Dias que eu não vi

Capítulo 13 - Show de horrores

Amanheceu. Antonia e eu adormecemos no sofá. Acordei com uma espécie de ressaca moral e com um medo terrível de ter feito a maior besteira da minha vida. Não me arrependia de ter me deixado levar pelo momento, mas tinha muito medo de magoar Antonia por não conseguir levar aquela situação adiante.
Fui até a cozinha e preparei um café.
Percebi que Antonia se aproximava e me deu um beijo de bom dia. Silenciei. Foi ela que começou a falar.
- Érico. Tá tudo bem, tá? Eu vou embora e a gente vê como isso fica depois. Só te peço uma coisa: pensa um pouquinho no que aconteceu aqui ontem. Considera se isso, de alguma forma, não muda o que você sente por mim. Eu posso estar ficando maluca, mas eu senti reciprocidade. Pensa nisso, Érico. Por mim.
Acenei com a cabeça. Não sabia o que falar. Acompanhei Antonia até a porta e, antes de sair, ela sussurrou:
- Eu amo você, Érico.
Não fui capaz de responder. Ouvi os passos distanciando e fiquei ali, com a porta entreaberta pensando em tudo o que acontecia. Diana ainda estava presente, despedaçando meu peito, mas a noite com Antonia tinha mexido muito comigo.
Era feriado e na praça da cidade tinha uma banda qualquer tocando. Sentei no sofá e fiquei ouvindo. Em determinado momento, o vocalista gritou:
- Um amigo nosso pediu uma ajuda para fazer um pedido muito especial aqui. Pode chegar aqui, Fábio!
Perdido em meus próprios pensamentos, não liguei o nome à pessoa. Foi só quando a voz grave assumiu o microfone que percebi quem era. Meu coração parecia ter entalado na garganta quando ele falou:
- Eu amo uma menina muito especial e quero passar o resto da vida ao lado dela. Por isso, não tenho vergonha de perguntar na frente de todo mundo: Diana, você quer casar comigo?
A multidão foi à loucura com o aceite de Diana e eu senti meu peito desafinar as últimas notas coerentes. Antes que pudesse começar a chorar de novo, tomei o telefone e gravei um áudio pra ter certeza que não travaria por qualquer resposta dela:
- Oi Antonia. Desculpe não ter dito nada. A noite passada foi linda. Quer sair de novo depois do trabalho?
Enviei. Ouvi a notificação da mensagem de retorno e ouvi um áudio de três segundos com a mesma resposta que ouvi na minha porta.
- Eu amo você, Érico.