22/04/2016
Querido Charlie,
Hoje eu tive um sonho muito estranho. Eu nunca escrevo sobre meus sonhos, mas esse merece uma atenção especial. Nesta noite, sonhei com a Melissa. Vou contar o que eu lembro.
Eu estava no pátio do lado de fora da escola e ela estava sentada na grama, com uns livros ao seu redor. Ela me viu e sorriu. Melissa estava mais do que linda. Parecia até um anjo. A luz do sol a deixou ainda mais maravilhosa. Seus olhos estavam mais claros e seus cabelos com uma cor incrível e hipnotizante. Fui andando em sua direção, totalmente encantada. Parecia que uma corda invisível me puxava para ela. Quando cheguei perto, ela se levantou e abriu os braços para me envolver em um abraço. Charlie, sabe aqueles sonhos que parece que foram reais? Que você sente as sensações e acorda pensando "será que foi só coisa da minha mente?". Pois é. Eu senti aquele abraço. Foi cheio de carinho e eu me senti segura. Quando ela ia falar alguma coisa, eu acordei e minha respiração estava acelerada. Eu queria voltar a dormir e ter aquele sonho de novo. Não acreditava que eu nunca ia saber o que a Mel queria me dizer. Olhei o relógio e faltavam 15 minutos para meu celular despertar e eu ter que me arrumar para ir para a escola. Não consegui mais dormir. Estava agitada demais.
Fui para a escola e fiquei pensando em como seria minha reação ao ver ela. Essa menina está me tirando a paz, Charlie. Sentei em uma mesa e Mathew veio até mim. Eu não conseguia parar de balançar as pernas e apertar meus dedos. Meu amigo me questionou:
— Amelia, tudo bem?
— Sim. Por que a pergunta?
— Você parece distraída, distante e agitada.
— Estou bem.
— Tem certeza? — Esse menino me conhece bem demais.
— Mat, eu não quero falar sobre isso agora.
— Mais tarde?
— Ok.
Eu precisava conversar com alguém sobre aquilo. Eu sabia que Mathew poderia me ajudar. Ele sempre faz isso. Eu não ia dizer que o sonho era sobre Melissa, mas ia tentar fazer com que parecesse um assunto normal.
A manhã se arrastou. Não vi a Mel na hora da entrada, nem no intervalo. Pensei "será que ela faltou?". Mas na hora da saída, lá estava ela, mas Melissa não parecia nada bem. Fui conversar com ela.
— Mel, tudo bem?
— Oi, Am. — Ela sorriu fraco.
— Você definitivamente não está bem.
— É. Estou com alguns problemas. Não vou poder ficar à tarde.
— Ok, tudo bem. Quer falar sobre?
Ela olhou para mim e percebi que seus olhos não estavam com o brilho de sempre. Algo sério estava acontecendo.
— Sim.
— Vem aqui.
Puxei ela até um muro pequeno que tinha perto dos portões. Sentamos lá e ela começou a falar:
— Minha avó está no hospital. Ela estava passando muito mal ontem à noite. Parece que está piorando. — Ela piscou algumas vezes, tentando afastar as lágrimas que se formavam.
— Calma, Mel. Vai ficar tudo bem.
— Espero.
Eu não sabia o que dizer. Eu nunca sei como agir nessas situações. Eu sou uma pessoa tão sentimental que, se eu ver alguém chorando, eu choro junto. Eu não sabia muito sobre a família dela. Eu poderia falar as coisas que todo mundo diz, mas na verdade, eu não consegui. Naquele momento, eu só pensei no abraço do sonho. Será que o meu abraço passaria para ela tudo aquilo que senti? Vendo ela naquela situação, eu só queria abraçá-la. Queria que ela visse que eu podia ser um porto seguro, alguém que ela podia confiar, um ombro para ela chorar. Pensando em tudo isso, eu a abracei. Ela me abraçou de volta. Ela se encolheu nos meus braços e eu comecei a fazer carinho em seus cabelos. Eu não sabia o que falar, mas com gestos, eu mostrei que estava ali. Ficamos um bom tempo assim. Eu não queria soltá-la e ela parecia querer o mesmo. Estava tão bom. Mas uma hora tinha que acabar. Ela foi se soltando devagar e segurou na minha mão.
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O Diário de Amelia Hastings
RomanceAmelia Hastings é uma menina criada dentro da tradicionalidade de sua família. No ensino médio, ela conhece Melissa Montgomery e tudo o que ela pensava será colocado à prova. Amy terá que decidir entre sua felicidade e seu conforto. Como será que tu...