Cap. 25 - Oh no, there you go, make me a liar...

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24/11/2016

Querido Charlie,

Hoje é dia de Ação de Graças. Eu e meus pais fomos para a casa do tio George. Lá, encontramos vários outros familiares. Os Hastings podem passar o ano inteiro sem se ver, mas, nas festas de fim de ano, lá estão todos reunidos com a pose de família perfeita, tentando sair como superiores em qualquer mínima discussão que tivesse. Isso é super chato e incômodo. Só eu sei a raiva que estava passando pelas minhas veias quando tive que encarar todas aquelas pessoas. Sabe o que é você ter que fingir que está tudo bem? Meu pai estava me tratando como se nada estivesse acontecendo, como se eu fosse a filha perfeita. Eu, como parte daquele acordo ridículo, precisava agir como ele queria.

Estávamos eu, Richard e Katherine parados em um canto da festa quando a minha tia Lorena, irmã do meu pai, se aproximou de nós e disse:

— Uau, Amelia. Como você cresceu. — Ela sorriu e me deu um rápido abraço.

— Faz tempo que você não vê ela — meu pai disse e deu uma leve risada. — A cada dia, Amelia está mais responsável, mais apta para a vida adulta. — O tom de superioridade do meu pai me irritou um pouco.

— Já sabe que carreira seguir? — a tia Lorena perguntou para mim.

— Vai ser advogada como nós — meu pai respondeu e eu respirei fundo para não perder a paciência.

Na verdade, o que eu quero fazer é Psicologia. Eu não me imagino cursando Direito. Mais uma decepção na vida dos meus pais.

— Por que não deixa a Amelia falar? — Lorena questionou e segurei o sorriso. Ela era a minha tia favorita.

— Eu sou o pai dela. Sei da vida da minha filha.

— Mas eu quero ouvir a minha sobrinha. — Ela estendeu a mão para mim. — Vamos ali?

Assenti e segurei a mão dela. Fomos para um outro canto daquela sala.

— Ele sempre te sufoca assim? — ela perguntou e tinha uma certa preocupação em seu olhar.

— Meus pais sabem o que é melhor pra mim — falei sem a menor vontade.

— Amy, tem alguma coisa acontecendo?

Pensei: "tudo começou quando eu falei que namoro uma menina. Meu pai quer ter algum controle na minha vida nas festas de família graças ao meu irmão. Só isso", mas respondi:

— Nada. Ele gosta de se exibir. — Dei de ombros.

— Olha, eu também não gosto dessas reuniões de família. Vamos passar por isso juntas, ok?

— Ok. — Sorri para ela.

Comecei a ficar mais perto dessa minha tia. Ela é incrível. Eu não podia falar para ela sobre a real situação da minha vida, mas conversamos sobre muitas coisas e consegui me distrair bastante. Estava tudo na maior paz, até que a minha mãe se aproximou com a tia Mary, pessoa na qual eu não gosto. A tia Lorena foi chamada pelo meu pai e tive que ficar sozinha com duas pessoas que eu tinha certeza que não viriam com bons assuntos.

— Docinho, que saudade de você — tia Mary disse e eu tive que resistir ao impulso de revirar os olhos. Odeio quando ela me chama assim. — Como está a vida?

"Uma montanha russa de momentos felizes e tristes. Esse, com certeza, não é um momento feliz", pensei.

— Está tudo ótimo, tia — respondi. — E a sua?

— Ah, sabe como é, vivo para meu marido e meus filhos. Daqui a pouco é você nessa vida. — Tia Mary riu escandalosamente. — Alguns dias são bem desafiadores, mas você vai dar conta.

O Diário de Amelia HastingsOnde histórias criam vida. Descubra agora