Capítulo 12 - O fim do começo

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Depois de ter chorado todo meu estoque de lágrimas, sentei ao lado de Antonia e disse com a cabeça recostada no sofá:
- Ela vai casar em dois meses.
- Eu sei, Fábio me falou. – ela respondeu. – não quis te dizer porque queria que você se envolvesse o mínimo possível com isso.
Eu ignorei a fala dela e prossegui:
- Mais do que meu coração partido, o que me preocupa é a forma com que tudo isso aconteceu. Tem no máximo uma semana que minha vida simplesmente despencou. Eu não podia ter deixado isso acontecer. – disse, desanimado.
A verdade é que eu já tinha perdido completamente a noção do tempo. Vinha dormindo muito mal e o turbilhão de coisas que passava pela minha cabeça me deixava ainda mais desnorteado. Antonia segurou minha mão e respondeu:
- Lembra do que eu te falei no restaurante? Sinta tudo o que precisar sentir, seja bom ou ruim. E mais uma coisa: tenta pensar menos. Não se esforce tanto pra ser forte contra as coisas que você não tem controle.
Eu sabia que o que ela dizia tinha muito sentido, mas não gostava admitir. Ela concluiu:
- Não se sinta inferior por estar vulnerável e peça menos desculpas por pedir ajuda. Você não teria me chamado se, de alguma forma, não confiasse em mim.
Depois de Antonia ter dito aquilo, me dei conta que não pensei em chamar nenhuma outra pessoa no ápice do meu desespero.
Antonia me abraçou com carinho e eu senti uma ternura profunda por ela. Um pequeno oásis no deserto que tinha se transformado meu peito com a notícia do casamento de Diana. Seguindo o conselho de pensar menos, falei uma verdade que me surgiu num lapso:
- O beijo. Eu gostei do beijo.
Antonia não entendeu.
- O quê?! Você beijou Diana? – perguntou ela, incrédula.
- Do seu, Antonia. Eu gostei do seu beijo.
Mal acabei a frase e senti ela se aproximar mais uma vez com um beijo caloroso. Dessa vez, segui o conselho e esvaziei minha mente. Me deixei guiar apenas pelo que sentia naquele momento. Durante o resto da noite, o nome de Diana não foi mencionado. Entretanto, o conselho que me deu em uma das noites que nos encontramos e eu disse que gostava de alguém sem reciprocidade ficou na minha mente:
“ - Isso acontece. Mas o mais importante é ter a consciência que você está tendo. Eu também já vivi isso e, quando me dei conta, percebi que precisava de alguém que sentisse o mesmo por mim.” – foram as palavras da dona do perfume de flores.
Antonia sentia isso por mim. Antonia era uma chance real de ser feliz.

Dias que eu não viOnde histórias criam vida. Descubra agora