Na manhã de segunda-feira, Crystal ao invés de tomar o café da manhã em casa, deixou George na escola e seguiu direto para uma Starbucks que ficava próxima do trabalho. Chegando lá ela viu Kyle, seu antigo colega de trabalho, acenar de uma mesa e apontar para a cadeira de frente para ela.
— Oi. Desculpe o atraso, o trânsito está péssimo.
— Tudo bem. Eu cheguei agora a pouco. — Kyle disse com displicência. — Pedi um suco verde para você. Está correto?
— Sim. — disse dando uma generosa golada. — Oh, está divino. Então, eu não tenho muito tempo... será que já podemos falar de números?
— Você leu minha mente! — Kyle disse tirando uma caneta do bolso e pegando um guardanapo do Starbucks. — Olha, os quatro são meus clientes e na minha opinião é um valor muito generoso. Eles vão querer confidencialidade total é claro.
Crystal resmungou que sabia o procedimento de acordos com compensação monetária. Kyle sem se abater deslizou o guardanapo sobre a mesa.
Numa letra garranchosa, lia-se: trezentos e cinquenta mil libras.
Ela arregalou os olhos. Imaginou que no muito eles ofereceriam cinquenta mil. A menina era uma garçonete e evidentemente precisava de dinheiro, mas eles estavam a oferecendo trezentos e cinquenta mil! Aquilo era dinheiro demais!
E foi aí que teve certeza: Penelope estava falando a verdade. Os meninos a estupraram.
— Eu vou apresentar sua proposta para minha cliente. — Crystal disse com o semblante sério. — Para ser sincera eu só quero que isso acabe. É pro bono, na verdade.
— Bem, eu estou sendo pago. — Kyle sorriu. — Se não tivesse nos abandonado provavelmente teria pegado esse caso.
Defender um bando de estupradores ricos? Não, obrigada. Foi o que Crystal pensou consigo mesma, mas apenas se levantou e pegou sua pasta.
Enquanto saíam ela decidiu perguntar a Kyle algo.
— Quando você estava em Oxford, ouviu falar sobre uma seita que praticava crimes em conjunto? — perguntou-o.
— Oh Deus. — Kyle resmungou em tom cansado. — Juram que existe uma seita que persegue a minoria de Oxford, mas posso ser sincero? Oxford sequer tem minorias e as que tem só estão preocupadas em conseguirem permanecer na faculdade.
Crystal pensou de uma vez que estivera em Oxford. Ela viu realmente um bando de homens brancos andando juntos, mulheres brancas também.
Pensou em Yale, Harvard e percebeu como em praticamente todas as escolas de ponta tinham um corpo discente predominantemente caucasiano e de boa base familiar, enquanto quando ela deu aulas numa faculdade comunitária no período noturno, ela via mulheres que estudavam numa idade mais avançada por terem sido mães solteiras, pessoas negras e/ou de baixa renda pela primeira vez tendo a oportunidade de algo semelhante.
— Todo lugar tem minorias. — Crystal disse secamente.
— Oh, você é uma dessas...
— Uma dessas o quê?
— Idealistas.
— Não. — Crystal rebateu rude. — Apenas alguém com muita mais consciência e bom senso que você. Então, vai responder ou não vai?
— As pessoas comentam desta seita há décadas, Crystal. Ninguém nunca ficou sabendo de nada. — Kyle explicou. — A Universidade já intimou vários alunos, inclusive Oxford foi processada inúmeras vezes. Eu sei que essa menina está alegando ter sido violentada pelos meus clientes e os acusando de serem membros de alguma seita ilegal, mas isso é tudo bobagem... ela já fez programa antes, inclusive com um dos rapazes ok? Ela só quer um dinheirinho fácil e eu não a culpo. Deve ser terrível viver num lugar rodeada de gente rica e bem de vida com dinheiro para jogar fora e não ter como nem pagar o aluguel.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Other Woman
RomanceCrystal Sinclair é uma advogada nova-iorquina, nascida e criada em grande estilo na alta sociedade de Manhattan. Após o fracasso de seu relacionamento com um jovem ambicioso, ela aceita um trabalho em Londres e decide apostar na cidade da Rainha par...