POV Daryl
Quando Sophia saiu daquele celeiro senti algo em mim se quebrar. Seguro Carol em meus braços sem nem me dar conta de que realmente o faço. Maldição. Era apenas uma criança inocente que esse mundo de merda engoliu sem dó nem piedade. O choro compulsivo de uma mulher que perdeu a filha é tão dolorido e sem volta, que sinto aquela dor só de ouvir. A jovem Greene também chora compulsivamente por alguém, sendo aparada por Natasha, que aparentemente sente meu olhar e me encara de volta. Em algum momento solto Carol, e deixo que as coisas fluam, ajudo T-Dog e Andrea no primeiro carregamento de corpos, mas perco a paciência e deixo a tarefa só para eles.
Na tentativa de acalmar meus nervos, vou em direção a floresta e caço. Fico andando sem rumo, acertando qualquer animal que encontre por quase toda a tarde. Se uma criança inocente não é poupada ninguém mais pode ser. É tanta raiva acumulada, revolta. Entrar nesse maldito grupo foi um erro, são idiotas fracos e bons que vão morrer. Vão todos morrer, e não vou me responsabilizar por isso. Que morram todos então.
Volto decidido a me afastar, então em silencio desmonto minha barraca, pego minhas coisas e vou para um lugar mais afastado. Não consigo evitar um olhar para a barraca de Natasha e isso só me deixa mais irritado.
Quando já estou com a barraca montada e uma fogueira acesa, ela aparece
—Mudando para o subúrbio?- pergunta parada em pé me encarando. Está com o cabelo amarrado, o que deixa seu rosto mais a mostra e só consigo encara-la idiotamente por uns segundos, antes de finalmente acordar.
—Sim- meio respondo, meio rosno. Acho o comentário desnecessário, mas ele serve para me lembrar das muitas diferenças existentes entre mim e ela. Sempre fui do subúrbio, mas ela não aparenta ter vivido em um lugar assim.
Ela abre a boca para falar mais alguma coisa, mas eu viro para outro lado, deixando claro que não quero sua presença, que não quero sua companhia. Ouço o coreano chamar por ela , e sei que ela vai, já que os dois são irritantemente grudados.
—Você obviamente quer ficar sozinho. Tudo bem, foi um longo dia. Boa noite Dixon- diz com uma voz neutra, mas forte. Sinto vontade de virar para ela, de olha-la, mas me obrigo a não faze-lo.
Os dois dias seguintes eu passo a distância. Carol vem até mim algumas vezes, dizendo que faço parte do grupo, que não pode me perder, e coisas assim. Tento não ser grosso com alguém que perdeu a filha a tão pouco tempo, mas não tenho paciência.
Vejo Natasha apenas a distância, sempre envolvida com alguma atividade, principalmente acompanhada de Maggie e Glenn. Tem uma expressão preocupada no rosto na maioria das vezes, e geralmente me encara de volta intensamente, antes de voltar ao que está fazendo.
Nesse segundo dia, esbarro com ela em uma de minhas caças. Está com alguns esquilos amarrados as costas, uma bolsa aberta onde posso ver algum coelho. Sua faca de arremesso atinge um coelho ao mesmo tempo que minha flecha, e a olho irritado.
—É meu coelho.- digo assim que a avisto, está com as saís nas costas, uma faca na mão esquerda e arqueia uma sobrancelha divertida.
—Minha faca atingiu ele primeiro, caçador.
—Sem chance, loira.- rosno e ela ri.
—Você é um bom caçador?- pergunta pegando a faca que está no coelho, limpando e guardando no suporte do cinto. Aperto os olhos em sua direção- Sei que é. Então vai caçar outro para você.
Então joga minha flecha aos meus pés, joga um beijo no ar, e se vira para o lado leste da floresta.
—Então só cace no lado leste maluca.
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Stronger Feeling
FanfictionNatasha Wayland costumava ser uma pessoa normal. Cursando engenharia civil, acreditava que o maior problema que teria por enquanto seria conciliar os estudos com as aulas de luta e ginástica olímpica, seus maiores hobbys. Mas o mundo não é tão leg...