Cap. 18 - I will survive...

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13/10/2016

Querido Charlie,

Hoje finalmente tomei coragem e coloquei o meu plano em ação. Finalmente contei para os meus pais que eu amo uma menina e que namorava ela. Eles ficaram perplexos, chocados, aparentemente com raiva, decepcionados, quase jogaram uma Bíblia em cima de mim e pediram para Deus me libertar desse pecado. Pois é, Charlie. Não foi fácil. Vou contar os detalhes.

Ao sair da escola, fui para o parque. Aquele lugar me traz boas lembranças. Quando eu era uma criança inocente de todas as perversidades do mundo, minha mãe me levava ali e eu brincava com o Mathew. Foi assim que nasceu nossa amizade. Ele é como um irmão para mim. Além das minhas recordações da infância, foi naquele lugar que Melissa me pediu em namoro. Pensei em ir até o nosso local secreto. Talvez me desse mais coragem, mas resolvi sentar em um banco e ver o tempo passar. Comi um hot-dog e tentei ler um livro, mas não consegui. Meu nível de adrenalina estava muito alto. Resolvi ir até o tal do lugar em que eu e Melissa nos encontrávamos. Fui. Cheguei lá e sentei perto de uma árvore. Apesar de todos os sentimentos envolvidos, aquele lugar me trazia paz. Ali eu vivi momentos incríveis. Para viver aquilo de novo, eu faria de tudo. Comecei a repassar tudo o que eu deveria falar para meus pais.

"Você vai entrar na sala, vai dizer que tem algo importante para dizer. Eles vão te dar aquele olhar de 'espero que sejam boas notícias' e você vai contar o que sente. Vai dizer que ama uma menina e que só terminou o namoro por não ter coragem de se assumir. Vai tentar explicar tudo para eles, mas provavelmente não vai conseguir."

Parei. Isso era loucura demais, mas podia ser o único jeito de ter Melissa de volta. Era isso que me movia: ter a minha namorada do meu lado. Sem ela, eu estava perdida.

Fiquei o dia inteiro no parque só pensando em tudo o que estava acontecendo na minha vida. Voltei para casa quando percebi que meus pais já estariam lá. Tinha que ser em uma tacada só ou eu não conseguiria. Respirei fundo e comecei a caminhar para casa. Pensei em desistir de tudo, não falar nada e continuar a viver na paz do meu lar, mas eu não aguentava mais olhar todos os dias para Melissa e saber que não podia tocá-la. Ela me fazia feliz de um jeito tão bom.

Eu tinha que fazer aquilo. Por ela.

Cheguei em casa, vi o carro dos meus pais. Subi as escadas em direção a porta. Abri. Meus pais estavam sentados no sofá. Fui direto para a cozinha e bebi água. Achei que ia passar mal de tão nervosa que eu estava. Meu coração batia de um jeito devagar e forte (pensa numa sensação ruim! Parece que você vai morrer). A água me acalmou um pouco. Minha mãe notou o meu estado e foi aí que eu resolvi que era a hora. Não podia mais esperar.

— Filha, você parece nervosa. Tudo bem? — ela perguntou, com preocupação.

Respirei fundo. Eu precisava tentar levar a situação na calma.

— Sim — respondi. — Eu só preciso falar com vocês. É um assunto sério.

— Pode falar, filha — meu pai disse.

Respirei fundo de novo. O nervosismo tomava conta do meu corpo e me fazia tremer. Bebi mais um pouco de água e comecei a falar.

— Não vou enrolar. — Terminei de beber a água. — Eu tinha uma namorada, mas ela terminou comigo porque eu não sou assumida. — As palavras saíram rapidamente da minha boca. — Agora, quem não quer esconder sou eu e... bom, não tô dizendo que sou lésbica, mas enfim. Eu gosto de uma menina e é isso.

Enquanto eu falava, meus pais me olhavam com confusão. Quando terminei, meu pai foi o primeiro a se pronunciar:

— Espera, namorada? Mulher? Eu ouvi direito, Amelia? — Ele me olhou como se não estivesse mais me reconhecendo e eu assenti.

O Diário de Amelia HastingsOnde histórias criam vida. Descubra agora