O Diário de Amelia Hastings

Cap. 29 - We make up without a fight...

06/04/2017

Querido Charlie,

Hoje está sendo um dos piores dias da minha vida. Por quê? Porque pela primeira vez eu e Melissa brigamos. E a culpa foi minha. Isso é o pior.

Fui para a escola. Na hora do intervalo, a Mel sempre fica comigo, mas hoje ela não fez isso. Fiquei esperando. Procurei ela por cada canto daquele pátio, nos banheiros e nada da minha namorada. Se ela tivesse ido embora, teria me avisado. Já estava ficando preocupada, mas aí eu vi ela descendo as escadas com uma menina chamada Lucy. Eu já tinha ouvido que ela era bissexual, então não dava para descartar que ela poderia estar interessada na Mel. Aí você pode pensar: mas então quer dizer que a Melissa não pode ter uma amiga mulher e bi? Não é isso, Charlie. É só que as duas pareciam estar em um assunto muito interessante, andando praticamente grudadas uma na outra. Na hora, eu senti uma raiva tão grande. Lembro que pensei "por que ela está falando com essa menina ao invés de ficar comigo?". Até onde eu sabia, elas não eram amigas, mas Melissa parecia super à vontade com aquela menina, o que fez minha raiva aumentar.

Antes de se afastarem, Lucy fez um carinho no ombro da Mel e a minha namorada sorriu. Eu apenas cruzei os braços e fiquei esperando Melissa me ver. Assim que ela fez isso, sua expressão mudou completamente e parecia preocupada. Eu devia estar com uma aparência muito brava.

— Am...

— Onde você estava? — Meu tom de voz mostrava minha irritação.

— Amor, calma.

— Melissa, onde você estava? — repeti.

— Conversando com a Lucy.

— E você acha isso a coisa mais normal do mundo? — debochei.

Ela me olhou como se eu estivesse errada.

— Sim — Melissa respondeu e deu de ombros. — Ela queria minha ajuda e eu estava ajudando.

— Desde quando são amigas?

— Amy, para com isso. Você sabe que converso com todo mundo e tento ajudar quem precisa. Sempre fiz isso, não vou parar agora.

— Por que não me avisou? — Um nó foi se formando na minha garganta.

— Eu estava quase descendo as escadas quando ela me puxou pra sala dela e disse que queria falar comigo.

— Você poderia ter me avisado. — Minha voz já estava mais aguda que o normal e eu lutava contra aquela raiva. — Você tem noção de como eu espero a hora do intervalo pra ficar mais perto de você? Era só ter mandado uma mensagem, Melissa.

— Amor, desculpa. Eu não tive tempo...

— Você não teve tempo para mim, ok.

— Am, não é assim. Por favor, me escuta.

— Não quero ouvir nada. Tchau, Melissa.

Tentei passar por ela.

— Amelia, para. — Ela me segurou pelo braço e parecia preocupada.

— Me solta! — Saiu um pouco mais alto do que eu queria e ela me olhou assustada.

Mathew viu que as coisas iam sair do controle e veio em nossa direção.

— Meninas, calma — ele disse na maior calma possível. — Melissa, solta a Amy.

A Mel me soltou. Ela me olhava com uma expressão de dor e de sem acreditar no que estava fazendo. Lembrar disso dói, mas na hora eu só queria sair de perto dela. Algumas pessoas olhavam para nós, mas eu nem ligava. O sinal tocou e eu quase corri para chegar na minha sala. Mathew veio atrás de mim.