CAPÍTULO 57

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01 de Janeiro, 2023

Os olhos de William se abriram devagar por causa da luminosidade. Uma pontada na cabeça o fez resmungar baixinho e fechar os olhos com força.

Do pescoço para baixo ele não sentia nada, mas sua cabeça estava latejando como se ele tivesse levado várias pauladas e seus olhos ardiam ao menor contato com a luminosidade.

Tentou se mover e sentiu o corpo pesado. A mão que levou ao rosto parecia pesar vinte quilos, ele a usou para tapar os olhos e impedir que a luz que vinha da janela de frente para sua cama o deixasse completamente cego.

— William?

A arfada que escapou de seus pulmões era de puro alívio em escutar a voz familiar de Crystal.

O instinto inicial foi de dizer o nome dela, mas sua garganta seca e irritada o fez hesitar. Ele continuava mantendo os olhos tampados por causa da claridade, seu corpo desperto, mas ainda pesado, se assemelhava a um ímã e o polo oposto era a cama. Os dois se atraíam, William sentia que seu corpo pedia para se deitar, mas ela teimosamente persistiu em se manter sentado.

— Graças a Deus. — ele sentiu os braços finos de Crystal o envolverem num abraço desajeitado.

Gemeu de dor pelo contato e ela imediatamente se afastou, murmurando pedidos de desculpas e então o empurrando de volta para a cama.

— Está tudo bem. — ouviu Crystal dizer baixinho. — Eu vou avisar a enfermeira que você está acordado e vou ligar para seu pai. Seu irmão está por aqui em algum lugar.

O corpo de William fez contato com os travesseiros outra vez. Ele agora sentia que seus olhos podiam lidar com a luz do ambiente, então lentamente afastou a mão do rosto e contemplou o que parecia ser o teto de um quarto de hospital. Crystal havia acabado de sair para chamar uma enfermeira, então ao que tudo indicava não parecia um quarto de hospital, aquele era um quarto de hospital.

Um minuto depois uma enfermeira chegou apressadamente, seguida de perto por Crystal que estava no telefone.

— Sim, senhor. Ele está acordado. — disse Crystal com um sorriso e uma lágrima tímida escorrendo pelo rosto. — Ok, eu vou pedir para se prepararem para sua chegada.

A enfermeira se apresentou como Sra. Finley e começou a executar testes em William.

— Sente isso senhor? — ela perguntou.

Se limitava a acenar com a cabeça a cada vez que ela repetia a pergunta. William olhou para o aparelho ligado a seu corpo e que contava seus batimentos cardíacos, também se deu conta de que estava usando oxigênio.

— O senhor se lembra do que aconteceu? — perguntou a enfermeira num tom cuidadoso.

Crystal se aproximou para ocupar a cadeira que ficava ao lado da cama. William, ainda deitado, negou com a cabeça.

— Seu helicóptero caiu querido. — Crystal disse baixinho e fazendo carinho em seu rosto. — Você estava voando de Sandringham para Gales. Ele caiu pouco depois de alçar voo, você mal tinha deixado a propriedade.

William se lembrava de despedir-se das crianças na manhã do dia vinte e cinco quando Kate e Max apareceram para busca-los.

— Era dia vinte e oito. — Crystal explicou num tom ainda meio choroso. — Você teve muita sorte. Poderia ter sido pior.

Ela beijou sua têmpora delicadamente. O contato dos lábios dela fazendo seu corpo tenso relaxar e William fechar os olhos.

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