Capítulo 29

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POV Natasha

—Acho que você não tem noção do quão perigosa eu sou agora- digo segurando firme a besta de Daryl. Ele ri as minhas costas.

—Tá se achando a senhora caçadora agora né?- Ele me dá um leve beijo na nuca e se afasta novamente.- Ainda é uma iniciante.

Depois de queimarmos aquela casinha, acho que ele se libertou um pouco do que pesava  sua consciência, e por incrível que pareça, me ensinou a usar sua besta. Por livre e espontânea vontade.

—Só admita que minha mira é maravilhosa e que um dia vou ser que nem você.

—Sonhar não custa nada- ele diz dando de ombros e fazendo pouco caso.

—Ainda to tentando entender o sentido de seguirmos um zumbi quando eu poderia treinar minha mira com essa coisa num esquilo- digo carrancuda e observo ele apertar os lábios em seu típico segurar de um sorriso.

—Porque esquilos estão em arvores, e o risco de você me fazer perder uma flecha é ainda maior.

Paro de andar, e me viro como uma criança mimada colocando língua para ele, que por sua vez deixa uma risada sair pelo nariz e me puxa para si mordendo meu lábio inferior.

O rastro fica mais fresco, e sei bem que é só virar para encontrar nossa presa inútil. Os gemidos também ajudam a confirmar minha teoria. Toda a brincadeira e leveza somem, e começo a me concentrar de verdade. De uma maneira estranha quero provar a Daryl Dixon que sou capaz.

Procuro uma visão melhor e firmo o braço me preparando para o coice da arma. O peso faz com que meu braço trema um pouco, mas ignoro isso. Não fiz ginastica olímpica por anos para ficar fraquinha.  Paro de andar, sentindo que tem algo errado, então desvio o olhar para o chão procurando algo estranho e franzo a testa para um montinho de folhas próximo ao meu pé.

—Natasha, foco- Daryl diz as minhas costas quando o zumbi finalmente nota  a minha presença e se vira para mim.  Volto meu olhar para ele, e então atiro.

 A flecha vai diretamente para seu olho e ele cai para trás, assim como eu por causa do coice. Movo meu pé esquerdo para o lado buscando apoio para meu corpo, mas o que encontro é uma armadilha de urso. A dor lancinante sobe por minha  perna e caio de joelhos, um grito preso na garganta. Olá maldição do chiclete na cruz. Maldito montinho de folhas.

Segundos depois Daryl está ao meu lado, a expressão preocupada e até mesmo um pouco desesperada. Se eu não estivesse tão atordoada poderia ter rido.

—Tudo bem, tudo bem- ele murmura e não sei bem se é para mim ou para si mesmo. Ele força a armadilha até que ela solte meu pé. Olho para o sangue que encharca minha bota e xingo baixo, meu pé pulsando. Fecho os olhos e tento sentir o estrago. Agora que a armadilha se foi não parece tão ruim- Está doendo muito? Se apoia em mim.

Obedeço, me apoiando em seu ombro e deixando que ele me erga. Arriscamos alguns passos assim, e dou conta numa boa.

—Pegue a arma- digo e ele me olha incrédulo.- O zumbi tem uma arma, pegue-a. Não segui esse treco e tive o pé ferrado pra sair de mãos abanando.

—Você é ridícula- ele me acusa, mas faz o que pedi.

Ameaçamos alguns passos, mas ele para.

—Não vai forçar seu pé, não mesmo.- diz enquanto passa a besta para frente e se agacha na minha frente. – Sobe.

Penso em negar, mas sinceramente, quais as chances de eu andar de cavalinho no Daryl de novo? Dou o impulso e o agarro pelo pescoço.

Caminhamos por alguns minutos e então vemos uma casa branca arrumadinha, com um cemitério na frente. Isso mesmo, um cemitério. Só isso já é uma placa luminosa de temos assombração para mim, mas ela ainda parece uma daquelas  casas de filme de terror onde ela é ser toda linda por fora e só acontece desgraça dentro, mas estamos em um apocalipse zumbi e esse tipo de coisa não é relevante.

Stronger FeelingOnde histórias criam vida. Descubra agora