Cap. 31 - I'm gonna love you, like I'm gonna lose you...

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16/08/2017

Querido Charlie,

Uma tradição muito boa da família Hastings é que quando os filhos nascem, os pais fazem uma conta bancária para os seus bebês e todo mês depositam uma certa quantia de dinheiro. Esse dinheiro começa a ser administrado pelos respectivos donos somente quando entram na faculdade. Resolvi comprar um carro, pois a universidade não liberou os dormitórios, então eu preciso me locomover todo dia. É um Nissan Sentra e eu já estou amando ele.

Fui aprovada na Universidade de Atlanta, junto com Melissa e Mathew. Explicando rapidinho como vai funcionar: o primeiro ano, o ano de calouro, temos aulas das áreas de conhecimento, sem as matérias específicas do curso escolhido. Como eu quero Psicologia, eu terei aulas de Ciências Humanas e mais umas coisas até as férias de verão, lá para junho do ano que vem. Enfim, é isso Charlie.

Sobre os meus pais, eles não falaram nada sobre o curso que escolhi ou qualquer outra coisa. Eu deveria compartilhar esse momento de mudanças da minha vida com eles, mas, devido às circunstâncias, só de ter conseguido o dinheiro para a faculdade já está de bom tamanho. Isso já mostra o mínimo de apoio deles. O único detalhe é que, como ainda moro na casa deles, preciso seguir o acordo de discrição. Confesso que estou quase no meu limite, mas eu e Melissa estamos muito bem e é aquela história: colocando na balança, os meus momentos com a Mel compensam toda essa aflição que vivo com a minha família.

Enfim, hoje peguei o meu carro e fui para a casa da minha namorada. Cheguei lá buzinando. Ela ficou super animada quando viu quem era.

— Que rica você — ela disse sorrindo, enquanto se apoiava na janela do meu carro.

— Se eu fosse rica, estaria em uma Mercedes agora. — Também dei risada.

— Pelo menos você tem um carro. — Melissa deu de ombros.

— Quer dar uma voltinha?

— Nem precisa perguntar.

Ela entrou dentro do carro e me beijou com certo desespero. Ela conseguiu me pegar de surpresa.

— Ei, amor — falei e recuei um pouco. — Isso tudo é saudade de mim? — brinquei e nós duas rimos.

— Sim, tô com muita saudade de você. — Ela acariciou o meu rosto.

Melissa tinha ido viajar e voltou há uns dois dias atrás, mas eu estava resolvendo coisas da universidade e acabei não conseguindo ir vê-la.

— Percebi — falei e dei um selinho demorado nela. — Quer ir pra onde?

— Você não tem que ir pra universidade? — Ela arqueou uma sobrancelha.

— Tenho, mas você também, né?

— Sim, mas meus pais vão me levar, amor. Primeiro dia de aula, sabe como é, né? Eles querem participar desse momento.

— Tudo bem.

Inconscientemente, acabei ficando mais séria. A Mel reparou e beijou a minha bochecha.

— Desculpa, Am. Eu sei que você também queria que seus pais estivessem com você, pelo menos hoje. — Ela fez um biquinho. — Eu me sinto tão culpada por isso.

— Melissa, nem começa, ok? — Tentei cortá-la.

— Mas amor, você sabe que se não fosse por mim, você estaria bem com seus pais.

— Quantas vezes eu preciso te dizer que você é a melhor coisa que aconteceu comigo? Você não tem culpa de nada. — Olhei em seus olhos. — Eu fiz as escolhas que achei necessárias pra ficar com você. Agora, se não quer mais ficar comigo, só fala.

— Não é isso, Am. — Revirei os olhos.

— Não é, mas parece.

Ficamos em silêncio por um tempo.

— Desculpa, ok? — ela pediu.

— Relaxa, eu entendo seu lado.

Suspiramos juntas. Eu precisava ir embora, mas eu não queria deixar o clima daquele jeito.

— Amor? — chamei.

— Oi.

Eu me aproximei dela e comecei a beijar sua bochecha. Melissa abriu um sorriso lindo.

— Eu te amo muito — sussurrei em seu ouvido.

— Eu também te amo muito, Am.

E aí nós nos beijamos. Eu estava com tanta saudade daquele beijo. Eu queria muito algo a mais, mas não era possível no momento. Ainda bem que a minha namorada tinha tido a mesma linha de pensamento que eu.

— Depois nós podemos inaugurar esse carro — ela disse com um olhar malicioso.

— Quero uma inauguração especial, senhorita Montgomery. — Eu me aproximei de seus lábios, mas não a beijei.

— Pode deixar que vou pensar em algo muito gostoso. — O tom arrastado dela me deixou arrepiada, além de que ela também se aproximou do meu pescoço e deu vários beijinhos.

— Você vai me manter aqui desse jeito — brinquei e ela riu.

— Vou te deixar ir, amor.

Nós nos despedimos com mais um beijo. Assim que ela desceu do carro, bateu a saudade. Eu queria tanto poder passar um tempo com ela aquela tarde, mas eu precisava ir para as aulas da faculdade. Liguei o carro e fui em direção a Universidade de Atlanta.

Como os cursos são em períodos integrais, vamos passar o dia inteiro lá. Hoje só não foi assim porque foi o primeiro dia. Enfim, não vi a Mel e não teremos nenhuma aula juntas. Triste, não é mesmo? Ela decidiu fazer História e seguir os passos de sua mãe. Ela também terá aula de Ciências Humanas, mas não comigo, por isso que é triste. Mas enfim, vamos nos adaptar a isso.

Até outro dia, amigo...

O Diário de Amelia HastingsOnde histórias criam vida. Descubra agora