Boa sorte- então abro um sorrisinho assustar e vou embora.
Ir na direção contraria é difícil. Exige muito de mim deixar meu melhor amigo para trás, assim como deixar uma amiga também, e só para piorar os dois estão com uma estranha. Tenho tanto medo de minha intuição falhar dessa vez. De que esta seja a ultima vez que vejo os dois. De que eles sejam os últimos de uma família que eu tinha ganhado.
Mesmo com todo esse medo me atormentando, não me viro. Não paro. Só sigo em frente, porque apesar de estar deixando um pedaço de meu coração com eles, estou indo atrás de uma parte ainda maior do mesmo.
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Stronger Feeling
FanfictionNatasha Wayland costumava ser uma pessoa normal. Cursando engenharia civil, acreditava que o maior problema que teria por enquanto seria conciliar os estudos com as aulas de luta e ginástica olímpica, seus maiores hobbys. Mas o mundo não é tão leg...