Capítulo 11 - Causa e efeito

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Ali estava eu, mais uma vez, frente a frente com Diana. Começava a parecer que o universo queria me enlouquecer. Ela saía do trabalho no mesmo intervalo de tempo em que eu voltava para casa. Um quarteirão antes ou um depois, a verdade é que a gente se encontrava praticamente todos os dias.

- Que cachorrão mais lindo esse Toni! – brincava ela com meu cão-guia, que parecia muito pouco meu amigo naquele momento.

- Oi, Diana. – disse

- Acho que o Fábio já falou com você, né? Queremos fazer a festa de casamento no seu restaurante!

Aquelas palavras vindas da voz dela eram ainda mais dolorosas. Respondi que sim. Depois de alguns segundos, respondi:

- Antonia falou com ele sobre como funciona nosso sistema de aluguel do espaço, agora só falta vocês nos dizerem a data?

Diana soltou um grunhido espantado.

- Ué, ele não marcou já? Vai ser daqui a exatamente dois meses. Ele deve estar maluco! Temos que reservar logo!

Sessenta dias. Em sessenta dias, qualquer chance de ficar com Diana estaria esgotada. Ela falou mais algumas coisas sobre data e sobre Fábio ser esquecido e sei-lá-o-quê. Mas eu não ouvi mais nada. Só me despedi e puxei Toni que, a contragosto, voltou a me conduzir. Cada passo derrubava uma lágrima tão pesada que chegava a fazer barulho na minha camisa.

Em casa, me senti sozinho como nunca. Num gesto desesperado, peguei o telefone na sala e liguei para Antonia. Já eram quase quatro e meia da manhã. Ela atendeu com uma voz sonolenta.

- Alô..,?

- Antonia, é o Érico – disse, aos prantos – sei que fica meio difícil, mas será que você pode vir até aqui agora?

Antonia nunca tinha me ouvido naquelas condições. Eu nunca esperei que ouvisse também. Sem hesitar, ela respondeu:

- Eu tô indo pra aí.

E desligou.

Quinze minutos depois, tocou o interfone, subiu, e não disse nada. Apenas me abraçou com muita força. Eu chorei tudo que pude. Me afastando, ela secou meu rosto com as mãos e disse:

- Eu vou cuidar de você. Vou cuidar.

Antonia me levou para o sofá, ligou o rádio em uma emissora de músicas animadas e me acomodou em seu colo.

Ficamos ali, em silêncio, por quase uma hora.

E foi então que começamos a conversa mais sincera que já tivemos. Eu não esperava que acabasse como acabou.

Dias que eu não viOnde histórias criam vida. Descubra agora