Cap. 48 - My love is like a star...

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19/12/2018

Querido Charlie,

Já é quase Natal. Faltam cinco dias para essa data que eu sempre gostei muito, mas que esse ano não está me trazendo nem um pingo de felicidade. A única pessoa que poderia ressignificar essa data não está aqui para me ajudar. Falando nela, preciso te contar do sonho que eu tive. Foi tão real e assustador, Charlie, que estou com medo até agora. Vou explicar.

No sonho, eu estava dormindo e acordei com uma luz muito forte no meu rosto. Tentei abrir os olhos, mas fechei rapidamente. A luz não me permitia enxergar. Eu só sabia que estava deitada e que tinha alguém do meu lado. Eu não sabia quem era, então comecei a ficar assustada.

— Oi, Am — a pessoa disse e eu reconheci na hora quem era: Melissa.

Desesperadamente, abri os meus olhos e me obriguei a aguentar aquela iluminação extremamente forte. Eu precisava ver ela. Precisava ver aqueles olhos, aquele sorriso. Então, consegui. Melissa passou uma mão no meu rosto.

— Você é tão linda dormindo — ela disse.

Consegui focar no rosto da Mel e eu pude ver aqueles olhos, aquele sorriso, aquela carinha fofa que ela fazia toda vez que eu estava precisando de um abraço dela. Comecei a chorar de emoção.

— Por que está chorando, meu amor? — ela perguntou e eu tentei me controlar para respondê-la.

Melissa começou a fazer carinho no meu cabelo e parecia ser tão real. Eu realmente estava sentindo aquele toque.

— Porque você tá aqui, mas ao mesmo tempo não tá — respondi e chorei mais.

— Eu tô aqui, Am. — Melissa segurou a minha mão e a levou até o seu rosto. — Consegue sentir?

Eu já tive vários sonhos em que eu estava consciente, mas esse foi diferente. Era como se ela realmente estivesse ali. Desde que ela entrou em coma, os meus sonhos com ela eram sempre como flashbacks e não com coisas novas. Acho que é por isso que eu estava tão emocionada.

— Consigo — respondi.

Ela sorriu e beijou a minha mão.

— Eu te amo tanto — minha namorada disse.

— Também te amo muito, Mel — consegui sussurrar.

Cheguei mais perto e me aconcheguei nos braços dela. A luz já não estava mais tão forte. Olhei o ambiente e percebi que estava no meu quarto, na casa dos meus pais. Olhei confusa para Melissa.

— O que foi, amor? — ela perguntou.

— Porque estamos aqui?

— Bom, você cresceu aqui. Eu quis escolher um ambiente confortável pra você.

— Escolher? Para o quê? — Fiquei curiosa.

— Queria conversar com você, Am. — Sua expressão era séria.

— Sobre?

— O futuro. — Melissa sorriu rapidamente.

— Você vai acordar? — perguntei e ela fez uma expressão de dor.

— Não sei, mas não pense nisso agora, ok? — Mais uma expressão de dor da minha namorada e ela colocou a mão no peito.

— O que foi, Mel? — Comecei a ficar preocupada.

— Nada — ela respondeu rapidamente. — Amelia, preciso que me escute.

— Pode falar.

— Eu não sei se um dia vou acordar ou se vou conseguir sobreviver. — Ela fez outra cara de dor. — Mas preciso saber se você vai ficar bem se isso acontecer. Preciso saber se você vai aproveitar a sua vida. Preciso saber se você vai estar aberta a novos amores, novas possibilidades.

O Diário de Amelia HastingsOnde histórias criam vida. Descubra agora