Cap. 44 - I've been waiting and I'll keep waiting...

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19/03/2018

Querido Charlie,

Melissa não acordou. O resultado dos exames saíram e eu só queria estar na mesma situação que ela porque não quero viver em um mundo sem a minha namorada. Ela está em coma. Por tempo indeterminado.

Só para você entender melhor, existem dois tipos de coma. O primeiro é o induzido, em que os médicos passam medicamentos e o paciente fica inconsciente para evitar a dor ou para conseguir respirar. O coma em que Melissa está é o que não é possível prever se a pessoa irá acordar, pois é "controlado" pela lesão no cérebro.

O Dr. Harrison nos ligou pela tarde e disse que precisava conversar conosco. Ele não falou nada sobre podermos ver a Mel, então ficamos preocupados. Chegamos lá e ele nos deu essa notícia de que a minha namorada estava inconsciente. Comas podem durar horas, dias, semanas, meses ou anos. Não se sabe ao certo o que acontece com quem está nessa situação. Melissa responde a alguns estímulos musculares, mas não é nada que possa dizer se ela está nos ouvindo ou não. O médico nos disse que em uma escala de 3 a 15, ela está no número 11, em que a consciência é baixíssima, mas pelo menos está conseguindo respirar sem precisar ser intubada. Agora é só acompanhar e esperar a evolução de seu quadro clínico.

Kate ficou inconformada quando recebeu essa notícia. Ela não queria acreditar no que estava acontecendo com a sua filha. Mais uma vez, tive que reprimir todo o meu sofrimento e ajudar a minha sogra.

— Kate, lembra do que eu disse? — perguntei, segurando as suas mãos.

Ela apenas olhou para mim, com os olhos cheios de lágrimas. Continuei:

— Melissa é uma menina forte. Ela vai passar por tudo isso. Precisamos nos ajudar, por favor. Ela não está morta, só está dormindo.

— Vou tentar — Kate respondeu, depois de um longo suspiro.

— Já é um começo.

Eu a abracei. Michael se juntou ao abraço e ficamos daquele jeito por um tempo, apenas recebendo o apoio um do outro.

Fui para a universidade. Mathew me encontrou lá e, assim que eu o vi, desabei em lágrimas. Ele se aproximou de mim na maior velocidade possível e me abraçou. Eu chorava compulsivamente e ele nem ligava para o quão encharcada a sua camisa estava ficando.

— Ei, me fala o que aconteceu — ele disse enquanto fazia carinho no meu cabelo, na tentativa de me acalmar.

Eu não consegui responder. Eu só chorava. Minha namorada está inconsciente e eu não consigo aceitar isso. Eu tinha escondido todo o meu sofrimento durante a tarde. Todo tempo em que eu estive com os pais da Mel, eu tive que me segurar. Assim que vi o meu amigo, o meu porto seguro, eu simplesmente liberei tudo o que estava sentindo. Mathew me apertava como se quisesse mostrar que queria me proteger de todas as coisas ruins que existem no mundo.

— Eu não quero viver em um mundo sem ela — falei, chorando desesperadamente.

— Amy, o que aconteceu? — Ouvi a voz dele fraquejar. Eu sei que os dois têm uma amizade incrível e que ele estava lutando para não demonstrar a dor que sentia.

— Ela está em coma — consegui sussurrar.

Senti que ele soltou um suspiro de alívio. Pelo jeito que eu cheguei, ele deve ter pensado que ela tinha falecido. Escrevendo agora, vejo como a minha atitude pode ter sido exagerada, mas tenta imaginar como é você saber que pode nunca mais ver os olhos da pessoa que você ama, ouvir aquela voz maravilhosa, sentir aquele abraço envolvente e protetor, ter os momentos só entre vocês dois, sentir aquele cheiro que te deixa mais apaixonado. Não é fácil, Charlie.

O Diário de Amelia HastingsOnde histórias criam vida. Descubra agora