CAPÍTULO 02

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— Como está Londres?

— Fria, velha, sem graça. Quero ir para casa.

Aquela era basicamente a resposta que Crystal dava a todo mundo de Nova York que a perguntava o que ela estava achando de viver naquela terra esquecida por Deus.

Ela olhou pela janela de seu escritório com desânimo. O céu estava nublado e fazia um frio de bater os queixos. Você imagina que está acostumado com esse tipo de clima ao ser uma nova-iorquina legítima, mas nada poderia ter preparado Crystal Sinclair para a vida em Londres.

— Não seja dramática. – reclamou Reese, sua melhor amiga — Eu estive aí certa vez e eu particularmente achei bem badalado.

— Se você tem uma vida social. – concordou Crystal. — Aqui é a cidade dos pubs. Para cada esquina que eu olho consigo encontrar um pub.

— Como em Paris com os bistrôs?

— Sim, mas numa abundância muito maior. – explicou a jovem de fios iluminados, queixo pontudo e nariz reto. — Eu mal cheguei em Londres e eu já quero voltar para casa.

Ela havia ido para Nova York passar o natal e o ano novo, havia tirado alguns dias de folga em janeiro, mas quando ela já estava começando a se aconchegar ao ritmo nova-iorquino outra vez, o dever a chamou e Crystal teve que voltar dois dias mais cedo para o trabalho.

— Por quê? Nova York continua a mesma de sempre. Nós ainda vamos aos mesmos lugares e as ruas ainda são infestadas de mendigos.

— Londres não é tão diferente, vai por mim. Mas bem, em Nova York eu tinha minha família, eu tinha amigos. Eu não conheço ninguém aqui, a exceção dos idiotas do meu trabalho.

Na vídeo-chamada, Reese franziu o cenho confusa.

— Você não saiu para jantar com um deles esses dias?

— Por isso eu posso dizer que são idiotas. – explicou Crystal. — Além disso, se algum deles me perguntar de novo se eu seguro peido juro que vou enfiar a mão na cara deles.

O problema de ser a única mulher no meio de um bando de homens, é que você, por mais bonita e intimidante que seja, acaba se tornando um dos caras. Crystal não conseguia mais tolerar as piadinhas de punheta, peido e arroto.

Todos ali eram homens com mais de trinta anos, todos bem-sucedidos e em cada um de seus escritórios eles ostentavam seus diplomas de Oxford, Cambridge e tantas outras faculdades renomadas espalhadas pelo mundo.

O de Crystal dizia em letras berrantes Yale e além do diploma ela havia colocado em sua parede o emblema da instituição, além de sua fotografia ao lado da Hillary Clinton.

— Quem diria que os figurões de Oxford fossem uns completos idiotas.

— Você ficaria surpresa.

— Por falar em idiota, eu vi o Ethan com a nova namorada no brunch dos Von Rosier.

— Ah é?

Ela fez o possível para fingir o máximo de desinteresse, mas era ridículo tentar fazer uma cena para Reese que a conhecia tão bem.

— Você é mais bonita.

— Eu não tenho a menor dúvida. – resmungou.

— Ela é muito baixinha e sem graça.

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