CAPÍTULO 13

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— Um passarinho pode ter me contado que você está saindo com uma moça.

William prendeu o riso enquanto observava seus filhos brincarem nos jardins do Kensington. Ele havia passado para deixá-los em casa depois da aula, já que Kate havia ligado com certa urgência dizendo que não conseguiria chegar a tempo do sinal.

Ele aproveitou para levar os filhos para um sorvete já que nem Kate e Maria estavam em casa para recebê-los.

— Isso é bom, William. — Kate disse honestamente e com um sorriso. — George disse que Crystal é bacana.

— Puxa. Ele já te disse até o nome da garota? — William comentou rindo. — Sim, ela foi lá em casa ontem. Eu queria que ele se distraísse e melhorasse o humor depois do... pequeno problema que tivemos.

— E os dois se deram bem? George foi gentil com ela? — Kate perguntou preocupada.

William acenou com a cabeça e viu como Kate parecia aliviada.

As vezes William tinha a impressão que Kate se sentia culpada e com um pouco de pena dele. Afinal, ela pediu o divórcio, ela se apaixonou pelo próprio médico, ela ficou com a guarda dos filhos. Talvez ela achasse que ser uma boa amiga, como ela costumava ser em St. Andrews, era uma forma de compensar os infortúnios que causou na vida de William.

Mas não, ele não a culpava e nem se sentia miserável por Kate ter pedido o divórcio. No início William tinha sentido que havia falhado, mas hoje percebia que não havia propósito em dar seguimento numa relação que já não rendia mais frutos — também não estava aos trancos e barrancos, mas terrivelmente estagnada num mesmo ponto há anos. Eles não estavam indo a lugar algum.

Apatia é uma doença cruel e ela chega aos casamentos sem nem perceber.

— Mas ela... ela é um pouco mais jovem. — William murmurou, chutando algumas pedrinhas com a ponta do sapato. — Ela não tem filhos, nunca foi casada. Acredite ou não, não é o fato de eu ser quem sou que a assusta e sim a outra parte. A parte real.

Kate acenou com a cabeça em sinal que compreendia.

— Bem, é tudo muito novo para ela, mas não acha que foi legal que ela tenha aparecido ontem?

— Ela estava meio desconfortável.

— Ora essa, William, era o primeiro contato dela com nosso filho. — Kate disse rindo. — Ela não vai chegar com beijos, abraços e presentes. Até porque, não acha que seria muito mais assustador se fosse assim? Deixe a menina caminhar no tempo dela. Mas ok, quão mais nova estamos falando? Você tem andado demais com o Van.

William riu.

— Não tão nova assim. — disse num suspiro. — Ela tem trinta e dois.

— É uma idade boa. — Kate disse com convicção. — O suficiente para lhe oferecer algo de bom, mas também velha o bastante para que você a respeite. Olha, por que não compra um vinho e passa de surpresa na casa dela?

— Não acho que ela vai gostar. A Crystal... ela é do jeito dela.

— Toda mulher aprecia romantismo, William. Até as mais jovens, descoladas e autossuficientes como Crystal.

Em casa, Crystal desanimadamente estava higienizando alguns legumes para a semana. Ela também tinha feijão branco na panela de pressão. Estava com um olho nos legumes e outro olho no relógio, porque ela tinha que contar cinco minutos depois que a panela começasse a apitar.

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