Cap. 30 - But loving you had consequences...

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29/07/2017

Querido Charlie,

Hoje foi um dia meio complicado. Analisando as datas, você percebeu o que era para acontecer hoje? Bom, mesmo que saiba, vou explicar. Eu e Melissa deveríamos estar completando um ano de namoro se não fosse por aquela interrupção de quando ela quis me proteger desse problema que estou vivendo com os meus pais. Eu sei que faz um tempinho que não escrevo, mas já expliquei o porquê.

Só para te atualizar um pouquinho, apesar do acordo de discrição, os meus pais estavam determinados a me fazer desistir da Mel. Quando eles viram que não tinha jeito, começaram a se distanciar de mim e eu tenho que me virar aqui em casa. Não jantamos mais juntos, não assistimos mais TV juntos, resumindo, não fazemos mais nada juntos. Somos três estranhos vivendo na mesma casa. É uma situação que eu não gosto, mas não quero abrir mão da minha namorada, que a cada dia só me dá motivos para sorrir, porque os meus pais não aceitam. Porém, especialmente hoje, parei para pensar em tudo isso e comecei a me sentir mal. Pela primeira vez, eu coloquei a culpa na Mel por tudo o que está acontecendo na minha casa. Nem acredito que senti isso. Pensar dessa maneira fez com que eu me sentisse pior ainda, afinal, ela não tem culpa. Eu escolhi ficar com ela e enfrentar tudo. Mas enfim, vamos aos detalhes do dia de hoje.

Eu sempre quero ver a minha namorada, mas hoje eu só queria distância. Eu precisava de um tempo sozinha para organizar os meus pensamentos. Eu e ela sempre conversamos por mensagem e acho que a Mel estranhou que eu não tinha respondido ela desde que acordei. Quando olhei no celular, tinha umas 50 mensagens dela. Eu não podia ignorá-la dessa forma, então resolvi respondê-la.

A: "Mel, eu não tô muito bem hoje, desculpa..."

M: "Ok, amor. Se quiser conversar, tô aqui! E desculpa pelo monte de mensagens, é que fiquei preocupada. Só queria um sinal de vida seu"

Respirei fundo e pensei em explicar tudo. A Mel sempre é muito compreensiva e sempre entende o meu lado. Por isso, decidi abrir o jogo.

A: "Mel, você sabe o que era para acontecer hoje, né?"

Alguns minutinhos depois, após ver muitos "digitando" e sem receber uma resposta, finalmente ela respondeu.

M: "Sim"

A: "Demorou tanto pra responder só isso?"

M: "Eu não sei o que dizer, Am. Podemos ir pra algum lugar e conversar?"

A: "Eu não quero te ver hoje"

Fui bem direta e me arrependi assim que mandei aquela mensagem. Uma parte de mim sabia que tudo aquilo era exagero meu, mas seria bom conversar com a Mel. Afinal, nós combinamos de sermos sinceras uma com a outra sobre qualquer coisa e sentimento.

M: "Eu entendo"

Como sempre, ela entende tudo. Eu queria ser mais como ela e conseguir entender sempre os dois lados das coisas, mas não, eu não consigo ser assim. Ainda lembro do dia em que explodi com ela porque fiquei com ciúmes. Como apenas visualizei a conversa, ela me mandou outra mensagem.

M: "Acho que você também não quer falar comigo, né? :("

Nesse momento, eu realmente não sabia o que fazer. Eu queria ficar sozinha, mas, de repente, comecei a pensar que eu estava agindo com muita imaturidade. Ela é a pessoa que eu amo, certo? Então por que eu estava daquele jeito? Liguei para ela.

— Mel? — chamei.

— Oi, Am.

— Vem me ver? — perguntei com a voz mais manhosa que consegui.

O Diário de Amelia HastingsOnde histórias criam vida. Descubra agora