Capítulo 53

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POV Natasha

Empurro Glenn para o chão com o ombro e ergo os dois braços – puxando minha mão que até então estava segurando a dele - em uma proteção ridícula que não me atinja diretamente da cabeça.

O impacto daquela coisa contra mim me joga para trás e eu não tento firmar meu corpo, meu instinto dizendo algo sobre aguentar o impacto ser perigoso. Sinto a pele do meu braço se rasgar profundamente, grande parte ficando naquele arame.

Dói. Dói como o inferno e as lágrimas que já desciam por meu rosto descem em maior quantidade. Não me lembro de ter sentido uma dor assim em toda a minha vida.

-Uou- ouço Negan dizer e vejo por entre o borrado que as lagrimas me fazem enxergar, ele empurrar Glenn para o lado e chegar até mim. Acho que ouço o grito do Daryl no fundo, mas não tenho certeza.  Negan me puxa pelos cabelos até que eu esteja sobre meus joelhos novamente.- Tenho que admitir que isso foi surpreendente.

Ele aproxima o rosto do meu e ri de lado. Não consigo me focar em nada a não ser o sangue que desce sem parar por meus braços rasgados.

-Isso sim foi coragem. Bem diferente do que vocês bundões fizeram desde que chegaram aqui- murmura ainda sem se afastar de mim.- Hm, interessante. Proteger alguém assim...É.

Ele começa a me arrastar para o centro, e faz sinal para que levem Daryl de volta para a fila. Dor. Sinto tanta dor. Tento focar nos rostos mas está meio difícil. Acho que Carl está absurdamente pálido, e Daryl desesperado, mas não sei com certeza. Tenho uma vaga consciência de soluços, angustia, e entendo. Sinto o mesmo.

-O que te faz pensar que não vou matar o carinha ali depois do seu sacrifício, belezinha?- pergunta novamente muito próximo.

Sinto uma vontade absurda de lhe dar uma cabeçada e quebrar esse nariz, ou até mesmo de cuspir em sua cara, mas não é hora de ser durona. Não é hora de ser eu. Nem sequer acho que tenho forças para isso no momento. Puxo as palavras do fundo de mim e engulo o orgulho.

-Por favor não o mate- peço com a voz mais dócil que consigo encontrar. –Por favor não mate mais ninguém.

-Hmmmm, eu gosto quando me pedem as coisas. Assim mesmo. Na verdade gosto quando imploram, mas pedir também é bom.- ele se afasta e inclina a cabeça, ainda me olhando.- Tão bonita... Tão interessante.

Mantenho meus olhos fixos nele. Dor. Dor. Sangue escorrendo. Nojo desse homem. Raiva reprimida. Perda de um amigo. Misto de sentimentos, aperto no peito. Tudo confuso e embolado assim. Uma vaga tonteira, que imagino ser pelo sangue perdido.

-Eu disse que acabaria na porrada com um de vocês se fizessem merda- ele me olha fixamente com um sorrisinho- Posso fazer isso com você e deixa-los. Mas você é mulher, e eu não bato em mulher...Arat venha aqui.

-Sim, senhor?- uma voz feminina responde.

-Você vai encher essa belezinha aqui de porrada, e ela não vai revidar ou se proteger porque esse é o trato- diz voltando a se aproximar de meu rosto.- vamos ver se ela aguenta. Ah, e não acerte esse rostinho bonito. Puta merda, acertar esse rostinho bonito seria um desperdício.

Ele solta meus cabelos e caio para frente. Apoio as mãos no chão e ergo um pouco do corpo, levantando a cabeça e olhando fixamente para Daryl.

“Sinto muito, me desculpe” digo movendo os lábios, sem realmente soltar um som, sabendo que me colocar em risco desse jeito atinge-o diretamente, além de quebrar, parcialmente, promessas que já fiz a ele. Vejo em seus olhos a compreensão, e então estou no chão novamente.

Sinto chutes nos braços, barriga e costelas. Respirar fica difícil, mas não me movo. O sangue continua a fluir dos rasgados em meus braços e tudo dói. Lágrimas descem silenciosas por meu rosto, mas aguento. Parece estar no corpo todo.

Stronger FeelingOnde histórias criam vida. Descubra agora