08/06/2018
Querido Charlie,
Oi, amigo. Desculpa o sumiço. Eu estou tentando viver um dia de cada vez. Eu ando meio sumida pelo mesmo motivo de antes: estou cheia de coisas para fazer. Só que às vezes é impossível não pensar nela. Esses dias, foi aniversário dela. Foi em um sábado. Depois de fazer o que eu tinha que fazer, fui para a casa dos meus sogros. Cheguei lá e eles não pareciam estar nada bem. Claro, né? Era dia do aniversário da filha deles, mas ela não estava ali presente. Não era por motivos como os meus. Nem sei se os meus pais vão se importar com o meu aniversário.
Enfim, Melissa continua em coma. Mais ou menos 2 meses e meio sem ela. Sigo com várias coisas para fazer para não deixar a minha mente desocupada. Não quero ficar pensando tanto nisso. Não quero ficar sofrendo mais do que já estou. Como eu já disse antes, quando estou sozinha, no meio da noite, ela vem nos meus pensamentos e eu tento segurar as lágrimas. Não estou abandonando ela, que isso fique claro. Sei que preciso ser mais forte e acreditar que a qualquer momento ela vai sair dessa situação. Também sei que não posso fugir da dor e que isso só vai me fazer mal. Está sendo bem difícil achar o equilíbrio das emoções...
Eu preciso dela, Charlie. Melissa é a melhor pessoa desse mundo. Por que isso foi acontecer com ela? O que eu fiz para merecer isso? Se ela não acordar, o que eu vou fazer, amigo? Eu estou tão perdida.
Até outro dia, Charlie...
19/09/2018
Querido Charlie,
Ainda estou na mesma situação: Melissa em coma e eu tentando ocupar a minha mente com outras coisas. Já tem seis meses sem o meu amor. Não teve um dia em que eu não pensei nela. Às vezes, eu fico sem esperança e pensando se eu devo ou não seguir a minha vida, mas aí eu olho para o tempo e penso que não é hora de pensar nisso. Seis meses é muita coisa? Talvez, mas são só seis meses. Não sei explicar, Charlie. Decidi que preciso de terapia. Chegou um ponto que eu não estou mais conseguindo suportar isso sozinha. Eu tenho Mathew e Lauren, até a Cameron vem falar comigo algumas vezes, mas acho que preciso de ajuda profissional. Eu preciso de alguém que me oriente de alguma forma. Meus amigos são maravilhosos, mas não posso jogar essa responsabilidade para cima deles. Então, hoje eu comecei a terapia. Minha psicóloga é uma fofura. Vou contar como foi.
Antes de descer do carro, respirei fundo e lembrei do porquê de estar ali. Apesar de querer me formar em Psicologia, eu nunca tinha estado na situação do paciente. Comecei a pensar na Mel e quase chorei dentro do carro. Às vezes, eu me repreendo por agir dessa forma. Ela não está morta. Só está "dormindo". Enfim, estou tentando pensar da forma mais positiva possível.
Cheguei no consultório. O ambiente era bem calmo e tranquilo. Sentei e fiquei esperando a minha vez. Depois de uns 20 minutos, finalmente fui atendida.
— Amelia Hastings? — a psicóloga me chamou.
— Eu — respondi e entrei na sala.
— Bem vinda! Sou a Ashley, provavelmente você já sabe, mas enfim. Fique à vontade.
Sentei em um dos sofás da sala e olhei para Ashley. Pelo que eu vi, ela tem 32 anos, mas nem parece. Parece ser bem mais nova e tem um sorriso contagiante. Eu me perguntei "será que quando eu me formar as pessoas vão ficar pensando nessas coisas?". Enfim, começamos a conversa.
— Bom, o que te traz aqui? — ela perguntou. — Está confortável para conversar ou precisa de mais um tempo?
Respirei fundo. Eu não sabia muito bem por onde começar, mas tentei.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Diário de Amelia Hastings
RomansAmelia Hastings é uma menina criada dentro da tradicionalidade de sua família. No ensino médio, ela conhece Melissa Montgomery e tudo o que ela pensava será colocado à prova. Amy terá que decidir entre sua felicidade e seu conforto. Como será que tu...