EXTRA 01

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2 anos depois

Comunicamos com profunda tristeza que após uma longa batalha contra o câncer de mama, Sua Alteza Real A Princesa Consorte faleceu pela madrugada. O corpo será velado na Abadia de Westminster.

— Crystal, você pode me ajudar com a gravata?

A Princesa de Wales saiu do transe pensativo que se encontrava ao escutar a voz do enteado. Ela olhou para Arthur que trazia a gravata em mãos.

Sorriu para o menino que era tão parecido com seu marido. Abaixou-se para ficar na altura de Arthur e começou a fazer o nó da gravata. George já sabia dar um nó razoável, ele estava com onze anos afinal, mas Arthur tinha seis.

— Papai está bravo. — Arthur comentou. — Eu o ouvi gritando com o tio Harry.

— Ah é? E como você ouviu isso?

As bochechas do menino salpicaram de vermelho e Crystal a apertou levemente.

— Onde está o sorriso que eu amo? — Crystal perguntou depois de terminar de dar o nó.

Os lábios do menino se moveram e se levantaram suavemente. Ele abraçou a madrasta que tinha como segunda mãe. Seus bracinhos rodearam os quadris de Crystal e as mãos dela acariciaram seus cabelos loiros.

— Eu estou com medo, Crystal. — ouviu Arthur dizer.

— Por que mocinho?

— Porque o papai vai ser Rei agora. Não vai? O vovô vai sair.

Engoliu em seco.

Ah se aquele menino soubesse que aquele também era seu maior medo. Se ele soubesse que há dias não podia dormir porque era tudo que pensava.

— Não importa agora. O vovô ainda é o Rei, ok? Seu pai não vai fazer nada sem falar com a gente.

Crystal assim esperava. Ela sabia muito bem o que William ficava fazendo trancado em seu gabinete no meio de conferências telefônicas.

Os conselheiros queriam que Charles abdicasse. Nos últimos seis meses, William havia sido condecorado como Príncipe Regente.

Charles passava todo tempo que tinha ao lado de Camilla como já era de se esperar. Ele estava com ela no momento que descobriram sobre o câncer e até em seu leito de morte.

William querendo ou não acabou abraçando muitas das funções que seu pai tinha. O país ainda precisava de uma figura, mas Charles não parecia ter condições emocionais para desempenhar o papel que esperou por tanto tempo. William se viu tendo que abraçar as funções de monarca muito antes que acreditava.

Nos últimos dois anos, Crystal podia contar o número de vezes que eles haviam tido um tempo real juntos. Tempo para curtir o outro, curtir a família que tinham criado. William tentava de verdade, ele fazia planos com a verdadeira intenção de cumpri-los, mas algo sempre entrava no caminho.

Camilla piorava e Charles desmarcava um evento importante, então William pegava o helicóptero e deixava Gales para ir a Inglaterra substituir o pai. Crystal ficava na residência deles com as crianças e tinha que inventar uma desculpa. O primeiro acampamento deles havia sido somente com Crystal, as crianças ficaram com medo de madrugada e foram para a barraca dela.

— Eu não quero que ele seja Rei. — Arthur disse com um tom choroso. — Reis não tem tempo para brincar com os filhos. Papai já mal tem tempo para nós.

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